quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Psicologia e Neutralidade


Psicologia e Neutralidade

Psicologia e Neutralidade

A idéia de neutralidade não é estranha ao pensamento científico. Aliás, metodologia é artifício controlador da subjetividade na busca de resultados científicos neutros.
É com o propósito de neutralidade que se faz ciência, inclusive pesquisa eleitoral.
A Psicologia é uma ciência. Disto não restam dúvidas, já é ultrapassada a controvérsia entre ciências exatas e sociais. É claro que o estudo de si mesmo, exige do cientista social um empenho maior para não sucumbir aos apelos da emotividade, de íntimos interesses inconscientes, da defesa dos seus pares.
A Psicologia é uma ciência neutra, produz teorias, conhecimentos a cerca do homem,  explicação da personalidade, das condições do desenvolvimento, métodos psicoterápicos e toda uma gama de intervenções psicopedagógicas visando à otimização da existência do ser no mundo.
A Ciência Psicológica é neutra, mas o Cientista Psicólogo não!
Primeiramente ele faz uma opção metodológica, escolhe uma teoria, um modo característico de explicar o mundo, diferentemente de tantos outros. E isto não é neutralidade.
Mais à frente e, em função da maneira peculiar de perceber o mundo, abraça valores, trejeitos éticos de relacionar com os outros seres do universo e com a natureza, que é particularmente próprio e partilhado, mas de maneira alguma imparcial.
Não é insensível ao seu cliente, e o defende incansavelmente, de maneira prioritária.
Na efervescência do século XXI não é possível ao Psicólogo ser neutro. A dimensão do trabalho do Psicólogo é o risco e o sofrimento.
Riscos concretos de um mundo hostil: violência, suicídio, homicídio, traição, desemprego, perseguição política, discriminação, preconceito, infidelidade, DST-AIDS, gravidez indesejada, álcool, droga, etc.; sofrimento emocional, a sensação da falta de amor.
O Psicólogo não é neutro, a neutralidade do Psicólogo se traduz pela AUSÊNCIA DE AMBIGÜIDADE, atitude imprescindível para o cliente retomar a independência e autonomia e fazer frente aos verdadeiros motivadores do sofrimento emocional, a fantasmagoria imaginária.
 João dos Santos Leite
Psicólogo - CRP-MG 04-2674
Ituiutaba-MG, 09/outubro/2008
Joao dos Santos Leite
Enviado por Joao dos Santos Leite em 09/10/2008
Reeditado em 01/12/2008
Código do texto: T1220381
Classificação de conteúdo: seguro

Inveja.....






"A inveja, como o vento, açoita sempre os cumes mais altos"
(Vergílio, poeta latino - 70 – 19 A.C)
A inveja é, sem dúvida, o mais antigo sentimento que se tem notícia, depois do amor. Pela inveja o mal entrou no mundo, pela inveja Caim matou Abel*1, pela inveja sofremos diariamente.
Podemos definir a inveja como "desgosto ou pesar pelo bem ou felicidade de outrem, desejo violento de possuir o bem alheio".
Acredito que muitas vezes as pessoas não tem bem definido o que é a inveja, confundindo-a com o desejo de ser feliz tanto quanto o outro o é. Ou seja, ambicionamos conseguir as mesmas coisas de alguém e isto não é inveja, desde que por meios justos trabalhemos para tal, e além de tudo esse desejo é reconhecer em si próprio a capacidade da conquista.
Agora, a inveja é, repetindo, o desejo violento de se possuir o bem alheio, e sempre que há a inveja ela vem acompanhada da maldade.
Ora, se sentimos tristeza pela felicidade alheia, esse sentimento é desprovido de amor, portanto só pode haver ódio, e onde há o ódio há também o mal. Se assim não fosse, a inveja não seria considerada um pecado. Independente da religião, sabemos que a inveja nasce no mal e se torna um vício e fonte de muitos outros males.
E como distinguir a inveja da ambição?
A ambição acompanha os guerreiros, os fortes. Podemos ter objetivos para alcançar algo, no entanto, se não temos a ambição, ou seja, o anseio ardente que nos impulsionará para a realização concreta dos nossos planos, estes não passarão de ilusões.
A ambição é necessária na vida e não podemos nos envergonhar de dizer que a temos. Muitas vezes as pessoas receiam falar que a possuem, com medo de serem chamadas de egoístas ou algo que o valha, justamente pela incompreensão do seu significado.
Diferentemente dos ambiciosos temos os invejosos, que são, em grande parte, gananciosos e neste ponto é que reside toda a confusão, porque a ganância, normalmente nascida da inveja, também é uma ambição, porém, desmedida.
Veja, a ambição é salutar, desde que tenha limites. É sempre bom observamos que existe uma linha tênue que separa o bem do mal.
Dizem que a inveja mata e mata mesmo. A História nos mostra que ela é destruidora, destrói um único indivíduo como toda a humanidade, e também sabemos que do coração é que brota todo e qualquer sentimento, portanto, está em nossas mãos decidir pelo bem ou pelo mal. Precisamos perceber que nossas inclinações perversas que obscurecem a consciência e corrompem nossa avaliação do certo e do errado, acontecem sempre que nos distanciamos do Amor.
Alguém pode estar questionando porque iniciamos dizendo que a inveja nos faz sofrer diariamente e a resposta está nas injustiças, nas desigualdades, no orgulho, nas discórdias que ameaçam sem cessar a paz e causam as guerras.
Se desejamos um mundo melhor devemos nos afastar do mal, usar o nosso livre arbítrio em favor do bem, e não permitir que a cobiça seja um açoite cruel ao nosso próximo.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Freud I - RESUMO - 1ª Unidade Uma Breve Descrição da Psicanálise (1924 [1923]) vol. XIX Obras Completas de Sigmund Freud.



