Exposição de experiências em Psicologia, espaço para discussões, informações para estudantes de psicologia sobre a realidade atual, questões típicas da área, trocas entre profissionais em atuação e acadêmicos.
domingo, 28 de outubro de 2012
sábado, 27 de outubro de 2012
Resumo do livro: O que é psicanálise de Fábio Herrmann.
Resumo do livro: O que é psicanálise de Fábio Herrmann.
Fábio Herrmann nasceu em 11 de julho de 1944 em São Paulo, formou-se em medicina em 1968 na USP (Universidade de São Paulo), ingressou em 1971 no instituo de psicanálise da sociedade Brasileira de psicanálise em São Paulo. Em 1976 recebeu o titulo de doutor em medicina pela UNICAMP (universidade estadual de campinas). Herrmann passou pela presidência da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP), pela Federação psicanalítica da América Latina (FEPAL) e por outros postos científicos da Associação Psicanalítica Internacional (IPA). Fábio Herrmann escreveu algumas obras entre elas o livro “o que é psicanálise” da coleção primeiros passos.
No livro “o que é psicanálise” Fábio Herrmann começa falando um pouco sobre o ser humano, segundo ele o ser humano é um tanto estranho e absurdo. O ser humano quando nasce e depois de longo tempo são incapazes e indefesos, não sabem comer sozinhos, não sabe defender-se do frio e ainda pode sonhar que esta comendo e por algum tempo se contentar com isso, a alucinação. O homem almeja bens matérias para se satisfazerem, mais na realidade nunca alcançaram tal realização, talvez por não saberem o que realmente quer. “As maquinas funcionam hoje quase como gente, as pessoas quase como maquinas”.
Fabio Herrmann fala um pouco sobre o método da psicanálise, relata sobre o que um psicanalista faz, o que estuda e o que analisam. Ele nos mostra que através da analise é possível ouvir o que o paciente fala e o que fala por trás de suas palavras. O que o paciente fala pode estar cheio de significados que nem ele mesmo imagina. Para se fazer uma boa análise é necessário que se faça uma junção de diversas coisas que o paciente pode expressar, o paciente fala de algo que lhe aconteceu ontem, fala de um detalhe no consultório, tosse, faz uma piada e etc. isso tudo deve ser analisado em conjunto e não aos pedaços como uma pessoa de senso comum provavelmente se interessaria a ouvir. Esse tipo de atenção do analista Freud nomeou de “atenção flutuante”.
Na parte onde Herrmann fala sobre o inconsciente, ele relata que existe uma matriz para nossas emoções, a que chamamos desejo. É através do inconsciente que o analista consegue descobrir sentidos emocionais das pessoas.
Através dos desejos ou forças pulsionais apresentam as necessidades do organismo e de seu psiquismo, tais como fome, sexo, curiosidade e etc.
O inconsciente é regido por pulsões sexuais. Onde muito das pulsões é de origem infantil. São desejos que na fase adulta já não se pode nem pensar, por que talvez viole as normas da civilização ou contrariaria os impulsos mais importantes. Esses impulsos do inconsciente são impedidos de aparecer de forma consciente. A proibição de apresentar uma pulsão consciente se da o nome de repressão, se for muito completa chama-se recalque. A repressão impede que a idéia de um impulso apareça no consciente, contudo esse prazer ou desprazer que esta ligado a representação não dá pra sufocar. O afeto que esta ligado a essa idéia recalcada passa, mais passa de forma disfarçada e é então simbolizado por outra representação ou idéia. Segundo Freud ter acesso a idéia original, causaria muito desgosto.
Os sonhos, os atos falhos e as neuroses podem ser uma forma de representação para o reprimido.
O sonho também pode ser uma forma de interpretar desejos do inconsciente, segundo Freud os sonhos estão cheios de sentidos, através dos sonhos é possível analisar acontecimentos do dia anterior, e também pode haver relação com modos infantis do sujeito. Um sonho pode representar muitas coisas fundidas através de uma pessoa ou uma situação, esse processo foi nomeado por Freud como “condensação”. Às vezes um pequeno detalhe no sonho pode ser o elo principal para sua interpretação. A história que se constrói pela interpretação chama-se “conteúdo latente do sonho” aquilo que o sonho efetivamente mostra é o “conteúdo manifesto”.
