domingo, 3 de março de 2013

Universo particular

Patologia

Universo particular


A Síndrome Asperger se revela nos mais íntimos complexos humanos - no olhar, no gosto e na relação social -, o que não impede, contudo, o percurso de uma vida normal

Por Marcelo Jucá



shutterstock

Quando Ubiratan foi informado de que seu filho, então com 3 anos, deveria recorrer a acompanhamento médico ou terapêutico, pois de forma alguma ele conseguia se relacionar com os colegas e participar das atividades escolares, o susto foi tremendo. Preocupado, trocou o menino de escola, optando por uma que oferecesse apoio psicológico para as crianças. Logo no começo, conversou com os profissionais e professores a respeito das dificuldades que o filho enfrentava.
Mas bastaram poucos meses para que todos chegassem ao consenso de que o problema estava além da simples socialização e envolvia outras dificuldades que somente um especialista poderia cuidar. A grande dúvida era qual profissional procurar, pois até o momento ninguém sabia qual era o problema. O garoto era quieto, não se relacionava com outras crianças e dificilmente olhava nos olhos de seus interlocutores. E mais, tinha uma adoração especial por trens.
Depois de muitas idas e vindas a diferentes profissionais, um neuropediatra conseguiu fechar o diagnóstico. Síndrome de Asperger, um tipo de autismo (ver quadro Autismo e Asperger) que se desenvolve, principalmente, em crianças do sexo masculino, apesar de ninguém ainda saber exatamente o que origina seu problema.
A Síndrome Asperger se revela nos mais íntimos complexos humanos – no olhar, no gosto e na relação social –, o que não impede, contudo, o percurso de uma vida normal
Os “aspies” – como se autodenominam os portadores da síndrome – não apresentam nenhum traço físico aparente da doença e possuem inteligência tão desenvolvida quanto a sua ou a minha. Suas dificuldades de comunicação são confundidas muitas vezes como mera timidez, enquanto, na verdade, enfrentam problemas de primeira ordem relacionados à sociabilidade, compreensão da linguagem e interesse exclusivos por determinados assuntos, o que abala as estruturas convencionais na formação de vínculos com a sociedade
Marcelo Jucá é jornalista e colabora com esta publicação

Para saber mais
Autismo e AspergerDe acordo com o psiquiatra Ami Klin, autismo e sín­drome de Asperger são duas patologias diferentes, apesar de semelhantes em alguns sintomas. Como define o especialista, “autismo e síndrome de Asperger são entidades diagnósticas em uma família de transtornos de neurodesenvolvimento nos quais ocorre uma ruptura nos processos fundamentais de socialização, comunicação e aprendizado. Esses transtornos são coletivamente conhecidos como transtornos invasivos de desenvolvimento.”
A escolha de grande maioria de médicos e psicólogos se referir a Asperger como “um tipo de autismo” se diz em razão do conhecimento prévio que se tem do autismo e de seus sintomas, o que justifica a compreensão mais fácil do público leigo.
Como consequência, da infância até a vida adulta, são potenciais vítimas de bullying e podem apresentar tendências depressivas e tornarem-se sedentários, entre outros problemas que dependem do indivíduo e do meio social que o cerca. Tudo isso se eles enfrentarem as dores sozinhos. O papel dos pais é de extrema importância nesse percurso e, como salienta a neurologista Carla Gikovate, todos os portadores da síndrome podem aprender tudo, ter um trabalho, beijar a namorada e ter uma vida normal. “Meu filho, hoje com 6 anos, é um exemplo disso”, orgulha-se o pai Ubiratan, que o vê enfrentar diariamente seus abismos internos.

Retrato da nova geração

Cinema

Retrato da nova geração

Gossip Girl é um seriado repleto de inversão de valores morais, de crueldade e perversão, disfarçados em moda, glamour, dinheiro e alta sociedade

Por Eduardo J. S. Honorato e Denise Deschamps



Imagens: DivulgaçãoToda geração tem um seriado que representa sua juventude com maior fidedignidade. Desde Barrados no Baile até Dawson’s Creek, passando por temáticas grupais da adolescência, em que essa fase do desenvolvimento humano é mostrada com suas conflitivas típicas. Nada mais natural entender essa fase tão complexa do desenvolvimento humano.Com Gossip Girl não é diferente, mas o que chama atenção é sua temática central: perversão. O núcleo do seriado está em uma suposta “fofoqueira” que usa seu site, redes sociais e os serviços de telefonia celular (SMS) para espalhar intrigas e segredos, praticando anonimamente o que se chama hoje de ciberbullying.

