segunda-feira, 25 de março de 2013

Psicopatologia Fundamental e Formação do Psicólogo


Psicopatologia Fundamental e Formação do Psicólogo


Embora não seja objetivo deste texto participar do debate atual sobre as diretrizes curriculares que norteiam a formação do psicólogo, tomaremos o estudo do conhecimento (logos) da alma (psyché), o da psicologia, como exemplo de um campo onde a Psicopatologia Fundamental teria uma palavra a dizer.
A psicologia, como ciência, foi construída ao longo da história como uma tentativa de compreensão de um fenômeno social novo. O “fenômeno novo” é o sentimento de “eu”, cujas origens no ocidente encontram-se na revolução burguesa, que transformou a organização feudal, e instaurou uma nova forma de organização social. Isso significa que a psicologia surge como resposta a um movimento político historicamente datado, e que, como toda ciência emergente, é tributária da ideologia que permitiu o seu aparecimento. (Ceccarelli, 2002) Essa mesma ideologia apresenta distintas leituras do “fenômeno novo”, do “eu”, leituras essas que sustentam as diferentes epistemologias que definem tanto o normal como o patológico. Todo ensino de psicologia, em suas mais variadas áreas de atuação, apóia-se, ainda que implicitamente, em uma leitura do pathos. Essa, por sua vez, sustenta a epistemologia que define a noção de sujeito a qual, consequentemente, determina a prática e orienta a clínica: psicopatologia clínica, psicopatologia do trabalho, das relações empresariais, do desenvolvimento…
Não obstante, a complexidade intrínseca do psicopatológico indica que o objeto de trabalho da psicologia – as paixões que constituem o sujeito – não é apreensível por um discurso único e muito menos redutível à uma forma discursiva que o unifique. Daí a importância, na perspectiva de Psicopatologia Fundamental, que o estudante de psicologia tenha contato com a multiplicidade das “psicopatologias” – fenomenológica, psicanalítica, existencialista, comportamental, humanista, centrada as e outras tantas – para que ele se dê conta que a psicopatologia que sustenta a prática psicológica constitui um vasto território habitado por diferentes perspectivas epistemológicas com metodologias próprias e irredutíveis. Cada corrente teórica da psicologia propõe, dentro do referencial que lhe é próprio, possíveis apreensões do pathos que traduzem diferentes leituras do fenômeno observado – diferentes leituras do real – gerando diferentes construções da realidade.
A Psicopatologia Fundamental sugere que o estudo da psicopatologia no curso de psicologia deveria abordar os vários discursos sobre o pathos. Uma aula ideal convocaria psicopatólogos de diferentes filiações onde, a partir de um determinado fenômeno psíquico, cada teoria da polis psicopatológica tivesse direito à palavra. Teríamos, neste caso, um exercício legítimo da transdisciplinaridade tal como a entende a Psicopatologia Fundamental: uma confrontação de modelos onde aquilo que pode parecer óbvio para um, seria motivo de perguntas para outro. Além disto, tal confrontação permitiria mostrar que tanto a nossa prática, quando nossa escuta, são determinadas pelo modelo que elegemos.
Um exemplo: tanto autores da Escola Inglesa (Khan, 1979; McDougall, 1972, 1987), quanto da Americana, (Stoller, 1975, 1984; Kernberg, 1975, 1988), relatam casos clínicos de perversão trabalhados em análise com êxito. Para estes autores, a dificuldade com o perverso é suportar sua monotonia discursiva, o que requer do analista uma disposição particular para acompanhar o sujeito na repetição de sua pesquisa sexual infantil e, finalmente, introduzí-lo no mundo subjetivo de forma não ameaçadora. Já para a Escola Francesa de Jacques Lacan (Lacan, 1966, 1986) a perversão, vista como estrutura, resiste à psicanálise e o perverso não é analisável.
Ampliando a questão teríamos outro exemplo ainda mais radical: em agosto de 2004 ocorreu em Belo Horizonte o XIII Fórum Internacional de Psicanálise organizado pelo Círculo Psicanalítico de Minas Gerais. O tema do Fórum foi “As múltiplas faces da perversão”. Inspirado por ele, organizei na PUC-MG um debate sobre a perversão para o qual convidei colegas das diferentes linhas da psicologia. O resultado foi a total falta de consenso entre os debatedores sobre a definição de perversão, sua escuta e condução clínica. Ora, do ponto de vista epistemológico isso em nada nos surpreende pois, como já disse, campos diferentes, cada qual com métodos, procedimentos e objetivos próprios dificilmente se comunicam. Mas para os alunos em formação o resultado foi angustiante. Ponderaram, e com razão, que para o sujeito que procura ajuda, sujeito esse que desconhece as correntes da psicologia, seu “futuro psíquico” estaria diretamente ligado à linha seguida pelo profissional que ele elegeu. Como resolver este impasse?
A pergunta que fica é: existe uma posição, uma leitura do fenômeno, mais verdadeira do que a outra, ou devemos nos perguntar sobre os limites da teoria que norteia nossa escuta? Ou ainda: existe um modelo mais verdadeiro que outro, ou é a nossa transferência que determina nossas escolhas teórico-clínicas? (Ceccarelli, 1999) Questionar a certeza sobre a qual determinada enunciação repousa é o que caracteriza o discurso científico.
Muitas vezes devido aos complexos inconscientes que são despertados em nós pela fala daquele que está em nossa frente, apressamo-nos a buscar respostas que confortem nossas angústias. Para evitar isso, devemos estar atentos às formas discursivas que apresentam respostas para tudo e, ao mesmo tempo, não suportam críticas: quando os conceitos teóricos transformam-se em dogmas, o discurso transforma-se em religião, e seus pressupostos em leis. (Religião do latim “re-ligare” religar com Deus, ou com aquele que ditou, ou escreveu, a teoria.) Temos, neste caso, o dogmatismo onde qualquer atividade crítica é severamente punida. Não podemos nos esquecer que a dimensão imaginária da transferência pode transformar uma teoria em Verdade incontestável.
É neste sentido – cabe repetir – que as diversas leituras do fenômeno psíquico devem ser reconhecidas como possíveis. Sem este reconhecimento, nossa prática corre o risco de transformar-se em uma prática perversa no sentido empregado por Freud nos 3 Ensaios: uma fixação de uma pulsão sexual em uma única forma de satisfação.
http://ceccarelli.psc.br/pt/?page_id=179

domingo, 24 de março de 2013

Filmes...Sob olhar psicológico....




A tentação


clip_image002ASSUNTO
Fanatismo religioso, relações afetivas, familiares e sociais, traição, reabilitação em drogadicção.


SINOPSE
Gavin Nichols (Charlie Hunnam) é um jovem que está na beira de um edifício, ameaçando pular. O detetive Hollis Lucetti (Terrence Howard) é enviado para impedi-lo e, ao conversar com ele, descobre que Gavin está sendo forçado a pular antes do meio dia. A conversa faz com que Gavin e Hollis exponham seus pontos de vista religiosos, em um verdadeiro embate sobre questões filosóficas.