O conteúdo latente é o significado de origem inconsciente apresentado através de cena visual, no caso dos sonhos. O conteúdo manifesto é o conteúdo que se dá através das imagens oníricas.
Entre o inconsciente e o consciente está o pré consciente, este é o lugar onde teoricamente esta as representações que não estando consciente, pode vir a estar, é o lugar do esquecido, do guardado, basta quer para torná-lo consciente.
Fabio Herrmann trás através de seu livro a segunda tópica de Freud onde ele fala sobre o id, o ego e o super ego. O id é um substrato de onde provêm as pulsões, o inconsciente, o id é a instância original da psique. Pra Freud ao nascer o individuo é puro id, com o passar do tempo e as cobranças da realidade esse individuo desenvolve uma espécie de organização secundária, essa organização seria o ego. Toda consciência cabe ao ego, ele é o responsável pelo contato com o ambiente, com a realidade externa, pela percepção, atividade, juízo e etc. Mais o ego não é só consciência, há funções inconscientes no ego. A terceira instância o super ego, é uma parte bem diferenciada do ego, tão diferenciada que chega a se contrapor. O super ego é uma espécie de sensor do ego, estimula o que se deve processar e proíbe o resto. O super ego age como uma consciência moral, no entanto para Herrmann o inconsciente é um fundamentalmente inconsciente e imoral.
O id supre a energia pulsional, que o ego, autorizado pelo super ego, transforma em pensamentos conscientes. Diante de uma pulsão do id que o super ego desaprova, o ego vê-se pensando entre exigências impossíveis de serem inteiramente satisfeitas. Se a pulsão for aceita e posta em ação conscientemente, o super ego ira condenar o ego em forma de angustia e sentimento de culpa. E se a pulsão for impedida continuara a insistir e pedir passagem para o consciente. Por isso é necessário um acordo, o ego deixa que o id passe de forma disfarçada, o super ego fecha um pouco os olhos, o id cede quando a forma e todos ficam felizes. O ego esta dividido entre o id e o super ego e ainda as exigências do mundo externo.
Antes da psicanálise consideravam a sexualidade como o ato sexual propriamente dito, na psicanálise a palavra sexual é muito extensa em seu significado, e esta ligada aos desejos, não só os sexuais.
Há libido investida em todos os atos psíquicos. Libido quer dizer sobre a energia sexual. A mente em sua evolução é um processo psicossexual, entende-se melhor esse processo através do desenvolvimento infantil.
A primeira fase é a fase oral, o prazer não esta ligado essencialmente a recepção dos alimentos e sim a sua relativa passividade, de uma boca aberta para engolir o mundo circundante. Não existe noção de partes para o bebê ele e seio de sua mãe formam totalidade. Na fase oral existe a fase oral-passiva ou receptiva, tudo esta para ser engolido ou rejeitado, com o aparecimento da dentificação, essa forma passiva se torna mais agressiva, morde, mastiga e etc. essa é a fase sádico-oral.
Na fase anal é um momento de evolução infantil, a criança expulsa e retém as fezes, que nessa fase é muito mais que sujeira. A criança é recompensada por evacuar na hora e no local indicado e é punida por não fazer de tal forma. O prazer de soltar e reter perdura por toda a vida, não necessariamente ligada as fezes.
Não só a fase anal, mais todas as outras vividas na infância ficam registradas as marcas características das fases e de como elas foram vividas.
Existem prazeres orais, como beijar, fumar, comer e etc. não diferente da fase anal, o prazer pode estar ligado tanto na doação, quando na produção, como na sensação de se livrar de coisas ruins e perigosas.
Quando há problemas com as fases o desenvolvimento do individuo fica comprometido, a criança provavelmente fixara a fase onde ela teve boa satisfação. Isso se chamara na psicanálise “ponto de fixação”.