A banalização de temas como mentira, traição, chantagem, desonestidade, entre outros, é constante; mesmo assim, a série já está no seu quinto ano de exibição, possuindo fãs de todas as idades.

TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE
Ao longo dos episódios acompanhamos a vida de um grupo de milionários de Manhattan, Nova York. A princípio são apenas mais um quarteto de riquinhos e mimados, mas com o desenrolar da trama é possível perceber a distorção de valores que se construiu nessa sociedade do consumo desenfreado. Esses exageros apresentados no seriado nos fazem questionar fatores importantes na formação de personalidade, tais como família, bom senso, respeito, individualidade e verdade, e até que ponto perdemos esses referenciais. O fundo dessa questão é o mundo adulto, partido, perdido, tão desorientado que não atua mais como um modelo possível. Se formos analisar, o mundo inteiro sem barreiras etárias vive de forma muito homogênea as questões do momento, e, como diria a psicanalista Maria Rita Kehl, a juventude obedece e sublinha (polariza e aumenta) os padrões de seus pais.

Se entendemos “personalidade” como aquilo que “somos”, que nos constitui, incluindo comportamentos, sentimentos, ações e maneiras como percebemos e lidamos com o outro, compreendemos que a formação dessa personalidade, ou estrutura, se dará ao longo dos anos. Um processo gradual, complexo e contínuo, que se inicia na infância e reafirma na adolescência, chegando à fase adulta como um padrão consistente de relação com o meio. Aqui entenderemos os papéis então que a família, religião, valores e educação teriam nessa equação.

"A BANALIZAÇÃO DE TEMAS COMO MENTIRA, TRAIÇÃO, CHANTAGEM, DESONESTIDADE, ENTRE OUTROS, É CONSTANTE; MESMO ASSIM, A SÉRIE JÁ ESTÁ NO SEU QUINTO ANO DE EXIBIÇÃO, POSSUINDO FÃS DE TODAS AS IDADES"

Imagens: Divulgação
O dinheiro e a fama são temas abordados na série, mostrando que ao estarem em evidência na vida dos personagens deixam uma lacuna de valores morais e éticos
Imagine então um cenário onde crianças muito ricas, sem qualquer parâmetro de valores, moral, sem cuidados ou figuras parentais presentes constroem suas personalidades patologicamente. Bingo.... temos um ambiente mais do que propício para o que chamamos de “transtornos de personalidade”.

PADRÃO DE COMPORTAMENTO
Nos primeiros anos do seriado temos esses jovens ainda em formação, e muito pode ser entendido como “fase” ou “passageiro”. Porém, ao adentrarem a faculdade e atingirem a maioridade percebemos que esse padrão dos nossos personagens se mantém, caracterizando como personalidades com prejuízo na adaptação e relação com o meio, causando sofrimento psíquico para eles e principalmente para aqueles que os cercam.

Estamos aqui falando especificamente do famoso quarteto de Upper East Side: Blair Wardolf, Serena van der Woodsen, Chucky Bass e Nate Archibald. A cada episódio é notável como a maneira que expressam suas emoções (afeto), o comportamento social, funcionamento interpessoal e suas percepções de si e dos outros está totalmente alterada e mal adaptada. Todos têm grande falha de caráter e são danosos a si mesmos e àqueles que os cercam. Talvez representem o que chamamos de Cluster B, ou Grupo B, dos transtornos de personalidade, classificados no DSM-IV-TR. São dramáticos, imprevisíveis e irregulares. Este é um dos grupos mais comuns nos consultórios e talvez o mais fácil de ser reconhecido, dada a complexidade e instabilidade que o nosso meio proporciona. Muito confundidos com “rebeldes”, são inconstantes, egoístas, dramáticos, sedutores, manipuladores, imprevisíveis e não sabem ouvir um “não” como resposta. De meninos e meninas mimados, tornaram-se adultos com falhas graves de caráter.
Imagens: Divulgação

