O que realmente importa mora dentro de nós!
O que realmente importa mora dentro de nós, o resto são expectativas alheias. De um dia para o outro as coisas podem mudar. Vivemos entre o susto e a sorte. Voam-se minutos, horas, dias e, de repente, já se foi mais um fim de ano. O tempo passa tão rápido que muitas vezes nem conseguimos notá-lo.Deixamos para depois muitas coisas que podíamos fazer agora. Como perdoar alguém, escrever uma carta e pedir desculpas. Como, simplesmente, ouvir um desconhecido. O tempo também passa inexorável às nossas dúvidas e receios. E a compreensão de que o tempo está passando nos traz o silêncio do vazio. Porque o silêncio nos fala o que não temos, ou o que perdemos. O vazio é um poema que ainda não foi escrito.
O vazio está naquela pessoa que ainda não amou alguém de verdade, ou que não conseguiu ter um filho, ou que perdeu os seus pais. Também está na pessoa que fica insegura por não encontrar algumas respostas enquanto se passam os melhores anos de sua vida. Como se os sonhos que a encorajam a declamar o alvorecer de cada dia, curiosamente, passassem a ter medo da escuridão, e da falta de inspiração. Mas, enquanto a vida corre, é que descobrimos nossos erros e acertos, e, entre eles, aprendemos quem somos de verdade.
Olhamos nosso avesso para não ficar procurando o sentido das coisas; então, aprendemos simplesmente a senti-las. Sentimos dor, amor e nossas próprias incertezas. Sentimos o peso do tempo se tornar mais leve. Quero ser o luar da minha solitude, e a andorinha que voa em minha esperança. Para ampliar a solidão em cores e sons, quero amanhecer em mim. Manoel de Barros nos ensina a transver o mundo: “O olho vê, a lembrança revê, e a imaginação transvê”.
É preciso reinventar a vida, apesar das dificuldades. As guerras existem e a morte está por todo lado, como um sertão de tristezas. Mas, por mais difícil que possa parecer, ‘desaprisionar’ a alma é criar um lugar só nosso para preenchê-lo de vazios. Porque, como disse o poeta, o vazio é um espaço infinito, à espera de novas possibilidades e de uma imaginação livre. Mesmo que nada dure para sempre, a vida continua para os que ficam. E a cada passagem da vida, não somos mais os mesmos. Estamos sempre nos reinventando. Queremos ficar sós e juntos. Somos momentos de fim e recomeço. Somos o que temos e o que não temos, mas, sobretudo, somos o que damos uns para os outros" Rebeca Bedone