TRAILER

O OLHAR DA PSICOLOGIA
Além de entretenimento, os diálogos trabalham questões religiosas e filosóficas. Fé pessoal e o fanatismo religioso são trabalhados na trama, sem que o filme se torne pesado. As discussões filosóficas e teológicas estão presentes no filme. As relações afetivas, reabilitação e traição tem espaço no desenvolvimento do enredo.
O encontro entre o detetive e o suicida promove a retrospectiva da vida de ambos. O diálogo é permeado por cenas do passado que aos poucos vão dando sentido a situação do momento. O detetive é acionado para ajudar ao suicida, tentando evitar que o pior aconteça. No entanto, o  Lucetti  não está em seus melhores dias, pois acabara de descobrir que é estéril. De quem seriam os dois filhos que criou como seus?
O suicida não parece desejar mesmo morrer. Logo, compreendemos que ele está sendo obrigado, para salvar a vida de seu amor. Somos aos poucos apresentados a trama desse amor, dessa amante. Ela é casada com um fanático religioso, que além de ter convicções rígidas e ser incapaz de aceitar diferenças, cobra diariamente lealdade às suas convicções religiosas e pessoais.  A convivência do casal com Gavin e seu colega de apartamento desperta a pior face do marido: o fanatismo e o preconceito .De fato, não é possível perceber a razão de tanta tolerância por parte da esposa, que é jovem e se submete a situações constrangedoras. Aos poucos, vamos percebendo que existe uma dívida de gratidão em relação a esse marido. De fato, a esposa mantém o casamento por considerar que ele um dia a salvou. 


Garota interrompida

garota interrompidaASSUNTO
Drogas - Borderline - sexualidade – adultos

Conta a história de uma garota que tem problemas de comportamento e uso de drogas, que foi internada, pela família, em um hospital psiquiátrico. O filme mostra as relações estabelecidas entre os pacientes e dos pacientes para com a instituição, e as mudanças que ocorrem com esta personagem. Além dessa personagem aparecem outras com histórias diferentes e que nos fazem pensar nas relações humanas.
Visão da psiquiatria: Em DUBUGRAS, Maria Thereza Bonilha; MARI, Jair de Jesus; SANTOS, José Francisco Fernandes Quirino dos. A imagem do psiquiatra em filmes ganhadores do Prêmio da Academia entre 1991 e 2001. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul,  Porto Alegre,  v. 29,  n. 1, Apr.  2007 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-81082007000100018&lng=en&nrm=iso>. access on  28  July  2010.  doi: 10.1590/S0101-81082007000100018.)
SINOPSE
Em 1967, após uma sessão com um psicanalista que nunca havia visto antes, Susanna Kaysen (Winona Ryder) foi diagnosticada como vítima de “Ordem Incerta de Personalidade” – uma aflição com sintomas tão ambíguos que qualquer garota adolescente pode ser enquadrada. Enviada para um hospital psiquiátrico, onde viveu nos 2 anos seguintes, ela conhece um novo mundo, de jovens garotas sedutoras e transtornadas. Entre elas está Lisa (Angelina Jolie), uma charmosa sociopata que organiza uma fuga com Susanna, Daisy e Polly, com o intuito de retomarem suas vidas.clip_image001
Trailer


28 DIAS

ASSUNTO
Alcoolismo, Dependência Química, drogas, reabilitação
O filme retrata a rotina do alcoólatra, incluindo a negação do próprio estado, aceitação de sua reabilitação e as dificuldades inerentes. Durante sua internação, Gween contata outras histórias e aprendendo mais sobre o mundo e se redescobre como ser. Bela, bem-sucedida profissionalmente, superanimada, mas alcoólatra. Esse é o perfil de Gwen Cummings, uma competente jornalista de Nova Iorque. Uma vez na clínica, passa a obedecer regulamentos rígidos e estranhos rituais, como cantar e entoar palavras de ordem de mãos dadas com outros pacientes e, falar de seus sentimentos. Gwen vai perdendo paulatinamente seu ceticismo e inicia a longa luta para reassumir o controle de sua vida e recuperar sua saúde. Ao mesmo tempo que descobre que talvez seja possível manter um equilíbrio interior e exterior. Indicado para aqueles que conhecem o problema de perto, seja na família, consigo ou com um amigo. vale a pena conferir!
SINOPSE
Gwen Cummings (Sandra Bullock) uma escritora que leva sua vida de forma selvagem. Saltando de festa em festa, as coisas começam a mudar quando ela, bêbada, rouba a limusine no meio do casamento de sua irmã e bate com o carro numa casa. Encaminhada para um período de 28 dias numa clínica de reabilitação para dependentes, Gwen tem que aprender a vida num lugar onde as regras são rígidas e têm que ser cumpridas.

BIRD...


Dependência química, transtornos alimentares, relações familiares, sociais e afetivas.

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ASSUNTO
Dependência química, transtornos alimentares, relações familiares, sociais e afetivas.
SINOPSE
Cinebiografia do famoso saxofonista Charles "Bird" Parker, um dos mais famosos musico da historia do jazz. Sua arte e sua vida deixou um profundo legado. O talentoso diretor/ator Clint é um aficionado de jazz de longa data, e com esse filme que fornece um retrato emocionante do jazz visionário de Charlie "Bird" Parker. Eastwood, também pinta um retrato vívido do mundo do jazz em toda sua complexidade. Forest Whitaker, como Parker, fornece uma interpretação apaixonante que ajuda a fornecer uma compreensão do gênio do homem, e das tragédias de suas crises ou do uso de drogas. Clint não faz nenhum julgamento moral em relação ao músico. Ele homenageia a sua arte e respeita o homem. Magnífica trilha sonora (ganhadora do Oscar), com os solos dos discos originais de Parker, um gênio incansável que viveu intensos 35 anos (1920 a 1955). Filme sobre um músico fantástico, tremendamente talentoso.

O OLHAR DA PSICOLOGIA
Viciado em drogas desde muito jovem, Charlie teve ao longo da sua carreira muitos altos e baixos. Charlie aprendeu a tocar ouvindo uma vitrola velha, por isso o som que produzia era único e transbordava seu amor pela música. Apesar do sucesso, o músico tinha sérios problemas com abuso de substâncias e transtornos alimentares, o que prejudica sua vida. Graças ao apoio da sua dedicada mulher Chan, que tudo fez para evitar o seu internamento numa instituição mental, Charlie continuou a tocar o seu novo estilo de música, levando a uma autêntica revolução no jazz. A trama nos brinda com sua trilha sonora invejável, principalmente para os amantes do jazz, mas também explora os transtornos psicológicos do artista.

Filme...Meu nome é KHAN

Autismo, “Síndrome de Asperger”, Luto, preconceito étnico  diferença, violência, amor, perdas, superação, potencialidades.