Freud I - RESUMO - 1ª Unidade
Uma Breve Descrição da Psicanálise (1924 [1923])
vol. XIX Obras Completas de Sigmund Freud.
           

I
- A psicanálise nasceu com o século XX – A interpretação dos sonhos, 1900. Ela não caiu pronta dos céus. Portanto, devem-se entender as influências que determinaram sua origem e não desprezar circunstâncias de sua época.
- Inicialmente, Freud tinha o objetivo de compreender a natureza das chamadas “doenças nervosas funcionais”, já que o modelo médico para o tratamento dessas doenças baseado em fatos químicos-físicos e patológico-anatômicos estava impotente.
- Nesta época ainda, os médicos não sabiam o que fazer com o fator psíquico e nem podiam entendê-lo, deixando-o aos filósofos, místicos e charlatões.
- Na década de 1880, Freud entrou em contato com a hipnose e duas lições puderam ser extraídas:
            1) Tinham-se provas de que influências mentais poderiam ocasionar mudanças somáticas;
            2) Impressão mais clara de que processos mentais inconscientes existiam. Pela primeira vez, o inconsciente se tornou algo concreto, tangível e sujeito a experimentação.
- A hipnose também auxiliou nos estudos sobre as neuroses, principalmente, a histeria.
- Charcot, um médico parisiense, suspeitou através de seus experimentos, que certas paralisias histéricas poderiam ser ocorridas após um trauma. Assim, ao sugerir um trauma sob o estado hipnótico, o paciente apresentava paralisias do mesmo tipo que as histéricas, propondo que influências traumáticas poderiam ter um desempenho na produção dos sintomas.
- O médico vienense Breuer, em 1881, pôde, com o auxílio da hipnose, estudar e reconstituir a saúde de uma jovem que sofria de histeria. Esse caso retém sua significação única para nossa compreensão das neuroses até o dia de hoje.
- Anna O. ficou enferma enquanto cuidada de seu pai doente, o qual era ternamente ligada. Breuer estabeleceu que todos os sintomas da jovem estavam relacionados a esse período de enfermagem e poderiam ser explicados.
- Surge, então, a característica universal dos sintomas: situações que envolviam um impulso para uma ação a qual não fora levada a cabo, mas que por algum motivo, foi reprimida. Então, esse impulso é “deslocado” para outra direção, constituindo o sintoma.
- O procedimento terapêutico utilizado por Breuer era induzir o paciente sob hipnose a relembrar os traumas esquecidos e reagir a eles afetivamente. Quando isso era feito o sintoma desaparecia temporariamente. Ou seja, os sintomas histéricos surgiam quando o afeto de um processo mental investido era impedido de seguir seu curso normal pela ação de processos defensivos, e assim, era desviado para uma inervação somática. Mas, poderiam seguir outra direção se a experiência fosse revivida sob estado hipnótico.
- Esse método terapêutico de relembrar o momento traumático e reviver o conteúdo afetivo nele contido era chamado de catarse. Tal método foi precursor imediato da psicanálise e todo o estudo está publicado em Estudos sobre Histeria, 1895.

