Resumo do livro: O que é psicanálise de Fábio Herrmann.
Fábio Herrmann nasceu em 11 de julho de 1944 em São Paulo, formou-se em
medicina em 1968 na USP (Universidade de São Paulo), ingressou em 1971
no instituo de psicanálise da sociedade Brasileira de psicanálise em São
Paulo. Em 1976 recebeu o titulo de doutor em medicina pela UNICAMP
(universidade estadual de campinas). Herrmann passou pela presidência da
Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP), pela
Federação psicanalítica da América Latina (FEPAL) e por outros postos
científicos da Associação Psicanalítica Internacional (IPA). Fábio
Herrmann escreveu algumas obras entre elas o livro “o que é psicanálise”
da coleção primeiros passos.
No livro “o que é psicanálise” Fábio Herrmann começa falando um pouco
sobre o ser humano, segundo ele o ser humano é um tanto estranho e
absurdo. O ser humano quando nasce e depois de longo tempo são incapazes
e indefesos, não sabem comer sozinhos, não sabe defender-se do frio e
ainda pode sonhar que esta comendo e por algum tempo se contentar com
isso, a alucinação. O homem almeja bens matérias para se satisfazerem,
mais na realidade nunca alcançaram tal realização, talvez por não
saberem o que realmente quer. “As maquinas funcionam hoje quase como
gente, as pessoas quase como maquinas”.
Fabio Herrmann fala um pouco sobre o método da psicanálise, relata sobre
o que um psicanalista faz, o que estuda e o que analisam. Ele nos
mostra que através da analise é possível ouvir o que o paciente fala e o
que fala por trás de suas palavras. O que o paciente fala pode estar
cheio de significados que nem ele mesmo imagina. Para se fazer uma boa
análise é necessário que se faça uma junção de diversas coisas que o
paciente pode expressar, o paciente fala de algo que lhe aconteceu
ontem, fala de um detalhe no consultório, tosse, faz uma piada e etc.
isso tudo deve ser analisado em conjunto e não aos pedaços como uma
pessoa de senso comum provavelmente se interessaria a ouvir. Esse tipo
de atenção do analista Freud nomeou de “atenção flutuante”.
Na parte onde Herrmann fala sobre o inconsciente, ele relata que existe
uma matriz para nossas emoções, a que chamamos desejo. É através do
inconsciente que o analista consegue descobrir sentidos emocionais das
pessoas.
Através dos desejos ou forças pulsionais apresentam as necessidades do
organismo e de seu psiquismo, tais como fome, sexo, curiosidade e etc.
O inconsciente é regido por pulsões sexuais. Onde muito das pulsões é de
origem infantil. São desejos que na fase adulta já não se pode nem
pensar, por que talvez viole as normas da civilização ou contrariaria os
impulsos mais importantes. Esses impulsos do inconsciente são impedidos
de aparecer de forma consciente. A proibição de apresentar uma pulsão
consciente se da o nome de repressão, se for muito completa chama-se
recalque. A repressão impede que a idéia de um impulso apareça no
consciente, contudo esse prazer ou desprazer que esta ligado a
representação não dá pra sufocar. O afeto que esta ligado a essa idéia
recalcada passa, mais passa de forma disfarçada e é então simbolizado
por outra representação ou idéia. Segundo Freud ter acesso a idéia
original, causaria muito desgosto.
Os sonhos, os atos falhos e as neuroses podem ser uma forma de representação para o reprimido.
O sonho também pode ser uma forma de interpretar desejos do
inconsciente, segundo Freud os sonhos estão cheios de sentidos, através
dos sonhos é possível analisar acontecimentos do dia anterior, e também
pode haver relação com modos infantis do sujeito. Um sonho pode
representar muitas coisas fundidas através de uma pessoa ou uma
situação, esse processo foi nomeado por Freud como “condensação”. Às
vezes um pequeno detalhe no sonho pode ser o elo principal para sua
interpretação. A história que se constrói pela interpretação chama-se
“conteúdo latente do sonho” aquilo que o sonho efetivamente mostra é o
“conteúdo manifesto”.
O conteúdo latente é o significado de origem inconsciente apresentado
através de cena visual, no caso dos sonhos. O conteúdo manifesto é o
conteúdo que se dá através das imagens oníricas.