Essa fixação pode ser visível no caráter do individuo. Na fase oral receptivo, alia-se certa passividade, como se o mundo estivesse sempre a servi-lo e satisfazê-lo em primeiro lugar. No caráter oral-sádico, há certa agressividade insaciável, sempre atacando para conseguir o que quer, mais destruindo e desaproveitando o que consegue. O prazer expulsivo da fase anal leva a um caráter violento, que tende a desprezar os outros e a expulsar de si todos os aborrecimentos. A fase anal retentiva é o contrario, há certa cautela excessiva, timidez, respeito, temor por ordens e etc.
Por seguinte se da à fase fálica mais ou menos entre os 3 e os 5 anos, nela o interesse erótico concentra-se nos órgãos genitais. E há masturbação.
O objeto de amor agora são os pais, na fase oral o objeto sexual é a mãe e agora será o genitor do sexo oposto (ou não). Nessa fase o menino anseia a mãe e odeia o pai e virse e versa. Essa fase triangular carregada de ciúmes é conhecida como complexo de Édipo.
O menino ao se sentir ameaçado a perder seu precioso órgão genital, que a cada reprovação ou castigo parece ameaçar, ele renuncia ao uso do pênis por um tempo, em troca deixa a rivalidade com o pai e trata de imitá-lo, identifica-se com as qualidades do pai e torna-se homenzinho.
Com as meninas dá-se algo mais complicado, primeiramente seu amor inicial era a mãe, que ofereceu-lhe todo cuidado inicial, agora a menina tem que mudar de direção. Quando a menina consta as diferenças sexuais, quando vê seu irmão ou amiguinho, cria-se uma teoria, lhe esta faltando esse órgão que é tão valorizado, o pênis, não por não ter, mais por que talvez tenha perdido ou ainda não se tenha desenvolvido, a menina culpa a mãe por tamanha desagradável condição e dirige seu amor ao pai. Por isso diz-se que o menino sai do complexo de Édipo através da castração enquanto a menina entra. Ambos os sexos é forçado a aceitar a castração e renunciar o seu desejo pelos pais.
O temor a castração pode ser tão terrível que o menino talvez renuncie precipitadamente ao genitor do sexo oposto, oferecendo-se por medo, aquele do mesmo sexo como objetivo de amor. O complexo de Édipo invertido fundamenta os quadros de homossexualidade.
No período de latência a criança volta sua atenção para outras coisas, estudos e brincadeiras. O período de latência dura ate a puberdade. Renasce ai os interesses eróticos, e com substitutos dos pais, esta é a fase genital propriamente dita.
O desenvolvimento da personalidade pode culminar em estados mentais diferentes, algumas anormalidades psíquicas, como neuroses, perversões e psicoses.
Os sintomas são geralmente, manifestação da angustia, forma comum de sintoma de angustia são as fobias. Um elevador, uma multidão, baratas, ratos e etc. certas condições provocam um medo extremo, insuportável, é como se simbolizassem perigos internos. Ou a angustia se manifesta de forma intensa, crises de ansiedade, onde a pessoa se debate, chora e ri descontroladamente, terminando numa espécie de desmaio, onde há então completa perda de consciência. Os sintomas podem ser também de forma sintomáticas, paralisias, dores, tosse, tiques e etc. E sempre inexistem lesões orgânicas que justifiquem os sintomas. Os sintomas representam simbolicamente as pulsões proibidas e o esforço para controlá-la. Um exemplo de paralisia no braço pode estar ligado ao impulso de se masturbar, com a proibição de fazê-lo. Isso acontece por que o afeto que esta ligado a pulsão sexual não pode ser reprimido, o que é reprimido é a representação, o ato sexual, esse afeto é extravasado como angustia, ou alimenta movimentos compulsivos, gestos paralíticos e etc.
No todo o livro fala sobre vasta introdução de algumas obras do Freud, onde é possível compreender de forma mais simples e também superficial essas terias tão complexas, é possível perceber que apesar dele expressar essas idéias de forma simplista, em nenhum momento banalizou o assunto, sempre dando grande importância as teorias que é de entendimento complexo.
Fábio Herrmann conseguiu deixar claramente maior parte do livro, trazendo as idéias de Freud de uma forma mais simples, mais que ainda assim em alguns poucos momentos se torna um pouco confusa suas idéias.
