Ménage à trois e afins…
(Paulo Jacob)
Hoje vou falar de um assunto que é tabu para muitas pessoas ainda, o Ménage à trois e coisas afins.
Tabu porque quando se fala no assunto, muitas pessoas condenam imediatamente alguém que participe desses encontros. Julgam como pessoas depravadas, loucas, sem amor próprio, etc.
Mas vamos ser realistas? Você nunca se pegou fantasiando algo do tipo? Seja com uma pessoa terceira do mesmo sexo, ou do sexo oposto, além do seu (sua) parceiro (parceira)? Tudo bem, não precisa ficar falando isso aos quatro cantos do mundo, mas seja sincero com você, antes de julgar as pessoas que praticam o ménage à trois e swings (ou suruba, se assim preferir chamar).
Eu como terapeuta, não devo julgar se por acaso um paciente chegar até o meu consultório, e falar que participa de reuniões em que ele transa com outras pessoas, e sua esposa também, como consentimento de ambos, se eles concordam e estão felizes assim, quem sou eu para julgá-los? Se não foi nada que esteja gerando conflito ao paciente, então é um assunto que não irei tratar.
Mas porque não aceitamos isso? Por que a sociedade condena isso? Bom, aceitar que o outro não me pertence, e que eu devo deixar ele fazer o que quer, que isso me assusta, principalmente quando o assunto envolve fidelidade. Uma coisa é aceitar (compreender) que o outro não me pertence, mas concordar que ele faça sexo com outra pessoa é uma outra coisa. O mesmo vale sobre a poligamia, de que todos temos desejos, pensamentos sexuais sobre pessoas que nos atraem, mas eu aceitar que o meu companheiro pratique a poligamia e na minha frente, nem pensar!
Um casal que aceita participar desses encontros com um ou mais pessoas, deveria antes de entrar nesse “jogo”, conversar bastante, pois encontros desse tipo faz que trabalhemos duas coisas que pegam muito na gente, a posse que tenho sobre o outro e a poligamia que o outro tem e que nós evitamos aceitar isso, e se ambos não estiverem cientes disso, certamente vai dar problema no relacionamento.
O quanto compreender tudo isso, é ser uma pessoa egocêntrica ou empática? O quanto pessoas que participam dessas experiências, “abrem” a mão do seu parceiro para unicamente matar as suas vontades egocêntricas? Ou o quanto que a pessoa aceita isso, visando a alegria do outro em se satisfazer sexualmente com outra pessoa? Entendam que o desapego pode ser considerado em ambos os casos, pois o egocêntrico poderá aceitar isso, pelo simples fato de não pensar em ninguém, além dele (narcísico), e o empático compreenderá pois ele sabe que não temos nada nessa vida, que o companheiro dele não é dele, e se estão juntos é porque ambos querem isso. Qual a opinião de vocês sobre isso?
Somos pessoas monogâmicas pois a nossa sociedade prega isso, em outros lugares é aceitável situações como essa, em que um marido tem várias parceiras. Até que ponto condenamos isso pelo simples motivo de termos nascido em um lugar em que a monogamia é o padrão do lugar que vivemos?
Volto a dizer que independente do que o casal decida fazer, tem que ser de comum acordo, pois será uma decisão que irá mudar o jeito que o casal se relaciona. Se um dos dois fizer forçado, aos poucos os atritos vão começar, e possivelmente haverá uma separação. Aprendi em uma das aulas de psicanálise que o superego do marido, na verdade é o da esposa, e vice-versa, ou seja, quando ambos concordam, não há censura interna na relação, pois a partir do momento que a esposa concorda, qualquer censura que exista na cabeça do marido possivelmente irá desaparecer, o mesmo acontece em relação ao marido sobre sua esposa.
Em muitos casos existe um desejo latente em um dos parceiros, mas a vergonha acaba fazendo com que isso não seja falado, o que também pode causar que a pessoa fique desmotivada. Sejam sinceros no seu relacionamento, conversem com seu parceiros os seus desejos, sejam eles quais forem! O máximo que poderá ouvir será um “não”, mas com certeza vai fazer com que a outra pessoa pense sobre o assunto, e quem sabe mude de ideia com o tempo. Comece, fale!!
Abraços, e ótima semana!
Paulo Jacob
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