Eduardo J. S. Honorato - Psicólogo e psicanalista. Denise Deschamps - Psicóloga e psicanalista. Autores do livro Cinematerapia: Entendendo conflitos. Participam de palestras, cursos e workshops em empresas e universidades sobre este tema. Coordenam o sitewww.cinematerapia.psc.br





"O FUNDO DESSA QUESTÃO É O MUNDO ADULTO, PARTIDO, PERDIDO, TÃO DESORIENTADO QUE NÃO ATUA MAIS COMO UM MODELO POSSÍVEL. O MUNDO SEM BARREIRAS ETÁRIAS VIVE DE FORMA MUITO HOMOGÊNEA AS QUESTÕES DO MOMENTO"

Para incrementar esse drama, algumas vítimas adentram a história. Rufus Humpfrey e seus dois filhos, Dan e Jenny, se mudam para a cidade. Dan é mais velho, portanto mais estável e menos influenciado por toda a tentação que o dinheiro atrai. Não podemos dizer o mesmo de Little Jenny, que está reafirmando sua personalidade e mesmo com sua base familiar sólida se deixa levar pelo nosso quarteto perverso.

http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/74/artigo250047-1.asp

O existencialismo em Jean-Paul Sartre

O existencialismo em Jean-Paul Sartre

Influenciado pelas guerras e mudanças que marcaram o mundo no século XX, Sartre formula uma nova teoria existencialista na qual o homem tem total responsabilidade por suas escolhas

POR ISAIAS KNISS SCZUK



Jean-Paul Sartre nasceu em 1905 em ean-Paul Sartre nasceu em 1905 em Paris e morreu em 1980. Viveu 75 Paris e morreu em 1980. Viveu 75 anos do século X X, anos estes em anos do século X X, anos estes em que o mundo foi marcado, de modo que o mundo foi marcado, de modo geral, por inúmeras transformações, as geral, por inúmeras transformações, as quais contribuíram para a construção de quais contribuíram para a construção de um novo modo de ser da humanidade. um novo modo de ser da humanidade.
De 1914 a 1918 ocorreu a Primeira Guerra Mundial, período de muitas mortes. Nesse momento surgem armas sofisticadas, tais como gases asfixiantes, balas explosivas, metralhadoras, tanques e canhões. Fo i o p eríodo da juventude de Sartre.
Com 15 anos, em 1920, Sartre sai de casa para estudar. Os seus 20 anos foram de grande entusiasmo e florescimento da v ida social, numa Europa que acabava de sair de uma guerra. Em 1924, Sartre ingressou no curso de Filosofia da Escola Normal Superior, que, além de formar professores secundários, constituía um centro de discussão filosófica e política. Sartre foi um aluno muito interessado, especialmente pelas aulas de Alain (1868–1951), que dedicava atenção particular à discussão do problema da liberdade. Nos corredores da escola ou nos cafés, travavam-se apaixonados debates entre estudantes. Nesse ambiente, o jovem Sartre conheceu Simone de Beauvoir (1908–1986), “uma moça bem comportada”, a qual foi uma das figuras mais importantes de sua v ida e que o acompanhou até a morte.
Declarar-se existencialista implicava um “não-seiquê” de provocação, de escândalo, um pouco como uma rebeldia, uma indisciplina