Referçencia:
HERRMANN, Fábio. O que é psicanálise. São Paulo: Abril cultural: Brasiliense, 1984. (Coleção primeiros passos; vol. 12)
Um cérebro espiritual
Um cérebro espiritual
Em sua coluna deste mês, Roberto Lent comenta um estudo que mostra que a expressão de um traço da personalidade associado à espiritualidade do indivíduo é determinada pela ação de áreas cerebrais específicas.
Por: Roberto Lent
Publicado em 26/02/2010 | Atualizado em 01/03/2010
A autotranscendência, aspecto da personalidade associado aos valores espirituais do ser humano e que pode ser alcançado por meio da meditação, se expressa em graus variados nos indivíduos em função da atividade de certas áreas do cérebro (foto: sxc.hu).
Que nota você daria, de 0 a 10, para mensurar a aplicação da seguinte frase a si mesmo(a)? “Frequentemente fico tão fascinado(a) com o que estou fazendo que me perco nesse momento e me sinto fora do tempo e do espaço.” Ou então desta: “Muitas vezes me sinto tão ligado(a) às pessoas à minha volta que é como se não existisse separação física entre nós.” Ou ainda: “Sou fascinado(a) pelas muitas coisas da vida que não podem ser explicadas cientificamente.”
Se você pontuou alto para essas afirmativas, é possível que seja dotado(a) do que os psicólogos chamam de ‘autotranscendência’, um dos aspectos da personalidade que alguns de nós possuem em grau mais elevado do que outros.
Personalidades
Todos nós intuímos o que seja a personalidade, mas na verdade é muito difícil definir esse conceito, e mais ainda avaliar ou medir de algum modo as suas características. No século 18, uma corrente que ficou conhecida como fisiognomiaacreditava que seria possível conhecer a personalidade das pessoas por meio de sua face – daí a consagração do termo fisionomia para descrever a expressão facial. De acordo comessa corrente, as características da expressão facial de um indivíduo seriam suficientes para classificar a sua personalidade como fleumática, colérica, sanguínea ou melancólica.
Dentre as inúmeras teorias atuais da personalidade, destaca-se uma – proposta há pouco mais de dez anos – que correlaciona os tipos humanos com características genéticas e neurobiológicas. Trata-se da ideia de personalidade multidimensional, criada pelo psiquiatra norte-americano Claude Robert Cloninger, que atualmente trabalha na Universidade Washington, nos Estados Unidos. De acordo com Cloninger, existiriam três dimensões da personalidade, geneticamente independentes, funcionalmente interligadas, e vinculadas, cada uma delas, a um sistema neural distinto: ‘busca do novo’, ‘evitação de danos’ e ‘dependência de recompensa’.
A ‘busca do novo’ é entendida como “uma tendência à atividade exploratória e a um intenso prazer frente a estímulos novos”. Pessoas que têm esse perfil mais desenvolvido tendem a ser impulsivas, exploratórias, excitáveis, extravagantes, desorganizadas, ao contrário de outras que não possuem essa característica de modo muito marcante, e por isso são reflexivas, rígidas, estoicas, organizadas e persistentes. Está se reconhecendo? Então tente as dimensões seguintes.
A ‘evitação de danos’, de acordo com Cloninger, seria a “tendência a responder intensamente a estímulos desagradáveis, desenvolvendo comportamentos inibitórios de modo a evitar punições, frustrações e perdas afetivas”. Quem tem essa característica seria geralmente cauteloso, tenso, apreensivo, medroso, inibido, tímido. Quem não tem é relaxado, desinibido, arrojado, energético.
Por fim, a ‘dependência de recompensa’ reflete a tendência de alguns a moldar seucomportamento sempre em função de algum reforço positivo ou da perspectiva de alguma punição para seus atos.
Se for possível medir acomposição de nossa personalidade, será possível também relacionar cada um desses traços a regiões cerebrais que os determinariam
Todos nós temos um pouco de cada uma dessas características, o que significa que talvez seja possível medir a composição de nossa personalidade e chegar a uma classificação das pessoas. Se isso for possível, será possível também relacionar cada um desses traços a regiões cerebrais que os determinariam. De fato, essa foi a perspectiva de Cloninger e seus colaboradores, que desenvolveram um vasto questionário capaz de mensurar essas três dimensões e cada uma de suas subdimensões.
