Pesquisando sobre o que escrever nesta semana, deparei-me com uma página na internet onde os jovens fazem perguntas abertas sobre qualquer assunto. A página que mais me chamou atenção foi a que continha perguntas relacionadas ao sexo. Eram mais de 180 páginas e cada uma tinha 20 questões!
Fiquei a pensar: nunca nossa sociedade teve tanta facilidade na busca de informação sobre qualquer assunto, mas percebo que na contramão dessa busca fácil está a dificuldade das pessoas terem conhecimento sobre o que buscam.
A quantidade de questionamentos deixa clara que os jovens, embora tenham a informação à mão, muitas vezes não conseguem transformá-la em conhecimento. Falha a família, falha a escola… falham as instituições.
Dos muitos questionamentos selecionei um, que me chamou atenção pela segurança aparente e pelo “grito de socorro” implícito.
O rapaz contava que havia feito sexo com a namorada no dia do questionamento. Tinha certeza que tudo estava bem, mas uma pulguinha atormentava sua tranquilidade. Vamos ao questionamento:
“Fiz sexo com minha namorada duas vezes. Na primeira, o esperma estava todo no reservatório, a camisinha não furou nem nada. Na segunda, ela teve o orgasmo, e a gente continuou normalmente pra eu ter também, só que a camisinha tava muito seca e tava doendo para ambos, então eu tirei e minha namorada fez sexo oral pra eu terminar. Depois mais tarde a gente ficou se esfregando, eu fiquei colocando a cabeça do pênis na calcinha, esfregando. Tenho praticamente certeza que não entrou nem um pouco, mas nessas esfregadas eu devo ter passado um pouco do pênis na entrada da vagina dela e etc (mas isso foi tipo um tempão depois das duas transas). Gente, eu tô com 99% tranquilo que não deu nada, mas mesmo assim queria confirmações e suas opiniões para ficar mais tranquilo. Ela estava fértil quando transamos e fizemos tudo que eu descrevi, mas como disse, foi tudo mais que de boa. Só confirmem pra mim: não há praticamente nenhum risco de gravidez, né? Praticamente nulo…?”
Preocupei-me mais quando vi a resposta dos outros jovens. A maioria afirmava que era impossível a garota estar grávida, só se fosse de outro!
Não sou médica, nem da área médica… mas na vida conheci algumas garotas que engravidaram exatamente assim.
Independente da questão Médica, o que me chamou a atenção é o despreparo da moçada para viver sua sexualidade de forma segura.
O que observo, sem a intenção de generalizar, é que educação sexual dos nossos jovens, embora tenhamos tantos pais também jovens e aparentemente liberais, ainda é cercada de tabus e segredos.
Precisamos rever isso com urgência. Sexo é algo natural e deve ser vivido com plenitude, com segurança, com afetividade.
Quando falo em afetividade, não quero falar de sentimento de afeto, mas de um conceito mais amplo que na Psicanálise significa ver o outro com os olhos da alma, com a plenitude dos sentidos, estando inteiro naquele momento e naquela relação, cuidando, respeitando e se doando ao outro, na intensidade e na igualdade que queremos receber.
Pais, precisamos melhorar o diálogo com nossos filhos. Precisamos entendê-los como seres biológicos, que possuem desejos, inicialmente mais físicos do que emocionais, mas nem por isso vamos deixar de educá-los emocionalmente.
Sim, emoção se educa! E isso se faz com bons exemplos, com diálogo aberto, com proximidade e afetividade em seu sentindo mais amplo.
Se continuarmos fingindo que nossos jovens filhos são assexuados, correremos o risco de vê-los correndo sérios riscos… físicos e emocionais!
Pensem nisso. Se você tem reservas em conversar com seu filho sobre sexo, busque entender o que acontece com você… porquê o medo, a vergonha e a resistência? Tente entender suas emoções e o que as motiva. Tente também se lembrar de seus sentimentos quando começou a viver sua sexualidade. E se preciso for, busque ajuda para superar seus conflitos e ajudar seu filho a viver com segurança mais esta fase do desenvolvimento humano! Com certeza eles não dirão… mas no fundo, agradecerão.