Entre o inconsciente e o consciente está o pré consciente, este é o
lugar onde teoricamente esta as representações que não estando
consciente, pode vir a estar, é o lugar do esquecido, do guardado, basta
quer para torná-lo consciente.
Fabio Herrmann trás através de seu livro a segunda tópica de Freud onde
ele fala sobre o id, o ego e o super ego. O id é um substrato de onde
provêm as pulsões, o inconsciente, o id é a instância original da
psique. Pra Freud ao nascer o individuo é puro id, com o passar do tempo
e as cobranças da realidade esse individuo desenvolve uma espécie de
organização secundária, essa organização seria o ego. Toda consciência
cabe ao ego, ele é o responsável pelo contato com o ambiente, com a
realidade externa, pela percepção, atividade, juízo e etc. Mais o ego
não é só consciência, há funções inconscientes no ego. A terceira
instância o super ego, é uma parte bem diferenciada do ego, tão
diferenciada que chega a se contrapor. O super ego é uma espécie de
sensor do ego, estimula o que se deve processar e proíbe o resto. O
super ego age como uma consciência moral, no entanto para Herrmann o
inconsciente é um fundamentalmente inconsciente e imoral.
O id supre a energia pulsional, que o ego, autorizado pelo super ego,
transforma em pensamentos conscientes. Diante de uma pulsão do id que o
super ego desaprova, o ego vê-se pensando entre exigências impossíveis
de serem inteiramente satisfeitas. Se a pulsão for aceita e posta em
ação conscientemente, o super ego ira condenar o ego em forma de
angustia e sentimento de culpa. E se a pulsão for impedida continuara a
insistir e pedir passagem para o consciente. Por isso é necessário um
acordo, o ego deixa que o id passe de forma disfarçada, o super ego
fecha um pouco os olhos, o id cede quando a forma e todos ficam felizes.
O ego esta dividido entre o id e o super ego e ainda as exigências do
mundo externo.
Antes da psicanálise consideravam a sexualidade como o ato sexual
propriamente dito, na psicanálise a palavra sexual é muito extensa em
seu significado, e esta ligada aos desejos, não só os sexuais.
Há libido investida em todos os atos psíquicos. Libido quer dizer sobre a
energia sexual. A mente em sua evolução é um processo psicossexual,
entende-se melhor esse processo através do desenvolvimento infantil.
A primeira fase é a fase oral, o prazer não esta ligado essencialmente a
recepção dos alimentos e sim a sua relativa passividade, de uma boca
aberta para engolir o mundo circundante. Não existe noção de partes para
o bebê ele e seio de sua mãe formam totalidade. Na fase oral existe a
fase oral-passiva ou receptiva, tudo esta para ser engolido ou
rejeitado, com o aparecimento da dentificação, essa forma passiva se
torna mais agressiva, morde, mastiga e etc. essa é a fase sádico-oral.
Na fase anal é um momento de evolução infantil, a criança expulsa e
retém as fezes, que nessa fase é muito mais que sujeira. A criança é
recompensada por evacuar na hora e no local indicado e é punida por não
fazer de tal forma. O prazer de soltar e reter perdura por toda a vida,
não necessariamente ligada as fezes.
Não só a fase anal, mais todas as outras vividas na infância ficam
registradas as marcas características das fases e de como elas foram
vividas.
Existem prazeres orais, como beijar, fumar, comer e etc. não diferente
da fase anal, o prazer pode estar ligado tanto na doação, quando na
produção, como na sensação de se livrar de coisas ruins e perigosas.
Quando há problemas com as fases o desenvolvimento do individuo fica
comprometido, a criança provavelmente fixara a fase onde ela teve boa
satisfação. Isso se chamara na psicanálise “ponto de fixação”.
Essa fixação pode ser visível no caráter do individuo. Na fase oral
receptivo, alia-se certa passividade, como se o mundo estivesse sempre a
servi-lo e satisfazê-lo em primeiro lugar. No caráter oral-sádico, há
certa agressividade insaciável, sempre atacando para conseguir o que
quer, mais destruindo e desaproveitando o que consegue. O prazer
expulsivo da fase anal leva a um caráter violento, que tende a desprezar
os outros e a expulsar de si todos os aborrecimentos. A fase anal
retentiva é o contrario, há certa cautela excessiva, timidez, respeito,
temor por ordens e etc.