Autotranscendência
Relacionar a personalidade com o cérebro foi o objetivo de um grupo multidisciplinar de pesquisadores, composto por psicólogos, filósofos e neurocirurgiões e liderado por Cosimo Urgesi, da Universidade de Udine, na Itália. O grupo acaba de publicar neste mês um estudo interessante sobre o tema na prestigiosa revista Neuron.
A equipe trabalhou com um dos conceitos de Cloninger, o de autotranscendência, definida como um aspecto forte da personalidade de quem sempre busca algo elevado, maior do que a sua existência individual, algo ligado a valores espirituais elaborados que a humanidade cultiva pela ética, pela arte, pela cultura e pela religião (entendidacomo crença em um poder divino, e não como os rituais correspondentes). Cada indivíduo pode pender para uma característica diferente, mas em todos os casos são relatados “sentimentos oceânicos”, nas palavras do fundador da psicanálise, o médico austríaco Sigmund Freud (1856-1939).
Dentre os questionários de Cloninger (escalas, no jargão técnico), alguns deles permitem medir o grau de manifestação das várias características da autotranscendência, muitas vezes considerada a expressão psicológica concreta da espiritualidade. A autotranscendência seria a tendência mental de superar os limites do próprio corpo e elevar-se a estados de consciência que nos absorvem completamente, fazendo-nos esquecer do mundo e dos outros.
Alguns a desenvolvem por meio do prazer da arte – a literatura, o cinema –, que é de tal modo envolvente que nos 'descola' da realidade. Outros, religiosos de vários cultos, expressam a autotranscendência pela oração e variados rituais. A meditação é também um meio encontrado por alguns para transcender os limites do corpo e da percepção direta dos estímulos ambientais.
O grupo italiano estudou essa característica de personalidade em 88 pacientes comdiferentes tipos de câncer cerebral, antes e depois da realização de cirurgias para a remoção dos tumores. Em alguns casos, o câncer atingia o próprio tecido cerebral (gliomas), em outros era circunjacente ao cérebro (meningiomas), o que permitiu excluir um possível efeito do ato cirúrgico por si só nos resultados, independentemente da remoção de tecido cerebral.
Antes das cirurgias, um questionário com perguntas como as que você leu no início desta coluna era aplicado aos pacientes, o que possibilitava o levantamento quantitativo do seu perfil de personalidade, especificamente no que tange à autotranscendência. Após as intervenções cirúrgicas, o questionário era repassado aos mesmos indivíduos, permitindo verificar a ocorrência de alterações de personalidade provenientes da remoção de regiões cerebrais.
É claro que a existência de um tumor no cérebro, por si mesma, poderia ser causadora de uma alteração de personalidade com relação às épocas anteriores à doença. E de fato um grupo de pacientes com glioma pontuava mais alto nas questões relativas à autotranscendência do que os pacientes com tumores externos ao sistema nervoso.
O resultado mais marcante do trabalho foi a identificação de pequenas regiões situadas no córtex cerebral posterior cuja remoção causou aumento estatisticamente significativo da espiritualidade dos pacientes.
Quando a remoção de uma região cerebral causa aumento de uma função, os neurocientistas interpretam o resultado atribuindo a essa região um papel inibitório. Isso significa que alguma outra região (ou regiões) produz os “sentimentos oceânicos” a que se refere Freud, mas é normalmente inibida pelo córtex parietal posterior em maior grau em algumas pessoas do que em outras. Nos pacientes, após a cirurgia, a inexistência dessa região inibitória teria provocado o aumento da autotranscendência observado.
Esses resultados mostram que já vão longe os tempos do filósofo francês René Descartes (1596-1650), dualista ferrenho que considerava distintos e independentes os mecanismos da mente e os circuitos funcionais do cérebro. A mente é um produto do cérebro, e a personalidade que caracteriza a mente de cada indivíduo é possivelmente resultado da inter-relação entre a genética e o ambiente (educacional, cultural) na lapidação dos circuitos cerebrais correspondentes.
Roberto Lent
Instituto de Ciências Biomédicas
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Instituto de Ciências Biomédicas
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Sugestões para leitura:
C.R. Cloninger (1994). Temperament and personality. Current Opinion in Neurobiology, vol. 4:266-273.