II
- Após o término da parceria entre Breuer e Freud, este decidiu abandonar a hipnose por duas razões:
            1) Ele não conseguia induzir hipnose em um número suficiente de pacientes
            2) Estava insatisfeito com os resultados terapêuticos da catarse sob hipnose, pois eram de curta duração.
- Freud decidiu substituir a hipnose pela associação livre para restituir à lembrança do paciente o que havia esquecido. Para isso, pedia para o paciente abster de qualquer reflexão consciente para que as idéias (inconscientes) espontaneamente lhe ocorressem.
- Esse material não trazia à tona o que realmente foi esquecido, mas alusões que com auxílio da interpretação do analista, poderia adivinhar ou reconstituir o material esquecido. Desta maneira, associação livre e interpretação desempenhavam a mesma função da hipnose.
- Com a associação livre, descobriu-se que o trabalho de revelar o que havia sido patogenicamente esquecido estava sob a ação de fortes resistências, as quais mantinham os conteúdos reprimidos presos no inconsciente.
Teoria da repressão: ação de forças que impedem o curso normal dos impulsos e de os tornarem conscientes, manifestando-se em caminhos fora do comum, como os sintomas. Os conteúdos reprimidos baseavam-se em “maus” (egoísmo, crueldade) e desejos sexuais. 
- Assim, Freud, ao estudar mais profundamente os desejos sexuais, constatou a existência de que experiências e conflitos dos primeiros anos da infância representam uma parte fundamental no desenvolvimento do indivíduo. Vale ressaltar a necessidade de ampliar o conceito de sexualidade para o além do senso comum.
- Freud resume os fatores para a constituição da teoria psicanalítica:
            a) ênfase na vida instintual (afetividade)
            b) dinâmica mental
            c) fenômenos mentais possuem um significado e causação
            d) teoria do conflito psíquico e da natureza patogênica da repressão
            e) sintomas constituem satisfações substitutas
            f) importância etiológica da vida sexual, inclusive infantil
            g) Complexo de Édipo, núcleo de todo caso de neurose
- Tal teoria provocou espanto, repugnância e ceticismo em estranhos, principalmente devido à constatação da existência do inconsciente, sexualidade infantil e a ênfase concedida ao fator sexual na vida mental.

III
- o estudo dos sintomas histéricos abriu caminhos para a psicanálise compreender o funcionamento do psiquismo “normal” e não só patológico. E isso, devido à vinculação de dois fenômenos:
            a) Parapraxias
            b) Sonhos
- Esses acontecimentos, assim como os sintomas, têm um significado ou surgem devido a uma intenção consciente com a qual interfere uma outra suprimida ou realmente inconsciente.
- Os sonhos podem parecer estranhos e sem sentido devido a uma deformação das forças censurantes. Porém, através da análise pode se revelar como expressão de uma satisfação ou realização de um desejo. Portanto, o sonho é uma realização (disfarçada) de um desejo (reprimido).
Elaboração onírica é o trabalho de transformar (disfarçar) o desejo latente (secreto) em conteúdo manifesto (o que aparece no sonho).
- O estudo sobre os sonhos pôde proporcionar à psicanálise uma dupla significação:
            1) constituiu uma nova psicologia;
            2) reivindicou a atenção de todos que eram estudiosos de uma ciência mental            
- A teoria psicanalítica pôde provar que as mesmas forças e os mesmos processos que se realizam entre os sonhos operam tanto na vida mental moral quanto patológica.
- A psicanálise não foi recebida amistosamente ao mundo científico, pois submetia todo indivíduo à reação analítica por revelar aquilo que por acordo universal foi reprimido para o inconsciente.
- Apesar da resistência à psicanálise, ela teve uma expansão em duas direções:
            1) sobre o mapa;
            2) periódicos dedicados à psicanálise
- Na segunda década da psicanálise, Freud não estava mais sozinho. Tinha vários seguidores ao seu lado para difundir a teoria, além de ampliar, suplementar e conduzir para um maior aprofundamento.