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ASSUNTO 
Autismo, “Síndrome de Asperger”, Luto, preconceito étnico  diferença, violência, amor, perdas, superação, potencialidades.
Madrugada, carnaval, ligo a TV e encontro o filme no telecine. “Asperger” me chama a atenção na sinopse, mas a intenção era apenas que me ajudasse a dormir e depois poderia procurar o filme para assistir com calma. Eu já estava com muito sono, no entanto fui despertada pela trama que me envolvia mais e mais, a cada momento. Acabei por ver o filme completo, às vezes chorando, às vezes rindo, mas completamente encantada. Ultimamente tenho me deparado com filmes indianos imperdíveis, este é um deles, recomendo! Trata-se de uma trama muito bem costurada que aborda assuntos diversos. A história de uma pessoa diagnosticada com Síndrome de Asperger, e sua forma de funcionar no mundo diante das mais diferentes dificuldades que encontra em seu caminho. Khan é também mulçumano e está incluído no grupo das pessoas boas, pois como dizia sua mãe “só há uma única diferença entre os seres humanos, as pessoas boas e as más”. Apesar dos obstáculos impostos por seu funcionamento, o amor de sua mãe o permitiu desenvolver suas potencialidades, tornando-o um adulto inteligente e habilidoso. Ao trabalhar com a
Venda de produtos para salão de beleza, Khan conhece Mandira, uma cabelereira por quem se apaixona. Logo que compreende o que sente, embora tenha dificuldade tanto de expressar sentimentos como de fazer contato, ele se emprenha em convencê-la a se casar com ele. Mandira têm um filho que aos poucos vai se tornando também filho dele, que acaba por registrá-lo como tal. A família se muda para Los Angeles, onde a esposa começa o próprio negócio, um salão de beleza, onde o casal segue trabalhando, construindo a família tão desejada por ambos. Até aqui, somos convidados a compartilhar momentos de alegria com essa doce e pura criatura e sua determinação e pureza de lidar com o mundo. A trama muda de tom e nos proporciona momentos de tristeza e perplexidade diante de todos os acontecimentos a partir de 11 de setembro. Agora a discussão é sobre o outro lado da moeda. Estamos falando de todos os mulçumanos que foram discriminados a partir de então. Aliás, somos provocados a refletir sobre qualquer tipo de discriminação e o quanto as pessoas são impedidas de viver sua identidade com liberdade. Amor, ódio, vida, morte, luto, violência, solidariedade, perdas, determinação, todas essas possibilidades humanas de ser são apresentadas no romance que nos convida a olhar o mundo pelas lentes de nosso “diferente” personagem. Aquele que tem todos os aspectos para discriminação, nos mostra a simplicidade dos valores básicos da existência, afinal o que realmente importante na vida? Preparem os lenços, as emoções serão muitas, mas todas elas valerão muito a pena!
Logo no começo do filme já vemos que a história está sendo narrada por Risvan Khan (Shahrukh Khan), que está, em verdade, escrevendo tudo isso para Mandira (Kajol). É assim que ficamos sabendo que quando pequeno ele não era compreendido nem por seus amigos e nem por sua mãe. Ele visivelmente tinha algum problema, embora fosse ultra inteligente. Não se dando bem na escola, sua mãe acaba contratando um professor particular pra Risvan, potencializando sua inteligência. Assim, lá em São Francisco, a esposa de Zakir, psicóloga, descobre que Risvan é portador da Síndrome de Asperger, uma espécie de autismo “leve”. Pra ajudar o irmão, então, Zakir propõe a Risvan ajudá-lo na venda dos cosméticos da empresa em que trabalha, indo de porta em porta nos salões de beleza em são Francisco. Leia mais clicando aqui.
Resenha completa aqui.
Um filme interessante para se analisar os estereótipos e o preconceito étnico. (...) EUA, casa-se com uma hindu e após o ataque às torres gêmeas – 11 de setembro de 2001 – a sua vida muda completamente. A xenofobia contra muçulmanos acaba tornando a dinâmica social e psicológica da família de Khan insuportável. A jornada de Khan que é apresentada no filme trata-se de sua tentativa de provar que não é um terrorista. LEIA MAIS...
Apesar da dificuldade de encontrar críticas sobre o filme, alguns comentários de sites me chamaram muito a atenção, compartilho com vocês os principais, os outros poderão ser lidos no link abaixo destes.
Leonilda Boen disse:
Um homem que vê pessoas e não ideais, religiões, cor ou raça. Me impressionou a cena que ele paga 520 dólares para um jantar com o presidente e ajudar a África. A mulher lhe pergunta se ele é cristão ele diz que é muçulmano ela lhe devolve o dinheiro e diz que ali é só para cristão. Ele responde: " Fique com o dinheiro querida e dê para ajudar os africanos não cristãos".Visão única de um homem que questiona uma humanidade perdida em meio ao ódio, intolerância e violência , um amor e perdão genuínos.
Marcia Girola disse:
"Existe apenas dois tipos de pessoas no mundo, as boas que fazem o bem e as más que fazem mal. Esta é a única diferença." Um filme, uma obra ou uma lição de vida? Lindo, triste, emocionante, cômico ou dramático? Depende dos olhos e da experiência de cada telespectador. Enquanto a maioria vai se encantar com o amor, a questão da humanidade, o preconceito racial e religioso e se questionar sobre sua própria identidade, tirando ou vivenciando com o véu que esconde ou representa sua face, alguns poucos irão notar que um sujeito Asperger é capaz de memorizar os melhores ensinamentos e transpô-los na mais significativa e marcante aprendizagem sobre utra forma de se encantar com o mundo. E assim, criar uma nova esperança de que as pessoas podem mudar. Um Asperger pode não saber expressar seus sentimentos, pode ter manias que as pessoas ao redor podem achar estranhas ou simples loucuras, mas sua forma literal de 'entender' o sistema social pode nos fazer rever nossos pré-conceitos sobre tudo que nos cerca e tornar as vivências subjetivas a principal marca da existência humana. Pois, chorando ou não, as ações valem muito mais do que a tão famosa frase "eu amo você". lINK PARA OUTROS COMENTÁRIOS
SINOPSE
O filme “My Name is Khan” conta a história de Rizvan Khan, um indiano portador da síndrome de Asperger's, um tipo de autismo. Depois que se muda para os Estados Unidos, Khan se apaixona por Mandira, uma cabeleireira separada que vive com o filho Sameer (Sam). Khan é maometano e Mandira, hindu, mas suas diferenças religiosas não impedem que se casem. Os problemas começam com o 11 de Setembro, quando passam a ser atacados por sua origem étnica e devido a generalizações preconceituosas. Depois de sofrer bullying por parte de colegas, Sam é morto em uma briga, e Mandira, revoltada, culpa o marido, e lhe diz que ele só poderia voltar depois que dissesse ao presidente da república que ele não é um terrorista, e que o filho dela também não era. Rizvan interpreta isso literalmente, e empreende uma peregrinação para ter sua esposa de volta.
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sexta-feira, 22 de março de 2013