Ao término do curso de Filosofia, em 1928, Sartre prestou ser viço militar, na cidade de Tours, exercendo a função de meteorologista. Depois disso, em 1930, voltou a Paris. Após uma breve estada na capital francesa, obteve uma cadeira de Filosofia numa escola secundária do Havre, cidade portuária. Atraído pela Fenomenologia, Sartre solicitou uma bolsa de estudos para passar um ano em Berlim (1933), onde, além da doutrina de Husserl, o jovem professor francês investigou as teorias existencialistas de Heidegger, Karl Jaspers e Max Scheler, que aprofundavam as idéias de Kierkegaard sobre a angústia e o vazio da existência humana. No espírito de Sartre, começava a amadurecer uma nova Filosofia, misto de Fenomenologia e Existencialismo. Em Berlim, Sartre presenciara a ascensão de Hitler e do nazismo. De volta à França encontrara uma atmosfera agitada; pouco depois, assistia à vitória da Frente Popular e à crise política social de 1936. Nesse mesmo ano, explodia na Espanha uma guerra civil (1936–1939). Nessa época, os existencialistas reuniam- se nos cafés, exprimindo seu ódio ao nazismo e ao fascismo.
ACERVO CIÊNCIA & VIDA
Sartre estudou teorias existencialistas que aprofundavam as idéias de Kierkegaard (imagem) sobre a angústia e o vazio da existência humana
Ao eclodir a Segunda Guerra Mundial (1939–1945), Sartre tinha 34 anos e foi convocado para servir como meteorologista, atuando no fronte de Lorena. Em 21 de junho de 1940, fora tomado como prisioneiro, ficando encarcerado até o fim de março de 1941, quando conseguiu escapar, graças a um estratagema. Sartre falsificou seus documentos, fazendo-se passar por um doente crônico. Diria depois que descobriu o sentido real da liberdade quando se encontrava por trás das cercas de arame farpado. A experiência de prisão produziu efeitos marcantes na mente de Sartre (sendo que, antes dessa crucial experiência, porém, suas idéias já tinham começado a sofrer modificações). Pela primeira vez sentia uma profunda comunhão com os outros homens. A perspectiva individualista, que até então mantivera, dissolvia-se numa idéia mais ampla de ação comum contra o opressor.
Em 1945, no término da Segunda Guerra Mundial, Jean-Paul Sartre emergia como uma das grandes figuras intelectuais e políticas da libertação. Nesse mesmo ano, seu movimento Socialismo e Liberdade é dissolvido, pois correspondia apenas a uma necessidade da resistência. A nova tribuna passou a ser a revista Les Temps Modernes, fundada por Sartre, Merleau-Ponty, Raymond Aron, Simone de Beauvoir e outros nomes de projeção nas letras francesas. Para Sartre, tomar uma posição política implica respeitar a concepção existencialista da liberdade. Na famosa conferência O Existencialismo é um Humanismo (1946), Sartre explica que a liberdade do indivíduo não deve permitir uma fuga das responsabilidades políticas; ao contrário: justamente por ser livre, o homem é responsável e deve ser julgado por seus próprios atos.
IMAGENS ACERVO CIÊNCIA & VIDA
Imagens da Primeira Guerra Mundial. Sartre (1905-1980) teve a infância marcada pela guerra, com muitas mortes e armas de destruição. Logo depois do confronto, sai de casa para estudar e encontra o entusiasmo da vida social em uma Europa em reconstrução
A produção intelectual de Sartre foi muito marcada pela Segunda Guerra Mundial e pela ocupação nazista na França. Ele foi um exímio integrante do grupo da Resistência francesa, agiu sobre uma concepção política de engajamento. A noção de engajamento significa a necessidade de um determinado pensador estar voltado para a análise de situação concreta em que ele vive, tornando-se solidário nos acontecimentos sociais e políticos de seu tempo. Pelo engajamento a liberdade deixa de ser apenas imaginária e passa a estar situada e comprometida na ação.
SARTRE E O EXISTENCIALISMO
Terminada a Segunda Guerra Mundial, surge na Europa, como um esforço de sua reconstrução, o Existencialismo. Na segunda metade da década de 1940, dizer-se “existencialista” não era pouco. Era bem mais que professar uma Filosofia, um credo, era, sobretudo, adotar uma atitude. Não é difícil compreender que a geração que acabava de conhecer horrores da guerra fosse naturalmente pessimista, ao mesmo tempo inconformada. Declarar-se existencialista, implicava um “não-sei-quê” de provocação, de escândalo, um pouco como uma rebeldia, uma indisciplina. As pessoas, mesmo sem entender o termo, sentiam-se provocadas e lhe atribuíam apanágios negativos, entendiam o Existencialismo como atitude proibida e profana.
Sartre, em sua conferência, O Existencialismo é um Humanismo, proferida e publicada em 1946, defende, diante das questões de alguns católicos e marxistas, que o Existencialismo não se trata de uma Filosofia pessimista, contemplativa e passiva. Sartre concebe o Existencialismo como uma doutrina que torna a vida humana possível e, por outro lado, declara que toda verdade e toda ação implicam um meio e uma subjetividade humana. Ele diz que a maior parte das pessoas que utilizam o termo “Existencialismo” ficariam bem embaraçadas se tivessem que explicá-lo, pois essa palavra tinha assumido uma tal amplitude e extensão que já não significava absolutamente nada. Mas Sartre afirma que o Existencialismo é uma doutrina menos escandalosa e a mais austera; e destina-se exclusivamente aos técnicos e aos filósofos. No entanto, pode definir-se facilmente.