C. Urgesi e colaboradores (2010). The spiritual brain: Selective cortical lesions modulate human self-transcendence. Neuron, vol. 65:309-319.
Filmes que trabalham aspectos psicológicos e transtornos
Filmes que trabalham aspectos psicológicos e transtornos psiquiátricos em suas tramas. A lista dos filmes está em inglês, porém acessando a página no IMDB dá para ver a capa e identificar qual filme se trata.
Evidentemente, não é uma lista completa.
· 50 First Dates (2004) [9]
· Procurando Nemo (2003) [10]
· Clean Slate (1994) [11]
· The Lookout (2007) [12]
Tramas envolvendo Amnésia retrógrada
· Mulholland Drive (2001) [62]
· The Number 23 (2007) [63]
Tramas envolvendo Amnésia dissociativa
Transtornos como a Esquizofrenia
· Through a Glass Darkly (1961) [64]
· Images (film) (1972) [65]
· Awakenings (1990) [66]
· The Fisher King (1991) [67]
· Benny & Joon (1993) [68]
· Clean, Shaven (1995) [70]
· Conspiracy Theory (1997) [71]
· Julien Donkey-Boy (1999) [72]
· A Beautiful Mind (2001) [74]
· Donnie Darko (2001) [75]
· Revolution 9 (2001) [77]
· Igby Goes Down (2002) [78]
· Spider Forest (2004) [81]
· Mr. Brooks (2007)
· The Soloist (2008)
· Shutter Island (film) (2010)
Transtornos psicológicos e Transtornos de Ansiedade
· Ordinary People (1980)
· Mrs. Dalloway (1997) [83]
· White Oleander (2002) [86]
Psicopatologias como a Agorafobia
· Nims Island (2008) [1]
· The Benchwarmers (2006) [3]
· Thomas est amoureux (2000) [4]
· Zakrytye prostranstva (2008) [6]
Transtornos Psicológicos e Transtorno Obsessivo–Compulsivo
· Secrets of a Soul (1926)
· Cat People (1942)
· What About Bob? (1991) [52]
· Matchstick Men (2003) [54]
· Dirty Filthy Love (2004) [55]
· The Aviator (2005) [56]
Psicose Maníaco Depressiva e Transtorno bipolar
· The Horse Whisperer (1998) [26]
· Michael Clayton (2007) [27]
Transtornos depressivos Depressão clínica
· The Butcher Boy (1998) [28]
· Prozac Nation (2001) [29]
Transtornos como o Autismo
· House of Cards (1993) [15]
· Mercury Rising (1998) [17]
· Mozart and the Whale (2005) [18]
· The Black Balloon (2008) [20]
· My Name Is Khan (2010)
Outros transtornos Específicos e Inespecíficos
· Leave Her to Heaven (1945)
· Harvey (1950) Harvey (film)
· Vertigo (1958)
· Head against the Wall (1958)
· Ordinary People (1980) Ordinary people
· Pink Floyd The Wall (1981) [88]
· Brazil (film) (1985) Brazil (film)
· The Dream Team (1989) [89]
· Crazy People (1990) [90]
· Twelve Monkeys (1995) Twelve monkeys
· Patch Adams (1998) [91]
· The Others (2001)
· Garden State (2004) [95]
· Enduring Love (film) (2004) [96]
· Tideland (2005)
· Solace (2006)
· Reprise (film) (2006) [97]
· Running with Scissors (2007)
· Codex Atanicus (2008) [99]
10 Filmes para Freud explicar
10 Filmes para Freud explicar
novembro 21, 2009
Confesso sempre tive uma queda por filmes abordam o tema psicanálise. Gosto de como o desvendar de nosso inconsciente pode mostrar-se tão decisivo nas tomadas de decisões diárias; de como a sensopercepção de mundo possa estar totalmente influenciada pelas experiências vividas ao longo do tempo. Gosto do debate de idéias. Não só filmes, mas também seriados como Dr. House e The Mentalist, e livros como os de Rubem Alves e Augusto Cury (ambos psicanalíticos).