Diferença entre Psicologia e Psicanálise


Diferença entre Psicologia e Psicanálise




Adriana Tanese Nogueira


Psicologia e psicanálise não são a mesma coisa. Há uma distinção essencial entre elas que afunda raízes em suas origens, e cuja diferença leva a distintas perspectivas e métodos de pesquisa, portanto diferentes diagnóstics e diferentes resultados.
          O discurso sobre a alma (em grego antigo psyche-logos do qual a palavra psicologia vem) é uma investigacão que nasceu nos tempos da Grécia antiga, entre outras relacionadas ao universo, à vida e à política. O primeiro psicólogo foi Aristóteles (384 BC - 322 AC) um dos fundadores do pensamento ocidental e nosso grande classificador. Em sua vida de pesquisas, Aristóteles categorizou o inteiro mundo conhecido na época, incluindo moral e comportamento humano.
          A psicologia adentrou a idade moderna pelo trabalho de Wilhelm Wundt. Em 1879, ele fundou, em Leipzig, o primeiro laboratório dedicado exclusivamente à pesquisa psicológica. Muitos outros estudiosos seguiram e diferentes ramos da psicologia nasceram: Comportamentismo, Existentialismo, Cognitivismo entre outros são todos campos da psicologia.
          Desenvolvendo-se como um dos campos dos estudos experimentais, a psicologia era uma ciência entre outras. Sua filosofia de base fundamenda-se no Positivismo, de modo que o ser humano é abordado usando a mesma metodologia utilizada para estudar uma molécula, uma planta ou um peixe. A ciência tradicional estuda a natureza (e os humanos são parte dela) tentanto identificar suas leis, que uma vez descobridas ajudam a prever e entender como o todo funciona e portanto quais são suas anormalidades. 

          Freud (1856-1939), o fundador da psicanálise, não era um psicólogo. Era um neurologista e o novo campo do conhecimento que ele descobriu supunha um elemento desconhecido à psicologia e a todas as outras ciências convencionais: o inconsciente. Ele chamou esse conhecimento de psicanálise porque está baseado na análise da psique. Esta abordagem mantém a tradicional distância entre o observador (o analista) e o objeto de seus estudos (o paciente), portanto o analista fala pouco, escreve muito, e analiza o paciente, como fossem os dois de espécie diferentes. Por outro lado, este método na verdade sacode as fundações do método científico convencional.
          A referência principal da psicanálise é o inconsciente, o qual, por definição, está presente em toda pessoa, analista e paciente incluso, e influencia as atividades concientes e as percepções da realidade, distorcendo a visão e manipulando a compreensão racional. Freud de fato estava caminhando sobre um terreno instável que iria necessariamente levar a uma mudança na epistemologia psicanalítica. Epistemologia é o ramo da filosofia preocupada com a natureza do conhecimento, cujas perguntas são: o que podemos conhecer? Quais são os limites do conhecimento humano? Assim, se a psicanálise supõe o inconsciente como seu objeto principal de estudos e o inconsciente é o desconhecido (tudo o que não é consciente) que interfere com a forma como conhecemos o mundo, chegamos num aparente círculo vicioso. Como, então, podemos afirmar qualquer coisa com objetividade?
          Freud contava com sua auto-análise para ajudá-lo a compreender seus pacientes. Isto o coloca numa posicão completamente diferente daquela de um psicólogo que vê a si mesmo como um pesquisador externo, para o qual o estudo de uma medusa ou de uma pessoa está idealmente baseado nas mesmas premissas. Ao invés disso, Freud seguiu por outro caminho: através de sua experiência interior e do conhecimento assim obtido desenvolveu os instrumentos para melhor ajudar seus pacientes. Apesar de Freud oficialmente permanencer nos limites da epistemologia positivista, sua prática trai o fato que ele está na verdade quebrando este paradigma, modificando o método científico.
          Quem se tornou consciente dessa revolução e de suas consequências foi Jung (1875-1961), o qual alcançou horizontes que Freud não poderia jamais imaginar. O histórico de Jung due-lhe a liberdade para investigar o campo desconhecido que a psicanálise freudiana havia aberto. O método científico positivista (oriundo das ciências biológicas) foi substituído por aquele dialético (oriundo da filosofia) que melhor combina com a psique. A metodologia de Jung aprofunda o dialogo que já Freud utilizava, usando-o mais intendamente, e investe na auto-consciência do analista e na relação mais do que na “analise” de for a para dentro do paciente.
          Para Jung, não somente os sonhos são, como disse Freud, o caminho principal para chegar ao misterioso elemento em nós, o inconsciente, como a inteira vida psíquica, uma vez que se tenha olhos para realmente enxergar, revela elementos e orientações, e o inconsciente é mais do que um perturbador das atividades conscientes. Analista e paciente estão ambos engajados numa jornada de descoberta e de  crescimento. Durante os muitos anos de experimentação e aprendizado a partir de sua vida interior Jung foi desenvolvendo sua psicologia analítica, que apesar de representar um passo a frente em relação à psicanálise freudiana, pertence ao mesmo campo que Freud primeiro traçou. Ambos não devem nada à corrente contemporânea de “psicologia científica”.
          Se a psicologia estuda um ser humano como poderia estar estudando qualquer outro mamífero e a psicanálise está baseada no dialogo entre duas pessoas, então o primeiro psicanalista na história ocidental foi Sócrates (469 BC-399 BC), pois seu método preanunciava a semente da qual a psicanálise iria nascer: o dialogo. Sócrates acreditava que todos possuiam mais conhecimento do que podiam imaginar. Através do dialogo, ele era capaz de fazer uma pessoa pensar e chegar à suas próprias conclusões, desenvolvemento uma surpreendente compreensão da vida e de si mesma.
          Resumindo, a psicanálise é precisamente o dialogo com o inconsciente. O psicanalista interage com seu inconsciente e o do paciente, ajudando este último a fazer o mesmo. Este é o objetivo da análise, enquanto a “terapia” tem o objetivo de “curar” como a palavra diz. Em Jung esta idéia é levada adiante e está visível na setting analítico que inclui graficamente duas cadeiras de frente uma para a outra. O divã freudiano implica que o analise investiga o inconsciente do paciente deixando o próprio de lado. No setting junguiano o dialogo acontece em, pelo menos, quatro níveis: duas pessoas conversam, dois inconscientes interagem (através de sentimentos, sonhos e linguagem não verbal), duas pessoas se tornam concientes da interação inconsciente e de seus significados; uma pessoa ajuda a outra a se familiarizar com isso e começar sua jornada desdobrando sua própria unicidade.
          É por isso que, em psicanálise normalidade é um conceito questionável, pois ele se refere ao mediano, à média estatística que ninguém gosta de ser. A normalidade que se busca em psicanálise é a incomparável singularidade da individualidade humana. Não só, a psicanálise, em sua versão junguiana e pós-junguiana, se parece com a Física Quântica e sua revolucionária abordagem à matéria. O observador e o observado interferem um com o outro sendo a objetividade no sentido tradicional impossível. Não é por acaso que a psicanálise nasceu na virada do século vinte junto à física moderna. Ambas pertencem ao novo paradigma epistemológico acerca da compreensão da vida e de seu significado.

Transferência e Contratransferência

Transferência e Contratransferência




transferência e a contratransferência são uma forma de projeção típica da relação terapêutica entre paciente e terapeuta e pode-se caracterizar de forma positiva, com sentimentos de afeto e admiração, ou negativa, com sentimentos de agressividade e resistência, dependendo dos laços inconscientes e emocionais que emergem nesta relação.
Denominamos “Transferência“, as projeções relacionadas a reações emocionais do paciente, dirigidas ao analista. A “contratransferência” envolve sensações, sentimentos e percepções que brotam no terapeuta, emergentes do relacionamento terapêutico com o paciente: como respostas às manifestações do paciente e o efeito que tem sobre o analista. É um sinal de grande significação e valor para orientar o terapeuta no trabalho analítico.