"Não tenhas medo de confrontos. Até mesmo os planetas se chocam no céu, nascendo novas estrelas.”

                       
"Não tenhas medo de confrontos. Até mesmo os planetas se chocam no céu, nascendo novas estrelas.”



                                   

Repressão – Freud 1915.


Texto: Repressão – Freud 1915.


Freud declara que “A teoria da repressão é a pedra angular sobre a qual repousa toda a estrutura da psicanálise”.
Existem algumas resistências que procuram tornar inoperante um impulso instintual, sendo assim, ele se passa para o estado de “repressão”. “A repressão é uma etapa preliminar da condenação, algo entre a fuga e a condenação”.
É necessário considerar que em certas circunstancias, o prazer de satisfazer um instinto se transforma em um tipo de desprazer, que tal satisfação seria invariavelmente agradável em si mesma, embora irreconciliável com outras reivindicações e intenções, causando prazer em um lugar e desprazer em outro.
A repressão não surge nos casos em que a tensão produzida pela falta de satisfação de um impulso instintual é elevada a um grau insuportável (ex. não reprimimos a fome porque ela chegou a um grau de “sofrimento”). A essência da repressão consiste em afastar determinada coisa do consciente, mantendo-a a distância. 
Repressão primeva – uma primeira fase de repressão, que consiste em negar entrada do representando psíquico do instinto no consciente.
Repressão propriamente dita: Segunda fase da repressão, afeta os derivados mentais do conteúdo reprimido, quando o instinto sofre algumas associações de idéias e por conta disso, ele originalmente também é reprimido e “substituído” por esses outras associações.
Funciona como uma repressão posterior.
A repressão não impede que o representante do instinto continue a existir no incs, se organize, de origem a derivados e estabeleça ligações. Na verdade a repressão só interfere na relação do representante instintual com o cs.
O representante instintual “se prolifera no escuro”, assumindo formas extremas de expressão mesmo estando fora do cs.
Quando se formam derivados suficientemente afastados do representante reprimido- quer devido à adoção de distorções, quer por causa do grande numero de elos intermediários inseridos, eles terão livre acesso ao cs. Tudo isso se passa como se a resistência do cs contra eles constituísse uma função da distancia existente entre eles e aquilo que foi originalmente reprimido.
Na clínica psicanalítica, o paciente faz as associações até ser levado de encontro a pensamentos cuja relação com o reprimido fique tão óbvia, que force a repetir sua tentativa de repressão.
Via de regra a repressão só pode ser removida temporariamente, reinstalando-se imediatamente.   
O processo de repressão não deve ser encarado como um fato que acontece uma única vez, produzindo resultados permanentes.
Podemos supor que o reprimido exerce uma pressão continua em direção ao cs., de forma que essa pressão pode ser equilibrada por uma contrapressão incessante.
O conteúdo reprimido também é mobilizado durante o sono, permitindo a produção dos sonhos.
O instinto pode se reprimir de duas maneiras: Ou ele é inteiramente suprimido, de modo que não se encontre qualquer vestígio ou aparece como um afeto que pode estender para outros derivados ou transformado em ansiedade.
Se uma repressão não conseguir impedir que surjam sentimentos de desprazer e de ansiedade, pode-se dizer que ela falhou essas repressões que “falham” exercerão maior influencia sobre nosso interesse do que qualquer outra que possa ter sido bem sucedida, já que na maioria das vezes, escapará ao nosso exame.
O mecanismo de repressão não coincide com o mecanismo da formação de substitutos.
Existem numerosos e diferentes mecanismos de formação de substitutos.
Os mecanismos de repressão têm pelos menos uma coisa em comum: uma retirada da catexia de energia.
Na histeria da ansiedade, o impulso instintual sujeito a repressão é uma atitude libidinal para com o pai, aliado ao medo dele.Após a repressão, esse impulso desaparece da cs, substituindo o pai por algum outro objeto (um animal por ex.) O resultado é um medo desse “animal”, em vez de uma exigência de amor feita ao pai.
Na histeria de conversão existe uma extensa formação de substitutos e é completada pela formação do sintoma.
Na neurose obsessiva, existe a duvida quanto ao que se deve considerar como sendo o representante instintual sujeito a repressão uma tendência libidinal ou hostil – pois a tendência sádica foi substituída por uma afetiva. É esse impulso hostil contra alguém que é amado que se acha sujeito a repressão.