Segue abaixo uma lista de 10 filmes que abordam essa análise piscológica entre seus protagonistas, gerando muitas vezes momentos de tensão e profundo mergulho no mundo do inconsciente ou subconsciente, a fim de buscar soluçoes para traumas e dores vividas.
Bons Filmes!!!
1. Freud além da alma (Freud, 1956)
Produzido em 1962, mostra parte da vida de Sigmund Freud (1856-1939), o pai da Psicanálise, desde sua gradução em Medicina até o desenvolvimento de suas primeiras teorias psicanalíticas. Em parte, foca no tratamento de uma jovem paciente, no qual formula o Complexo de Édipo. No elenco, Montgomery Clift como Freud e Susannah York como a paciente Cecily Koertner. A direção é do grande John Huston, de filmes como “O Falcão Maltês” (1941) e “O Tesouro de Sierra Madre” (1948). A trilha sonora foi composta por Jerry Goldsmith, que foi indicado ao Oscar pelo trabalho.
2. Genio Indomavel (Good Will Hunter, 1998)
Dirigido por Gus Van Sant (Elefante, Encontrando Forrest, Milk – A Voz da Liberdade) e escrito pela dupla de atores, Matt Damon (Identidade Bourne, 12 Homens e 1 Segredo, Os Infiltrados, Confissoes de uma mente perigosa) e Ben Afleck (Pearl Harbor, Armagedon, O Contrato), o filme foi um grande sucesso, recebendo o Oscar de melhor roteiro original. Conta a história do jovem Will Hunting, servente de uma universidade, revela-se um gênio em matemática. Com algumas passagens pela polícia, ele é obrigado a fazer terapia. O tratamento só começa a dar certo quando ele se identifica com o terapeuta Sean Maguire, interpretado brilhantemente por Robin Williams (Patch Adams, Sociedade dos Poetas Mortos, Amor Além da Vida, Desconstruindo Harry).
3. Reine sobre mim (Reign over me, 2007)
Dirigido por Mike Binder (Uma Cara Quase Perfeito, A Outra Face da Raiva), que por sinal é o seu melhor trabalho, o filme conta no elenco com os atores Adam Sandler (Embriagado no Amor, Tratamento de Choque) e Don Cheadle (Onze Homens e Um Segredo, Crash – No Limite, Hotel Huanda, Traffic). Depois que perde sua família nos atentados terroristas de 11 de Setembro, um homem recorre a um ex-colega de quarto que se tornou médico e está disposto a ajudar o amigo a se conformar com sua dor. Pra mim, um dos melhores filmes de 2007, e com uma atuação convincente de Adam Sandler.
4. 12 Macacos (12 Monkeys, 1996)
Dirigido por Terry Gilliam (Pescador de Ilusoes, Os Irmãos Grimm), o filme conta a história, no ano de 2035, de James Cole, interpretado por Bruce Willis(O Sexto Sentido, Pulp Fiction) é um prisioneiro dentro de uma cidade subterranêa, e com a proposta de liberdade aceita a missão de voltar ao passado para tentar decifrar mistério envolvendo um vírus mortal que levou à morte da maior parte da humanidade. Tomado como louco, no passado, ele acaba internado num manicomio, onde ninguém, além de seu colega Jeffrey Goines, interpretado por Brad Pitt (Babel, Sete Anos no Tibet, Seven – Sete Pecados Capitais, Clube da Luta, Encontro Marcado), parece acreditar nele, com isso ele passa tentar provar sua sanidade a uma médica renomada que se torna sua única esperança de mudar o futuro e evitar que a humanidade seja exterminada da Terra. Um roteiro denso e sensacional, alem de atuações memoráveis, com um final surpreendente!
5. Um Estranho no Ninho (One Flew Over the Cuckoo´s Nest, 1975)
Dirigido por Milos Forman (Amadeus, O Povo Contra Lary Flint), o filme conta a história do presidiário Randle McMurphy, interpretado por Jack Nicholson (Melhor é Impossível, O Iluminado, Confissoes de Schmidt, Questão de Honra), que acreditava que deixaria de trabalhar na prisão fingindo ser louco, mas seus planos são frustrados quando é obrigado a morar em um hospital psiquiátrico. Para tentar animar o local, o rapaz começa a jogar cartas e basquete, o que faz com que ele enfrente a autoritária enfermeira Mildred Ratched. Com talvez a melhor atuação de Jack Nicholson, foi premiado com os oscares de melhor filme, roteiro adaptado, direção, ator e atriz. Um clássico dos anos 70!