Cenário que exemplifica a “relação transferêncial”:

Cenário que exemplifica aspectos do
Neste cenário vemos o Obstetra com aparturiente e a sua volta acontece um amplo e abrangente ritual de cura: os instintos simbolizados pelo veterinário, as emoções simbolizadas no Cardiologista, a alma humana cuidada pelo Psicólogo, o corpo físico peloClínico Geral e o Oftalmologista que nos ajuda a “enxergar melhor”. Esses profissionais são observados pelo casal de macacos abraçados.
Este cenário reflete a busca do paciente por uma integração saudável e plena, revelando saúde de espírito e mente bem estruturada. O casal de macacos amorosamente abraçados simboliza a relação transferêncial positiva e o vínculo sólido. O obstetra personifica o terapeuta que por meio da continência segura e protegida, assiste o renascimento de seu paciente para uma nova fase de vida.

quarta-feira, 20 de março de 2013

O agradecer


O agradecer

Olhar Interior, 24 de fevereiro 2013



 
Olhar Interior, 

O agradecer

Existem atitudes que deviam fazer parte da nossa rotina, mas, devido a uma série de fatores (ou de desculpas?) acostumamo-nos a não utilizá-las e consequentemente a desperdiçar tudo de bom que poderíamos obter como retorno.
Uma delas é o ato de agradecer. Pedimos, pedimos e pedimos. Às vezes recebemos, e quase nunca agradecemos; às vezes não recebemos o que pedimos e aí é que não agradecemos mesmo! E ignoramos que uma força maior pode apenas estar nos livrando de algo indesejável.
Já pensou em quantas vezes você agradeceu hoje? Tenho certeza que você tem motivo para isso... E olha, não se preocupe se alguém vai agradecer a você ou não. Faça a sua parte e pronto.
E para se motivar a agradecer, observe como se sente quando alguém agradece a você. Essa sensação gostosa é a mesma que a outra pessoa vai sentir. Então, vamos distribuí-la? Pense em alguém que fez algo para você. Mantenha contato e agradeça. Pode ser o início de uma grande mudança. Ok?
Ah, sim. Obrigado por ler essa minha reflexão.

Odilon Medeiros – Psicólogo

Psicanálise Coletânea.


 Segue abaixo link deixado pelo nosso leitor Rafael C. com material de psicologia/psicanálise. Tem bastante material, vale a pena conferir.
Um grande abraço e até mais.

Psicanálise 


http://pt.scribd.com/collections/3125020/Psicanalise

Livros para baixar


Livros para baixar

Cultura Popular e Educação (2008) - SILVA, René Marc da C. (Org.). Cultura Popular e Educação – Salto para o Futuro. Brasília: Ministério da Educação/SEED/TV Escola/Salto para o Futuro, 2008.

Práticas de Leitura e Escrita (2006) -CARVALHO, Maria Angélica F.; MENDONÇA, Rosa Helena (Org.). Práticas de Leitura e Escrita. Brasília: Ministério da Educação, 2006.

Integração das Tecnologias na Educação (2005) - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (Org.). Integração das Tecnologias na Educação. Brasília: Ministério da Educação/SEED/TV Escola/Salto para o Futuro, 2005.

Entre neste link:

domingo, 17 de março de 2013

O medo está fora do controle!


Transtorno
Fobias: o medo está fora do controle!

Estudos pelo mundo apresentam um resultado que assinala algo em torno de 25% da população ligada, de alguma forma, ao medo fóbico. Esse distúrbio pode atingir até duas vezes mais mulheres


O medo é inerente ao ser humano. Sentimos medo quando algo ameaça a nossa sensação de estabilidade, o nosso equilíbrio. As reações ao medo podem ser as mais adversas: enfrentamento, fuga ou entrega. Você já deve ter ouvido: “enfrentei o problema com a cara e a coragem”, “nem pensei,  quei com medo e saí correndo” ou “paralisei de medo”. Ter medo é uma questão natural e valida o nosso instinto de sobrevivência. A fobia é um medo exacerbado e desproporcional, que prejudica os relacionamentos sociais.
O termo fobia signi ca um medo desproporcional relacionado a objetos, situações ou comportamentos de tal monta que é considerado um distúrbio psicológico. Uma hipersensibilidade que desencadeia grande ansiedade, tornando a situação um agente estressor capaz de gerar sensações de medo e pavor em níveis tão altos que podem modi car de forma prejudicial o comportamento social de uma pessoa. Desse modo, a fobia pode causar perdas e limitar o sujeito fóbico em suas ações, podendo mesmo imobilizá-lo ou promover o surgimento de sintomas ainda mais graves com doenças psicossomáticas.
Existem estudos pelo mundo que apresentam um resultado que assinala algo em torno de 25% da população ligada, de alguma forma, ao medo fóbico. Esse extrato teve, tem ou terá, em algum momento da vida, um episódio de fobia. Os estudos também indicam, com um pouco de incerteza, que esse distúrbio atinge duas vezes mais mulheres que homens. O per l de fobia mais comum é o horror de se sentir objeto de observação e avaliação pelo outros, a fobia social!

Sintomas presentes na fobia
O aumento de produção de adrenalina e a requisição de recursos para a fuga ou ataque começam por alterar o ritmo cardíaco e a taxa respiratória. Os tremores musculares podem surgir e pode ocorrer uma hiperatividade com desorganização motora, baixo limiar para respostas motoras (“sobressaltos”), evitação ou afastamento. O modo de pensar, aspecto cognitivo, fica prejudicado, pois o organismo está de prontidão em relação ao agente estressor e, em reação reflexa, produz alterações bioquímicas de defesa aos estímulos percebidos, deixando todo o resto do metabolismo em segundo plano até que a ameaça cesse. Vômito, diarreia, choro ou desmaio podem ser consequência da impossibilidade de afastamento ou enfrentamento da situação gatilho do processo.
Alguns sintomas são de ordem subjetiva, como a apreensão, preocupação desmedida, previsão de ameaças e sensações de medo mesmo sem o objeto ou situação estressora, o que torna a vida do indivíduo fóbico, dentro deste processo, um verdadeiro inferno.
Sem o tratamento adequado, muitas vezes, ele tem de adaptar sua vida para evitar o confronto e suas consequências fisiológicas e subjetivas.

