Intuição, dom ou função?
Intuição vem do latim, intueri, que significa olhar, ver. É o ato de ver, de perceber clara e imediatamente uma verdade sobre alguma coisa, sem interrupção do raciocínio. Uma percepção, uma sensação, um sentimento, um conhecimento, um anúncio etc.. .
Considerada o sexto sentido por muitos, é um atributo ou função inerente a todos os indivíduos. Embora se tenha a idéia de que ela é mais feminina do que masculina, ambos os sexos a tem igualmente.Não é um dom místico, uma inspiração divina ligada a qualquer religião. Todos nós somos capazes de tê-la ou até desenvolvê-la.
A intuição pode ser definida como um conhecimento que surge sem o uso da lógica ou da razão, ou ainda, um conhecimento que queima etapas. Não é necessário se conhecer todas as premissas, para se chegar a uma conclusão. Aquilo brota na consciência, sem dúvidas ou subterfúgios.
Pode aparecer sob a forma de sonhos, sensações, conhecimento puro, insights ou explosões de criatividade etc… Como flashes que alertam sobre o perigo e indicam a saída mais propicia para algum impasse.
Os mais céticos acreditam que essas impressões momentâneas são apenas fruto da imaginação. Ou ainda, que somos incapazes de lembrar daquilo que intuímos errado. Guardamos somente o que deu certo e reportando aos outros, como uma forma de nos vangloriarmos de nossa qualidade superior as das demais pessoas.
É o método filosófico por excelência. Segundo a dialética platônica, primeiramente temos a intuição de uma idéia (intuição primária) e num segundo momento, fazemos um esforço crítico para esclarecê-la (intuição propriamente dita). Segundo Descartes, existiriam três métodos: o pré-intuitivo, que tem o objetivo de alavancar a intuição; o analítico que leva à intuição e o intuitivo propriamente dito, método primordial da filosofia.
Para filosofia podemos defini-la como um meio de se chegar ao conhecimento, que se contrapõe ao conhecimento discursivo. Consiste num ato do espírito, que prontamente, se lança sobre o objeto, o apreende, o fixa, o determina. Vale tanto quanto uma visão, uma contemplação.
Existem em várias formas: sensível, imediata ou direta; espiritual, visão do espírito; intelectual, uso das faculdades mentais; emotiva ou emocional e a volitiva ou da vontade.
Já para a psicologia, o conhecimento se dá através de três perspectivas: a intuitiva, que usa o senso comum e o pensamento intuitivo para chegar à resposta mais certa; a dedutiva, que usa a especulação lógica e filosófica para encontrar uma resposta mais razoável e a indutiva, que usa métodos científicos para reunir fatos novos para dar a resposta mais provável.
Duas questões acompanham as discussões sobre a intuição: 1. A necessidade de experiência ou conhecimento acumulado sobre determinado assunto ou objeto, que permitiria um melhor acesso à intuição; 2. Apenas um relaxamento, uma percepção apurada, uma manifestação espontânea daria acesso a conteúdos intuitivos.
Do ponto de vista fisiológico, ela ocorre no córtex pré-frontal, uma das estruturas cerebrais que demora mais a madurecer. Isto pode explicar porque os indivíduos mais jovens tomam decisões sem pensar, sem intuir.
Como nos sonhos, capta de forma simbólica, flashes ou fragmentos da realidade. Os seus símbolos devem ser interpretados e organizados numa forma ou visão coerente. A interpretação dos sonhos já foi apontada como uma das técnicas que propicia o desenvolvimento da intuição.
Atualmente, as empresas estão a valorizando como sumamente importante, para a tomada decisão, em todos os níveis, especialmente, no gerencial. Portanto, indivíduos considerados intuitivos, possuem alto valor no mercado empresarial.
Carl G. Jung, fundador da Psicologia Analítica, postulou que a intuição utiliza a psique para discernir sobre fatos e pessoas. Seria uma das quatro maneiras de se entender o mundo e a realidade ou uma das quatro funções psicológicas básicas. Junto com isso, essas funções seriam vividas de duas maneiras ou atitudes – extrovertida ou introvertida. Não existiria casos puros e essas atitudes se alternariam de modo excludente, as duas não ocorriam simultaneamente. A personalidade de cada um se manifestaria através da combinação de uma função dominante e outra auxiliar, com outras duas mais fracas e da predominância de uma dessas duas atitudes.
A intuição para Jung seria uma forma de processar as informações em termos de experiência passada, objetivos futuros e processos inconscientes. Pessoas intuitivas dariam significado às percepções com grande rapidez, sem separar suas interpretações dos dados sensoriais, relacionando automaticamente a experiência passada, a imediata e a futura.