Coleção "Entendendo" lança quadrinho sobre Freud!


Coleção "Entendendo" lança quadrinho sobre Freud!

Coleção "Entendendo" lança quadrinho sobre Freud!

Oi Pessoal!
A editora Leya está lançando quadrinhos sobre Freud, Jung, Psicanálise, Zizek e outros assuntos!
Os quadrinhos estão bem legais e vale a pena dar uma olhada.
Escrevi uma resenha sobre o quadrinho do Freud e do Zizek para o site Pipoca e Nanquim, quem se interessar dê uma lida para saber mais sobre a coleção.

Abraço,
Diego Penha

Verbetes Instinto, Sadismo e Masoquismo, Vocabulário da Psicanalise, Laplanche e Pontalis.


Verbetes Instinto, Sadismo e Masoquismo, Vocabulário da Psicanalise, Laplanche e Pontalis.


Resumo dos Verbetes Instinto, Sadismo e Masoquismo, Vocabulário da Psicanalise, Laplanche e Pontalis.

Instinto:
Esquema de comportamento herdado filogeneticamente.
Termo utilizado por psicanalistas ingleses ou franceses para traduzir o termo freudiano Trieb
ü  O termo Trieb provém da obra freudiana seria traduzido como pulsão, um termo muito diferente de instinto, com implicações também diferentes.
ü  Freud originalmente utiliza o termo instinkt para determinar os instintos dos animais
Masoquismo:
Perversão sexual em que o prazer está ligado ao sofrimento ou a humilhação a que outro é submetido.
Freud amplia a dimensão do significado de masoquismo para além da perversão considerada pelos sexólogos, descrevendo termos do masoquismo em comportamentos sexuais seja na sexualidade adulta ou infantil, e no masoquismo moral em que o sujeito tem uma postura de vitimização causada por um sentimento de culpa inconsciente.
ü  Em O problema econômico do masoquismo Freud propõe três tipos de masoquismo, o erógeno que embora pareça à forma a que normalmente nos referimos ao masoquismo (Encontro de prazer sexual na dor), na verdade é a condição  encontrada na base do masoquismo que seria a culpa inconsciente por algo que gera a necessidade de punição, se encontra também no masoquismo moral, o masoquismo feminino em que o sujeito deseja ser colocado em uma posição feminina ou de subjugação, e o masoquismo moral já citado anteriormente.
ü  Há também as noções clássicas de masoquismo primário que Freud entende por um estado em que a pulsão de morte ainda é dirigida ao sujeito, entretanto é ligada pela libido e unida a ela. E o secundário que se constitui como um retorno ao sadismo.

Sadismo

O sadismo é uma perversão sexual que consiste em infringir dor ou humilhação a outros. A psicanalise vê o sadismo como manifestações encobertas principalmente infantis. O individuo pode sentir prazer em qualquer ato de violência não necessariamente sexual.

Elaborado por monitores Priscila M. Hernandes e Thamy O. Lelis, do grupo de monitores de psicanalise de Barueri da faculdade Pontifícia Universidade Católica de São Paulo do curso Psicologia.