A fobia simples diz respeito ao medo intenso restrito a situações específicas, como a presença de animais, fenômenos da natureza, avião, ir ao dentista ou hospitais etc. Também envolve a preocupação sem a presença do elemento estressor
Mecanismo de defesa Segundo Jung, todo sintoma é uma tentativa de autocura do corpo. Nesse modo de pensar, o transtorno de ansiedade, base primeira da fobia, deve estar servindo como um elemento de proteção agindo de forma a preservar o corpo de alguma ameaça que, pela perspectiva do inconsciente, pode ser extremamente danosa. Esse mecanismo de defesa difere dos outros transtornos de ansiedade, pois tem uma característica especial: só se manifesta em situações particulares. Estas podem ser divididas em dois grandes grupos, como podemos encontrar na quarta edição do Manual Diagnóstico e Estatísticas dos Transtornos Mentais (1995), o DSM-IV, onde as fobias são assim quali cadas:
1) FOBIA ESPECÍFICA: antes denominada “fobia simples”, diz respeito a medos intensos, restritos a situações especí - cas, que podem ser claramente discerníveis como: a presença de animais, fenômenos da natureza, avião, ir ao dentista ou hospitais etc. Também pode envolver a preocupação acerca do objeto, ou seja, sentir o medo irracional mesmo sem a presença do elemento estressor.
2) FOBIA SOCIAL: a característica essencial é um medo acentuado e persistente de situações sociais ou de desempenho nas quais o individuo pode sentir embaraço. Como exemplo: falar, comer, escrever em público ou ir a festas. Um estudo mostrou que 20% das pessoas citavam medo excessivo de falar em público, mas apenas 2% se encontravam dentro do per l da fobia social. Mesmo assim, falar em público aparece em primeiro lugar entre as fobias sociais.

A fobia é um medo exacerbado e desproporcional, que prejudica os relacionamentos sociais

Já a fobia social se caracteriza pelo medo acentuado e persistente de situações sociais, como ir a festas. Falar em público aparece em primeiro lugar entre esse tipo de fobia
Medo é uma das emoções primárias do homem e surge no processo evolucionário como um alerta ao perigo. Ele pode evoluir para a raiva e transformar o sujeito numa máquina de agressividade ou para o pavor e fazer com que ele fuja do combate. Então, o medo é uma forma de ansiedade ou estamos usando palavras diferentes para a mesma sensação? Este é um problema semântico e enfrentaremos vários quando se trata de emoções, isso porque possuímos muitas nuances emocionais diferentes e, para di cultar um pouco mais, podemos sentir mais de uma ao mesmo tempo, o que iria necessitar de um cabedal com 10 mil palavras só para nominar as expressões faciais resultantes dessas emoções.
Já a fobia é o medo irracional, além da medida apropriada, para se tomar uma decisão. Dura mais tempo que o medo normal e provoca uma forte produção hormonal, altera o batimento cardíaco, inicia um processo de sudorese, altera o sistema digestivo e respiratório e, quando excessivo, pode até levar ao desmaio, uma forma extrema de fuga à situação. Além disso, o objeto desse medo intenso pode não ser tão signi - cante assim para a maioria das pessoas. Assim, uma característica da fobia é uma grande desproporção entre a emoção e a situação que a provoca, sem que tenha uma explicação razoável para isso, com ausência de controle voluntário e uma tendência à evitação dessa situação a qualquer custo.
A diferença entre fobia e medo é quantitativa: de tempo e intensidade!
• Etimologia •A palavra “fobia” deriva do grego Fobos (phobos), deus do medo, filho de Ares e Afrodite e irmão gêmeo de Deimos. Nas guerras, os dois sempre acompanhavam o pai, deus da guerra Ares. Fobos incitava um medo terrível nos inimigos, que fugiam ao se deparar com ele, sempre acompanhado de seu irmão Deimos, o terror. Interessante é que os dois nasceram de uma relação de estresse profundo, pois o marido de Afrodite, Hefesto, sabendo que ela mantinha encontros com Ares, preparou uma emboscada. Hefesto era um exímio ferreiro e montou uma armadilha que aprisionou os dois amantes em uma rede invisível. Como castigo exibiu os dois nus aos deuses numa grande humilhação pública. No entanto, Fobos e Deimos ainda têm uma irmã: Harmonia! Podemos então imaginar que, da Mitologia, vem uma lição sobre o surgimento e a possibilidade de harmonização das emoções provenientes do medo patológico.
FilogenéticaDurante a evolução, algumas “predisposições  logenéticas” (SELIGMAN, 1970) selecionaram comportamentos de evitação para a sobrevivência das espécies. Essa proposta explica uma universalidade de alguns medos, que podem passar a fóbicos, por alguma experiência traumática ou não. Em verdade, existe uma forte vulnerabilidade constitucional que predispõe as pessoas a desenvolverem transtornos de ansiedade em relação a esses medos que já vêm implantados em nossa memória genética, tais como: insetos, lugares altos ou fechados, animais predadores, escuridão, água e fogo, situações ou elementos que podem causar dano letal. As fobias relacionadas a esses gatilhos seriam, por assim dizer, mais naturais, pois bastaria apenas uma experiência mais forte para ocasionar o processo de surgimento de uma verdadeira fobia.
Isso facilita entender por que alguém que nunca teve um contato direto com o mar possa sentir medo diante da visão, pela primeira vez, da imensidão azul. Existe um programa rodando dentro do cérebro, preinstalado, que alerta sobre o perigo do afogamento. Após se sentir seguro – aprender a nadar ou adquirir uma boia –, este processo de evitação pode ser diminuído ou totalmente extirpado. Caso contrário, se, em alguns casos, ocorre um evento que quali que a água como real perigo, o medo será intensi cado a ponto de poder se transformar em uma fobia. Naturalmente, acreditamos, deve valer para todos os objetos e situações previstas como de risco pela nossa aventura evolucionária.

NORMOPATIA


NORMOPATIA


Normopatia é a patologia da normalidade. A palavra vem de NORMO (normal) + PATIA (doença, sofrimento, paixão).

O termo foi criado para retratar um certo tipo de pessoa aparentemente bem adaptada e normal, sem nenhum conflito psíquico ruidoso, neurótico ou psicótico. É uma beleza de sujeito! Sério, honesto, trabalhador, cumpridor dos deveres, bom que dá gosto! Vai à missa todo domingo, confessa e comunga.

No entanto, tudo que esse sujeito faz, acaba num impasse. Ele nunca é “sim” e “não”, ele é “nim”. Não é que ele não “saia de cima do muro”: ele é o muro! Como não consegue fazer um mergulho profundo dentro de si, acaba sendo o famoso “sem sal”. Geralmente nem consegue terminar as coisas que começa. Muita iniciativa, pouca continuativa, nenhuma acabativa.

Mas por que normopatia e não normalidade? Porque é uma normalidade falsa ou apenas aparente. É uma normalidade estereotipada ou reativa decorrente de um processo de sobreadaptação defensiva. O sujeito não é aquilo que aparenta. Aquilo é apenas a blindagem com que ele se protegeu para sequer entrar em contato consigo mesmo. É que lá dentro habitam desejos inconfessáveis.

Onde encontramos essa “normalidade”? Encontramos, sobretudo, em gente refratária: aqueles que não sentem, não choram, não se condoem. Mas também vamos encontrar essa configuração psíquica entre somatizadores, desviantes sexuais, drogadictos...

Esses sujeitos possuem pensamento operatório. Pensamento operatório é aquele tipo de pensamento feito para resolver problemas, consertar coisas, trocar pneus. Se você furar o pneu do carro, precisa ter um sujeito desses do lado. Mas precisa dizer pra ele que o pneu furou, senão ele nem vê. Eles até são capazes de resolver coisas práticas. Mas para conviver e conviver com eles é dureza! Ele transita pelo mundo com uma pobreza muito grande de expressão simbólica: dá a impressão de ser um robô. É um sujeito feito para casar, mas não para namorar!