IV
- No decorrer de seu desenvolvimento, a técnica psicanalítica se tornou tão definida e delicada quanto a qualquer outro ramo da medicina. Portanto, o analista necessita fazer uma formação especial. A fundação da primeira clínica psicanalítica, em Berlim, 1920, tornou-se um passo de grande importância prática para os novos analistas.
- Um dos primeiros conceitos hipotéticos a ajudarem no tratamento analítico é o da libido, que significa uma força dos instintos sexuais (sentido amplo exigido pela psicanálise) dirigidos a um objeto. Ao lado dessa libido objetal, Freud conceituou a libido narcísica que é dirigida ao próprio ego do indivíduo.
Neurose de transferência (histeria e neurose obsessiva) constituem os objetos do objeto psicanalítico.
Neurose narcísica (psicose) oferece dificuldades fundamentais à influência terapêutica.
- O estudo psicanalítico das neuroses constitui a única preparação para uma compreensão das psicoses.

V
- Além dos estudos sobre os sonhos, a psicanálise ainda precisava de outro passo para poder ser considerada como a teoria dos processos mentais mais profundos. Esse passo era a transição da psicologia individual para a de grupo.
- A principal força motivadora para o desenvolvimento cultural do homem foi a exigência de renunciar impulsos instituais impossíveis de ser socialmente satisfeitos. Assim, a psicanálise demonstrou que os impulsos instintuais sucumbiram a supressão cultural, sendo que uma parte deles são sublimados (buscam outra via de satisfação) e outra parte, persistem insatisfeitos no inconsciente, pressionando por alguma satisfação, ainda que deformada.
- Outra forma social está nas artes, contos, mitos. Freud percebeu que entre essas criações estão vinculadas com um inconsciente incompreensível, mas que podem ser interpretados como sonhos.
- Como um terceiro argumento, a psicanálise nos demonstrou a grande importância doComplexo de Édipo, uma relação emocional de uma criança com seus pais.









Fevereiro/2012 - Elaborado por Karina de Queiroz Bueno, Equipe de Monitores de Psicanálise - PUC/SP – Campus Barueri .

As relações afetivas nos jogos da internet.


As relações afetivas nos jogos da internet.


Jogos e sites possibilitam para o usuário criar infinitas formas diferentes de ser e de se expressar, incluindo também escolher as mais variadas características físicas e biotipos que lhe agradem.
Essa oferta pode parecer muito sedutora em um primeiro momento. Oferece a possibilidade de um universo em que cada pessoa pode imaginar e criar em outra realidade, sendo esta virtual, tudo aquilo que lhe for desejável.
O jogador, dessa maneira, pode viver um personagem que não se depara com as limitações e obstáculos da vida real e do seu cotidiano. É como se pudesse existir uma vida em que houvesse apenas prazer, o tempo todo.
Neste mundo de "faz-de-conta", é possível vivenciar inúmeros relacionamentos, marcando quantos encontros românticos seja possível desejar, assim como criar cenários onde os personagens são capazes de satisfazerem-se por completo.
Podemos pensar então, o que se espera alcançar ao se relacionar de maneira afetiva, sexual e/ou erótica no universo virtual. Será apenas diversão, entretenimento ou curiosidade? Ou será que pode haver também uma tentativa de se relacionar com outra pessoa apenas utilizando a imaginação.
Esta outra pessoa que, por estar nesse terreno virtual pode ser tomado como um ideal, vindo a ocupar ou a satisfazer alguns anseios que só um personagem pode proporcionar.
Quando dois personagens se relacionam em um mundo virtual consegue-se controlar a distância entre o personagem e o diretor da história inventada. Na maioria das vezes quem dirige prefere preservar sua identidade, fazendo-se anônimo neste momento.
Em uma relação que se dá no campo real não é possível de se encobrir por muito tempo sua individualidade e suas peculiaridades, em função da proximidade e intimidade com o par. Assim, quem dirige e atua na própria história terá que se implicar e se responsabilizar pelos atos cometidos e palavras ditas.
Por outro lado, quem nunca ouviu falar de casais que se conhecem, namoram e até casam pela internet? Temos conhecimentos que muitas dessas relações tornam-se presentes na vida real, passando a relações estáveis e duradouras.
O recurso da internet facilita a comunicação entre os parceiros, como também permite que o vínculo afetivo se dê com maior facilidade para algumas pessoas, ainda mais no caso da timidez aparecer.
O limite entre o uso desses jogos e sites de relacionamentos que despertam fantasias, e alguém que pode estar desenvolvendo um comportamento patológico (gerando dependência dessas relações virtuais), está na habilidade do internauta em não restringir sua vida social e afetiva somente a encontros e conversas que aconteçam apenas em frente à tela de um computador. (Ana Paula Dilger)

FRASES PSICANALÍTICAS