RESUMO - Uma nota sobre o inconsciente na Psicanálise (1912)


RESUMO - Uma nota sobre o inconsciente na Psicanálise (1912)


Freud I - RESUMO - 2ª Unidade
Uma nota sobre o inconsciente na Psicanálise (1912) 
vol. XII - Obras Completas de Sigmund Freud.
           

- Neste texto Freud expõe o que os termos “consciente” e “inconsciente” significam na teoria psicanalítica.

Consciente
- concepção que está presente em nossa consciência
- nos damos conta

Latente
- conteúdos inconscientes
- não são conteúdos fracos
- conteúdos pré-conscientes – podem reaparecer na consciência a qualquer momento

Inconsciente
- concepção que não estamos cientes
- sua existência pode ser admitida devido a provas, como atos falhos, esquecimentos, sonhos, etc.
- conteúdos com caráter dinâmico, intensidade e atividade
- conteúdos que se mantêm fora da consciência

- Maneiras de verificar a distinção entre o consciente e inconsciente
            → Experimento de Bernheim com sugestão pós-sináptica: Enquanto o paciente estava em estado hipnótico, recebia uma ordem dada pelo médico. Embora não se lembrasse do que foi dito depois de despertar, em um determinado momento realizava a ordem lhe foi dada, de forma consciente, mesmo sem saber o motivo desta ação. Ou seja, a ordem ficou em estado latente ou inconsciente na mente do paciente e no momento determinado, veio à consciência, mas não em sua totalidade. Muitas outras idéias associadas a ordem dada permaneceram no inconsciente.
            → Fenômenos histéricos e outros naturais: A mente do paciente está repleta de idéias inconscientes. Os sintomas histéricos, por exemplo, procedem destas idéias, apesar do paciente não ter conhecimento disso. Mas estas podem ser detectadas e tornarem-se conscientes através do processo psicanalítico.

- Assim, tem-se que uma atividade pré-consciente (latente) passa para a consciência sem dificuldades e uma atividade inconsciente assim permanece e parece ficar isolada da consciência.
- Quando se tenta trazer uma idéia inconsciente à consciência, somos tomados pela ação da resistência. Desta forma, a idéia inconsciente fica excluída da consciência por forças vivas de defesa, que dificultam sua passagem de uma instância psíquica para outra.
- “A inconsciência é uma fase regular e inevitável nos processos que constituem nossa atividade psíquica” (p.283)
- Todo ato psíquico começa inconsciente, e pode permanecer assim, devido a ação das resistências, ou evoluir para a consciência.

- Freud faz uma ressalva a respeito da distinção entre a atividade pré-consciente e inconsciente bem como o reconhecimento da barreira que os mantêm separadas não são o resultado mais importante da investigação psicanalítica, mas sim os sonhos. “A psicanálise se fundamenta na análise dos sonhos e a interpretação deles constitui a obra mais completa que a jovem ciência realizou até o presente momento.” (p. 283)

- Formação onírica mais comum pode ser assim descrita:
            → Uma seqüência de pensamentos ocorridos durante o dia encontra vinculação com representantes inconscientes presentes desde a infância no inconsciente. Com a força do trabalho de elaboração onírica, estes pensamentos voltam a consciência, na forma de sonho. Para isso, três coisas aconteceram:
1)    Os pensamentos sofreram uma transformação, um disfarce pela ação de defesas inconscientes;
2)    Os pensamentos ocuparam a consciência em um momento que não poderiam;
3)    Uma parte do inconsciente, que não poderia fazer de outra maneira, surgiu na consciência  

- Mediante a investigação mais profunda sobre os processos da formação onírica, Freud pôde inferir que as leis inconscientes diferem amplamente daquelas aplicadas à consciência. E ressalva que seus estudos ainda não estavam completos em relação ao inconsciente, apesar de dizer que “ele pertence a um sistema de atividade psíquica merecedor de nossa plena atenção.” (p. 285)


Maio/2012 - Elaborado por Karina de Queiroz Bueno, Equipe de Monitores de Psicanálise - PUC/SP – Campus Barueri .