Se você for adiantado em anos, certamente, vai se lembrar do Sr. Spock, o vulcano da Jornada nas Estrelas. Ele não entendia como os humanos não se expressassem diretamente naquilo que queriam. Ele era normopata. Aliás, nem isso, ele não era humano. Nós, os humanos, não expressamos diretamente aquilo que queremos. Com exagerada freqüência, fazemos SP-Rio via Moscou. Não existe sequer uma trilha no meio do mato em linha reta. Os humanos não andam em linha reta.

O normopata anda apenas em linha reta. Uma pessoa assim só fala de coisas atuais. Dá a impressão de que não tem história nem recordações. E, se tem, nunca se refere a elas. É um sujeito com a profundidade de um pires e a cara de azulejo de parede. Se você jogar tinta, ela escorre.

Um normopata não pede ajuda. Para ele, “está tudo bem!” Se chega a pedir ajuda, é sempre para os outros: os filhos, os pais, os cônjuges... Eles é que precisam de ajuda, ele mesmo, ara, jamais! Ele não sofre nada. Se sofre, é por causa “desses aí”. Nem preciso dizer o quanto um sujeito (ou sujeita) assim foge dos compromissos consigo mesmo. Eles escondem o problema e se escondem atrás do “está tudo bem!” O mundo é que está errado, os outros é que estão errados. Com eles, está sempre “tudo bem!”

É que o neurótico (gente comum como a gente) tem queixas. O normopata, não, ele em teorias. Tudo para ele está previamente teorizado e enlatado. A vida para ele é um bolo-de-caixinha e a receita para todas as questões existenciais é sempre a mesma. Até porque, para ele, não existem questões existenciais. Um bolo-de-caixinha ou um sorvete de máquina são muito mais variados que o modo como esse sujeito enxerga a existência.

Por demonstrarem pouca capacidade afetiva, é difícil para um normopata chorar, e a impressão de que deixam é a de serem pessoas “secas”. Vários normopatas privilegiam apenas o aspecto material da vida. “Primeiro, você ganha dinheiro, depois vem os amigos!” Já ouvi de um deles, em priscas eras. É que foi removida a capacidade de sonhar e o devaneio, tão próprios, aliás, tão exclusivos da espécie humana.

De certa forma, todos somos normopatas em algum grau. O que varia é a intensidade: o botão do volume. Também como eles, muitas vezes, atravessamos a vida presos à realidade como um náufrago a uma pequena tábua de salvação. O fato é que todos nós nos agarramos à pequena tábua de salvação apenas até que apareça um barco salva-vidas. No caso em questão, na vida de um normopata, a tábua já serve de barco salva-vidas. Tudo o que ele tem é só o que ele tem e nada mais. Triste, não?

Vem cá, como isso aconteceu? Ou o quê aconteceu pra isso acontecer?

Uma das funções da Mãe é manter a constância. Constância proporciona sensação de segurança. Se o bebê experimenta Mãe como inconstante, isso gera angústia. E o bebê resolve a angústia suprimindo a Mãe e colocando no lugar dela uma parte de si mesmo. A Mãe deixa de ser o espelho gerador de confiança. Com isso, não é mais a Mãe que fascina o bebê: ele próprio se fascina.

Viram que escrevi Mãe com maiúscula. Não se trata apenas da figura física. Mãe não é figura física (com CPF e RG). Mãe é figura jurídica (tem CNPJ). O senso comum sabe que mãe não é aquela que gera, mas a que cuida. Até o senso comum sabe que ser Mãe: cuidar, amar, zelar, é mais do que simplesmente ser mãe: gerar, parir, procriar.

Daí pra frente, durante a vida, esse sujeito sempre irá substituir a outra pessoa por qualquer outro objeto harmônico toda vez que precisar sustentar sua própria fragilidade e a procura de tranqüilidade. O objetivo será sempre eliminar a tensão. Na verdade, todos queremos isso. A diferença é que o normopata quer eliminar toda tensão.

Mas o que fazer, se as relações são sempre conturbadas? O normopata não tolera isso. Ele procura quem os idealize, quem os estime como um objeto superior. Para tanto, projeta no outro sua baixa-estima: o outro não presta. Para tanto, encontra no outro sua própria imagem idealizada. Quando ele diz: Como esse sujeito é bom! – na verdade, está apenas dizendo: Como eu sou bom!

O normopata não tolera diferenças. O fato, em si, de existir a diferença é difícil de suportar. A estratégia empregada será a de achatar as diferenças entre ele e o outro. Ele só procura objetos em comum com quem possa sustentar e manter a imagem ideal de si mesmo. Imagem ideal, portanto, frágil.

Esse sujeitos são propensos à harmonia. Mas, não se enganem, é uma falsa harmonia. Como eles rejeitam a diferença, são avessos a acolher as complexidades da convivência humana, porque nessa, eles vão encontrar as diferenças que detestam. Dessa forma, evitam questões internas complexas, reduzem a vida social, e só a mantém em alta quando se trata de lugares onde possam exibir sua superioridade estereotipada. “E aí? Como vai? Tudo bem, né!” Eles mesmos perguntam, eles mesmos respondem, e ai de quem ousar responder.

O objetivo de evitar qualquer encontro mais profundo com o outro é se proteger de qualquer encontro mais profundo consigo mesmo, naquilo que nem sempre é possível querer encontrar dentro de si mesmo. Para poder se conduzir na vida sem nenhum atropelo, um normopata se refugia no pedestal que construiu, onde ele mesmo, na certa, morre de solidão. Mas fazer o quê? É o pedestal que lhe dá a garantia da distância da diferença que ele não suporta. A Igreja Católica conhece São Simeão Estilita (não estilista, stylos é pilar em grego). Ele era um asceta sírio do século V, que passou a vida em cima de uma coluna de pedra de dezessete metros de altura. Vai entender!

Daí que esses sujeitos acabem sendo enfadonhos. No casamento, geralmente, procuram um parceiro vigoroso e interessante, desde que ele não constitua um desafio à baixa auto-estima. Uma geladeira sempre procura outra geladeira; vez ou outra, procura um fogão. Os parceiros são o objeto de idealização. Mas é preciso muito cuidado: a imagem que ele faz do outro se quebra com muita facilidade. O vidro desse espelho é muito fino. É preciso sempre pisar em ovos, “pois qualquer desatenção, faça não, pode ser a gota d’água!” Para o espelho não se quebrar tem sempre que dizer “sim”. “Espelho, espelho meu, existe alguém mais bela do que eu?” Nesses casos, existe sempre um espelhamento empático: como o do bebê e sua mãe. Lembram-se que o bebê não mama leite? O bebê mama olhar. Mas o bebê cresce, não é!

Essas pessoas não suportam críticas nem julgamentos. Diante de qualquer crítica, desponta vigorosa a agressividade. Toda vez que o espelho se quebrar, surge a ansiedade, ansiedade gera vazio interno, vazio interno produz agressividade. Ataques de ansiedade geram descarga de pânico. Esse pânico é a raiva projetada a fim de restaurar a harmonia.

Esses ataques, panicosos ou agressivos, removem a alteridade diferenciada. O outro (diferente) é uma ameaça que precisa desaparecer. O normopata faz tábula rasa da vida. Porém, responda, há castigo pior? Esse procedimento empobrece os sentimentos, a criatividade, a vida. Desaparece a expressão criadora. Desaparece a capacidade de luta. Lutar implica reconhecer diferenças. O normopata se refugia com medo da diferença. Que sujeito “sem sal”!

O homem, antes de ser um animal racional (como propôs Aristóteles) é um animal simbólico. O homem e o castor fazem a mesma coisa: diques e pontes. O homem e o joão-de-barro fazem a mesma coisa: casas populares. O homem e o macaco procriam: geram prole prolixa! A diferença é que o homem convida para a inauguração, corta a fita, chama a banda, faz churrasco, mostra a casa para os amigos, dá nome aos filhos e sonha com o que eles serão quando crescerem. Nenhum outro animal faz isso.

O homem cria símbolos. O símbolo vem da capacidade de sonhar e do devaneio. A conseqüência da ausência de símbolos se traduz numa ausência de afeto e num sério transtorno cognitivo. Para quem lida com a questão religiosa, está aí a raiz do materialismo ateu. O normopata é um ateu, mas nem isso ele sabe de si.

Perdoe-me o pleonasmo, mas o homem é uma singularidade única. Você é uma singularidade única! O que faz de você “essa singularidade”, o que faz você ser você e não outro, a sua impressão digital da alma é a sua capacidade de sonhar e de se expressar cognitiva e afetivamente através de símbolos.

Você é singular. Não existem estatísticas a não ser para a matemática. A normalidade não tem nada a ver com estatística. A normalidade só pode ser concebida de acordo com a lógica interna de cada um, na sua relação consigo mesmo e com os outros.

Mas, e agora, como definir o que é normal? Direto para o início da vida! No início da vida, você não tinha recursos para distinguir o normal e o anormal. Aliás, naqueles gloriosos dias, você sequer tinha recursos para distinguir realidade e alucinação.

O primeiro passo da criança diante da fome é alucinar o seio. Ela vive um estado inicial de fusão entre ela e a mãe. A mãe e ela são uma coisa só. Aos poucos, ela vai perceber o seio como separado dela. Isso acontece depois de muitas e sucessivas experiências de satisfação e frustração. Essa alternativa – satisfação-frustração – possibilita a construção de uma noção de realidade. Começa bem cedo a mais importante aquisição da nossa espécie: a distinção entre eu e não-eu, entre eu e outro. Sim, porque no comecinho, tudo é só “Eu”. Muita gente permanece assim até o finzinho!

Quando essa distinção não é feita, a criança continua pensando que ela e mãe são uma coisa só. Conseqüência Nº 1: o mundo e ela são uma coisa só. Conseqüência Nº 2: o mundo tem de se adaptar a ela e fazer só o que ela quer. Vocês conhecem pessoas que só aceitam o mundo do jeito delas?

A primeira lei do pensamento é essa: tudo o que acontece é percebido e tudo o que é percebido deixa rastro. Aristóteles dizia que nada está no intelecto sem que primeiro não tenha passado pelos sentidos. A gente percebe até quando dorme: é comum sonhar com campainha quando o relógio toca.

Portanto, se algo aconteceu e não deixou rastro, alguma interferência muito séria houve. Algo entrou aí, nesse meio, e interceptou a comunicação de tal forma que, você sabe que deveria estar, mas não está. Quando a interferência é muito séria, ocorre da marca ser apagada antes de ser produzida. Nesse caso, o rastro do percebido não chegou a ser incluído para depois ser excluído. Ele não é nem incluído nem excluído, e nem por isso deixa de ser. Quando isso acontece, o que fica no lugar é um vazio.

A princípio, existem duas realidades: a realidade externa e a interna, o mundo de fora (que chamamos de “realidade”) e o mundo de dentro (que chamamos de “fantasia”).

Mas, agora, nós sabemos que existe uma terceira realidade. Primeira realidade: a interna. Segunda realidade: a externa. Terceira realidade: o vazio. O vazio é o externo que não virou interno. Ele ocupa tanto espaço e é tão denso que dá até pra cortar com faca.

O normopata não confunde os dois mundos: interno externo. Para ele, os limites desses mundos são muito claros, até porque, para ele, o que existe é só o mundo externo. O mundo interno, povoado de desejos e fantasias, não existe. “É coisa de quem não tem o que fazer!” É que ele vive no terceiro mundo: o vazio. Ele se aloja no vazio. Como um caramujo que carrega a concha e se protege, mas sozinho, dentro dela.

A realidade interna é suprimida. A realidade externa é super-investida de modo compensatório. Na verdade, compensatório, do quê? Da perda das associações. Porque as associações vão trazer lembranças, as lembranças trarão diferenças, e as diferenças incomodam tremendamente. E é disso que o normopata foge: das lembranças e das diferenças. “Para mim, só interessa o presente, o hoje.” “Quem vive de passado é museu.” “Eu não me lembro de nada” (Um caso sério de amnésia!) “Só lembro daquilo que eu quero.” (Chave de disjuntor?) Quanto mais frágil o objeto blindado, maior há de ser a blindagem. Não se lembrar de nada é uma boa blindagem.

Pois é, que bom se fosse assim! Que bom se a gente tivesse o controle onipotente de tudo! Seria tão fácil fazer regime! Mas a vida não é assim.

Qual é o resultado da normopatia?

Resultado para a vida emocional
O sujeito funciona como um robô impessoal e estereotipado, se tratando sempre na 3ª pessoa (a gente!). Há quem atenda ao telefone e responda: “Ele!”, no lugar de “Eu!” Contam que Edinho, filho do Edson Arantes do Nascimento, um dia, abriu a porta e gritou: Mãe, o Pelé chegou! Era tamanha a distância entre eles que o menino conhecia o Pelé da TV, mas não o pai. O resultado...

Resultado para o corpo
Angústias difusas: sobressalto, inquietude, ansiedade expectante. Insônia, vertigens locomotoras, agorafobia ou claustrofobia, maior sensibilidade à dor, afecções psicossomáticas e alimentares.

Resultado para as relações
Casamentos desastrados já na lua-de-mel. Empregos e faculdades que começam e não vão em frente. Alguém traduziu isso assim: “Muita iniciativa, pouca continuativa e nenhuma acabativa!” Retração narcísica e embotamento afetivo. Desinteresse pela vida, por tudo e por todos. Perda do sentido da transcendência (tudo é só aqui e agora).

A maior tarefa para quem acompanha um sujeito assim é ajudá-lo a construir a própria história. Construir mesmo, entende? Há pessoas além do peso e da idade, mas sem nenhuma história pessoal. É preciso colar as figurinhas no álbum. Em muitos casos, é preciso, até, inventar as figurinhas para serem coladas. Dá uma canseira! Eu brinco sempre que, geralmente, as pessoas nos procuram para desatar os nós. Nesses casos, diante de um normopata, a gente tem de inventar a corda.