Por seguinte se da à fase fálica mais ou menos entre os 3 e os 5 anos,
nela o interesse erótico concentra-se nos órgãos genitais. E há
masturbação.
O objeto de amor agora são os pais, na fase oral o objeto sexual é a mãe
e agora será o genitor do sexo oposto (ou não). Nessa fase o menino
anseia a mãe e odeia o pai e virse e versa. Essa fase triangular
carregada de ciúmes é conhecida como complexo de Édipo.
O menino ao se sentir ameaçado a perder seu precioso órgão genital, que a
cada reprovação ou castigo parece ameaçar, ele renuncia ao uso do pênis
por um tempo, em troca deixa a rivalidade com o pai e trata de
imitá-lo, identifica-se com as qualidades do pai e torna-se homenzinho.
Com as meninas dá-se algo mais complicado, primeiramente seu amor
inicial era a mãe, que ofereceu-lhe todo cuidado inicial, agora a menina
tem que mudar de direção. Quando a menina consta as diferenças sexuais,
quando vê seu irmão ou amiguinho, cria-se uma teoria, lhe esta faltando
esse órgão que é tão valorizado, o pênis, não por não ter, mais por que
talvez tenha perdido ou ainda não se tenha desenvolvido, a menina culpa
a mãe por tamanha desagradável condição e dirige seu amor ao pai. Por
isso diz-se que o menino sai do complexo de Édipo através da castração
enquanto a menina entra. Ambos os sexos é forçado a aceitar a castração e
renunciar o seu desejo pelos pais.
O temor a castração pode ser tão terrível que o menino talvez renuncie
precipitadamente ao genitor do sexo oposto, oferecendo-se por medo,
aquele do mesmo sexo como objetivo de amor. O complexo de Édipo
invertido fundamenta os quadros de homossexualidade.
No período de latência a criança volta sua atenção para outras coisas,
estudos e brincadeiras. O período de latência dura ate a puberdade.
Renasce ai os interesses eróticos, e com substitutos dos pais, esta é a
fase genital propriamente dita.
O desenvolvimento da personalidade pode culminar em estados mentais
diferentes, algumas anormalidades psíquicas, como neuroses, perversões e
psicoses.
Os sintomas são geralmente, manifestação da angustia, forma comum de
sintoma de angustia são as fobias. Um elevador, uma multidão, baratas,
ratos e etc. certas condições provocam um medo extremo, insuportável, é
como se simbolizassem perigos internos. Ou a angustia se manifesta de
forma intensa, crises de ansiedade, onde a pessoa se debate, chora e ri
descontroladamente, terminando numa espécie de desmaio, onde há então
completa perda de consciência. Os sintomas podem ser também de forma
sintomáticas, paralisias, dores, tosse, tiques e etc. E sempre inexistem
lesões orgânicas que justifiquem os sintomas. Os sintomas representam
simbolicamente as pulsões proibidas e o esforço para controlá-la. Um
exemplo de paralisia no braço pode estar ligado ao impulso de se
masturbar, com a proibição de fazê-lo. Isso acontece por que o afeto que
esta ligado a pulsão sexual não pode ser reprimido, o que é reprimido é
a representação, o ato sexual, esse afeto é extravasado como angustia,
ou alimenta movimentos compulsivos, gestos paralíticos e etc.
No todo o livro fala sobre vasta introdução de algumas obras do Freud,
onde é possível compreender de forma mais simples e também superficial
essas terias tão complexas, é possível perceber que apesar dele
expressar essas idéias de forma simplista, em nenhum momento banalizou o
assunto, sempre dando grande importância as teorias que é de
entendimento complexo.
Fábio Herrmann conseguiu deixar claramente maior parte do livro,
trazendo as idéias de Freud de uma forma mais simples, mais que ainda
assim em alguns poucos momentos se torna um pouco confusa suas idéias.
Referçencia:
HERRMANN, Fábio. O que é psicanálise. São Paulo: Abril cultural: Brasiliense, 1984. (Coleção primeiros passos; vol. 12)