Descubra a essência em você
Muitas são as obras de arte conhecidas mundialmente do grande artista e escultor da Renascença italiana Michelangelo, sendo uma das mais famosas a estátua de David, feita em mármore, localizada atualmente em Florença, na Itália.
Ao longo dos anos, essa escultura continua fascinando o mundo e impressionando por sua beleza, perfeição e maestria. Porém, poucos sabem que, antes de ser esculpido pelo mestre, o pedaço enorme de mármore foi considerado defeituoso e inútil por muitos artistas, inclusive por ninguém menos que Leonardo da Vinci, que declinou o convite de trabalhar essa rocha, considerando que nada podia sair dela, que aquilo não poderia dar forma a algo, e assim ficou por muitos anos jogada e abandonada.
Tempos depois de Leonardo ter declinado o convite, Michelangelo começou a trabalhar nela e criou a obra de arte que é o David. Enquanto se envolvia no projeto, um jovem ajudante perguntou para ele: “Mestre, por que você aceitou trabalhar nesse pedaço de mármore?”. Ele respondeu: “Meu jovem, tem um anjo dentro dessa pedra. Eu só o estou deixando livre”.
Pensando nessa metáfora que Michelangelo utilizou, todos nós somos uma obra de arte, mesmo que, às vezes, escondida ainda na “pedra”. Existem pessoas que não reconheceram, ainda, o seu valor e outras que ficam esperando que alguém reconheça nelas essa qualidade.
Nesse começo de ano, podemos, então, refletir sobre o que é importante fazer para que nossa essência se manifeste e o que nos impede de voar alto, em liberdade. Em resumo, três comportamentos que bloqueiam o desabrochar das melhores características do ser humano:
- Preocupar-se: ou seja, ocupar-se antes dos fatos acontecerem e alimentar pensamentos negativos e repetitivos sobre as possíveis consequências fazem com que nosso cérebro se programe para o insucesso. Em vez disso, podemos, sim, verificar as alternativas, fortalecer as próprias habilidades e competências.
- Ficar preso ao passado, lamentando-se e revivendo situações antigas e não se atualizar. A principal capacidade de um líder é a habilidade de lidar com as mudanças, que trazem consigo o desafio da incerteza. Em tempos assim, velhos modelos mentais baseados em experiências passadas não levam a resultados positivos, e ficar na zona de conforto do que já foi só cria frustração.
- Não agir. Bloquear a ação cria estagnação. Precisamos ter atitude para ir em direção à realização e objetivos. A vida em si é mudança e movimento. Nada torna o líder mais forte que a sua capacidade de fazer e de traduzir as intenções em ações. Em geral, isso nos mostra como é importante olhar para o futuro e mudar velhas rotinas, por mais dolorido que seja. Às vezes, precisamos desmascarar as falsas seguranças que os hábitos nos propiciam, e sobre as quais construímos a vida. Para realizar uma mudança, precisamos morrer metaforicamente para o que não serve mais. É como a metamorfose da lagarta. Para se transformar em borboleta, ela desaparece, “morre” para aquela identidade de lagarta, que, com certeza, a conduziu até aquele momento de transformação, mas que daquele ponto em diante não tem mais propósito.
HÁ MOMENTOS EM QUE NÓS TAMBÉM PRECISAMOS MORRER PARA O VELHO E VIVER O QUE ESCOLHEMOS. PODEMOS DECIDIR SOBRE PONTOS LIMITANTES DA VIDA PARA TRANSFORMAR TUDO O QUE OUSAMOS SONHAR PARA A REALIDADE
Se ela se mantiver presa à forma anterior, de fato, morrerá para a vida. Para bater asas e voar, a borboleta precisa sair da situação de segurança que o casulo lhe oferece e se jogar no que ainda é desconhecido. A lagarta precisa assumir um compromisso de liberdade e realizar sua missão de voar. Deve abraçar sua identidade de borboleta morrendo para a de lagarta.
Há momentos na vida em que nós também precisamos morrer para o velho, o que fomos nos limita, e viver aquilo que escolhemos. Temos a capacidade de decidir sobre pontos limitantes da nossa vida para transformar tudo o que ousamos sonhar para a realidade.
Certa vez, ouvi o Dalai Lama dizer que “a verdadeira transformação espiritual do indivíduo está nas pequenas e fundamentais atitudes do dia a dia, independentemente do credo, estilo de vida, das preferências sexuais ou políticas que se possa ter”. Isso nada mais quer dizer que o mundo depende mais dos pequenos do que dos grandes atos para ser transformado. É assim com todos nós.
Costumo dizer que escolher o próprio caminho – e alcançar resultados jamais imaginados e sempre sonhados – envolve romper o compromisso com as justificativas que damos sem perceber, ou até mesmo com extrema consciência. Não importa o que você faz, onde você vive, que cultura escolheu para se adaptar ou que religião segue, o que faz sentido é que, seja qual for o seu desejo, você tem capacidade de alcançá-lo, e que torná-lo uma realidade está mais relacionado ao quanto acredita no seu potencial e quais atitudes você toma na vida prática e em relação ao universo.
Eduardo Shinyashiki
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário