Filme Ferrugem E Osso
(De rouille et d’os / Rusty and Bones) - Bélgica/França, 2012.
Encarregado de cuidar de seu filho, Ali deixa a Bélgica e viaja para Antibes para viver com sua irmã e seu marido como uma família. O vínculo de Ali com Stephanie, uma treinadora de baleias assassinas, cresce cada vez mais, depois que Stephanie sofre um acidente horrível.
Todos tem medo do fracasso. Perder um emprego, o desfazer de um casamento, a morte, a solidão. Mas o que dói mais não é momento em que se perde tudo, mas sim o refazer, o reconstruir, o começar de novo. Uma nova vida não se faz em um dia, uma semana. Talvez demore mais de um mês, mais que um ano. E nesse processo tendemos a errar ainda mais. É doloroso ter que aprender a andar novamente, mas com as cicatrizes para nos lembrar, com as marcas da derrota na pele é ainda mais doloroso. E é disso que o filme Ferrugem e Osso (De rouille et d’os / Rusty and Bones) se trata. É um filme honesto, direto e muito sensível. O longa mostra que nem sempre aquilo o que achamos mais lindo e poético é o que nos acontece. E, no momento em que tudo ao nosso redor desmorona, nós temos as nossas marcas, nossas cicatrizes, nossos ossos quebrados que nos lembram o que é realmente importante.
Muitos afirmaram que o filme, que também é francês, lembra muito o sucesso mundial Os Intocáveis. Na trama deste outro filme de produção francesa temos um personagem que tem problemas físicos e depende de outro para suas tarefas básicas. Esse outro é ríspido, duro, direto. E eles aprendem um com o outro a serem pessoas melhores. Mas as semelhanças terminam aqui. Ferrugem e Osso é muito mais direto e corajoso. É como um soco no estômago. Não emociona com cenas bonitas e românticas. Ele choca justamente pelo oposto. É impactante pela agressividade de um pai com seu filho, é cortante quando revela a crueldade do destino com uma mulher. É marcante pela solidão de uma criança. E tudo isso nos comove. Como eu disse anteriormente, é disso que o filme se trata.
O filme é uma história de amor que começa quando dois mundos desmoronam
A atuação de Marion Cotillard e Matthias Schoenaerts é magnífica. Sensível, a atriz mostra toda a angústia e desespero da personagem. A fotografia é linda, mostrando em cada cena a ambientação adequada, como no momento em que Stéphanie (Marion Cotillard) sai de seu apartamento e sente o sol depois de muito tempo. O filme foi indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2012. Justíssima indicação.
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