6. Rain-Man (Rain-Man, 1988)
Dirigido por Barry Levinson (Sleepers – Vingança Adormecida, Mera Coincidência, Esfera), esse clássico conta a história de Charlie Babbit, interpretado por Tom Cruise (Magnólia, Questão de Honra, Missão Impossível), que, depois da morte do pai, descobre que seu irmão autista, Raymond, interpretado por Dustin Hoffman (Todos Homens do Presidente, Mera Coincidência, O Juri), herdou uma fortuna. Como Charlie não sabia de sua existência, ele decide ir conhecê-lo e descobrir porque Raymond foi escondido de sua vida. Um filme inspirador! Conseguiria um autista mudar a vida de um business man ambicioso?
7. Bicho de 7 Cabeças (idem, 2001)
Oba! Um filme brasileiro na lista! Conta a história de Neto, interpretado por Rodrigo Santoro (Simplesmente Amor, Abril Despedaçado, Che – O Argentino, Carandiru, 300), que possui um relacionamento dificil com seu pai Wilson, interpretado por Othon Bastos (Abril Despedaçado, Central do Brasil, Policarpo Quaresma – Heroi do Brasil), com um vazio entre eles aumentando cada vez mais. Seu Wilson despreza o mundo de Neto e este não suporta a presença do pai. A situação entre os dois atinge seu limite e Neto é enviado para um manicômio, onde terá que suportar as agruras de um sistema que lentamente devora suas presas. Uma parada obrigatória nas aulas de psiquiatria ou discussão acerca da vertente anti-manicomial.
8. Uma Mente Brilhante (A Beautiful Mind, 2002)
Dirigido por Ron Howard (Luta pela Esperança, Código Da Vinci, Anjos e Demonios), esse filme, vencedor de 4 Oscars, incluindo melhor filme, conta a história real do incrível John Nash, interpretado brilhantemente por Russel Crowe (O Informante, Gladiador, Los Angeles – Cidade Proibida). Aos 21 anos de idade, John Nash formulou um teorema que provou sua genialidade. Infelizmente, nove anos depois ele foi diagnosticado como esquizofrênico. Sempre enfrentando batalhas em sua vida pessoal, Nash ainda viria a ganhar o prêmio Nobel. Esse filme espetacular conta ainda com a incrivel atuação da lindissma e talentosa Jennifer Connelly (Casa de Areia e Névoa, Diamante de Sangue, Requiem para o Sonho) que lhe valeu o Oscar de melhor atriz.
9. O Pescador de Ilusões (The Fish King, 1991)
Dirigido por Terry Gilliam (12 Macacos, Os Irmaos Grimm), o filme conta a história de um Locutor de rádio, interpretado por Jeff Bridges (Provocação, O Grande Lebowski, Seabiscuit – Alma de Heroi) que larga o ofício, traumatizado após ouvinte matar várias pessoas num bar porque seguiu seus conselhos num programa. É quando encontra ex-professor, interpretado brilhantemente pelo também brilhante ator Robin Williams (Patch Adams – O Amor é Contagioso, Sociedade dos Poetas Mortos, Genio Indomavel), que, com a morte da esposa justamente naquele bar, torna-se um mendigo insano que procura pelo Santo Graal.
10. Tempo de Despertar (Awakenings, 1990)
Dirigido por Penny Marshall (Quero Ser Grande, O Nome do Jogo), o filme conta a história de um médico, interpretado por Robin Williams (Pescador de Ilusoes, Genio Indomavel, Sociedade dos Poetas Mortos) que luta para trazer de volta à vida pacientes afetados pela doença do sono. Quando ele acha uma possível cura para a doença, um dos pacientes, interpretado por Robert De Niro (Touro Indomavel, Mafia ao Divã, Mera Coincidência, Ronin, Cassino, Taxi Driver), acorda depois de passar anos em estado de coma. Baseado em fatos verídicos
Assinar:
Postagens (Atom)