A inveja é um espelho que revela uma parte de quem somos.
Muito antes do surgimento da psicanálise, a inveja era tida como um dos maiores problemas da humanidade. Para o escritor inglês Geoffrey Chaucer a inveja se entristece com a bondade e prosperidade dos outros, mas se deleita com a desgraça alheia. Sim meus amigos, a singularidade da inveja implica em NÃO ter um fim positivo.
Kate Barrows, psicanalista didata da Sociedade Psicanalítica Britânica, descreve uma questão importante e, muitas vezes, usada erroneamente pelas pessoas. Confunde-se inspiração com inveja e é aqui que se percebe o uso de expressões como “tenho inveja de você no bom sentido” ou “inveja branca”.
Inspiração é aquela emoção que NÃO tem caráter nocivo, prejudicial e consiste em determinada aflição decorrente de uma admiração que faz o indivíduo se conscientizar das suas deficiências, no entanto, por imitação, pode levar o sujeito a motivar-se a transformações e mudanças em geral na sua vida bem como a aceitar suas próprias limitações e NÃO apresenta fatores destrutivos. Traduzindo: “invejo-admiro em você as virtudes, as habilidades e beleza, mas não significa necessariamente que eu queira destruí-las.”
A palavra inveja deriva do latim invidere que significa não ver. A inveja é “a sensação de desconforto, raiva e angústia perante a constatação de que outra pessoa possui objetos, qualidades, relações que o indivíduo gostaria de ter, mas não tem. A inveja pode ser importante fonte de sofrimento em indivíduos imaturos, extremamente neuróticos e com transtorno de personalidade. Além disso, a inveja intensa pode ter efeitos devastadores nas relações interpessoais.” (Paulo Dalgalarrondo, 2000).
“o ódio intrínseco na inveja afeta o homem de tal modo que ele se entristece com a felicidade de outrem e também, ao contrário, se alegra com o mal de outrem.”
A inveja é um sentimento complexo alimentado por uma gama de estados emocionais como: inferioridade, abandono, baixa estima, egoísmo, incapacidade, ódio, raiva, vazio interior, frustração, insegurança, complexos, entre outros, e possui um caráter destrutivo. O mecanismo responsável é a comparação.
No seu emocional, o sujeito invejoso diante do seu desequilíbrio, deseja destruir, no mundo real ou no seu universo imaginário, o seu objeto invejado, por não suportar tais sensações. Traduzindo: “você tem (ou é) fatores que eu admiro e gostaria de ter (ou ser) e é feliz, logo, é melhor do que eu. Não aceito, não admito e não quero que você seja feliz já que eu não sou. Quero te destruir, pois se eu não sou feliz, ninguém será.” Buenas, o invejoso tem grande interesse na vida alheia e é geralmente muito bem acompanhado de solidão, culpa, tristeza e orgulho. Muitas vezes tem dificuldade em aceitar ajuda por acreditar que o outro é melhor do que ele e deseja diminuí-lo.
A simples paz de espírito de outra pessoa pode ser motivo de inveja. Atenção: às vezes ela encontra-se disfarçada de fofoca e críticas destrutivas.
O fato é que a inveja existe e está presente em todas as esferas do relacionamento humano, manifestando-se em vertentes do nosso quotidiano entre amigos, colegas e/ou até familiares. Está lá, viva e pulsante, aguardando a “grande oportunidade” de se satisfazer. Libertar-se dela exige um grande esforço. Dica: acomodados são inimigos de todo e qualquer esforço, seja qual for.
Proteja-se da inveja preservando sua vida e jamais deseje o mal, e muito menos dar o troco. Mantenha-se centrado na sua verdade interior e afaste-se, dentro do possível, da negatividade. Acredite sempre em você, seja seguro e firme. Assim, será difícil tornar-se vítima de um invejoso. E ele continuará vivendo trancado no seu mundinho medíocre, apenas te assistindo como um mero espectador frustrado.
Grande abraço,
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