sábado, 2 de março de 2013

Raiva: a melhor emoção...



Raiva: a melhor emoção
Será que é possível afirmar que muitas das emoções que sentimos, ou nominamos, têm sua origem na mesma fórmula química endócrina? Serão os humanos escravos de hormônios e neurotransmissores?


                                       Imagens: Shutterstock e Arquivo Ciência e Vida
A história está repleta de personagens que transformaram adversidades em força transformadora. Charles Chaplin foi um deles: apesar da tragédia familiar, virou referência de pessoa positiva e bem-sucedida



Muito já foi dito sobre as emoções ao longo das eras e, com certeza, algumas definições têm sido nominadas como melhores e outras como piores. A palavra emoção deriva do latimmovere (pôr em movimento). Isso nos fala da sua natureza de colocar em movimento, de dentro para fora, comunicando ao mundo nossos estados de necessidades internas. Todas, então, seriam úteis e por isso foram mantidas no processo evolucionário humano. Lógico que algumas perderam sua função original e se adaptaram, como puderam, à nova realidade da civilização moderna. Afinal, não precisamos mais correr de leões ou matar animais para nossa alimentação. Mas o sistema de luta e fuga continua ativo.
O homem modernizou a sua estrutura social. No entanto, internamente, em seus processos somáticos, ainda é praticamente o mesmo do tempo das cavernas. Basicamente, estamos preparados para caçar e reproduzir; o resto foi se acumulando ao longo de milhares de anos e reflete-se no que somos hoje: criaturas com respostas emocionais às diversas situações nas quais, às vezes, certas manifestações não seriam necessárias, ou que surgem em dimensões desproporcionais à situação vivida. Caso duvide disso, pergunte a quem tem síndrome do pânico ou algum tipo de fobia.
Sempre buscamos diferenciar as emoções umas das outras e tentamos associá-las, relacionando as sensações orgânicas com a situação em que estamos envolvidos, fazendo uma ligação direta entre o fato, nossa interpretação dele e o que sentimos. Além das diversas interpretações diferentes que cada um de nós pode dar às situações semelhantes, ainda existe a intensidade da emoção, às vezes forte demais e, outras vezes, não percebidas adequadamente.

Sempre buscamos diferenciar as emoções uma das outras e tentamos associá-las, relacionando as sensações orgânicas com a situação em que estamos envolvidos

Imagens: Shutterstock e Arquivo Ciência e Vida
Nos animais, a manifestação de raiva foi observada em dois tipos de comportamentos: o ataque a outros animais, para obtenção de alimento, e a agressão afetiva, que serve para corte às fêmeas ou para demarcação de território
É fato que não sabemos nominar nossas emoções: estamos sempre confundindo o que sentimos. As emoções, na visão dos poetas, fazem de nós humanos, mas a realidade é que elas podem atrapalhar, e muito, aqueles que não conseguem detectar seus próprios estados emocionais.
No ano de 1924, Maranon, neurocientista francês (citado por Richard Restak em O Cérebro Humano, p.141), injetou adrenalina em 210 indivíduos, o que fez surgir sensações fisiológicas em todos eles. Quando o experimentador, de maneira indutiva, contava uma história qualquer com fundo emocional, fazia brotar no sujeito a emoção sugerida no texto. Graças ao efeito da adrenalina, a emoção surgia forte. Dessa maneira ele fez "aparecer" todas as nuances das emoções humanas apenas contando diferentes histórias. Essa experiência foi repetida na década de 1960, com algumas alterações de modelo operacional, mas com resultado similar, por Stanley Scharter e Jerome Singer.
Com a mesma base química, mas com interpretações pessoais diferentes das histórias contadas, o significado individual fez surgir emoções que mais se alinhavam com a perspectiva do indivíduo. Podemos inferir, então, que tecnicamente seriam as mesmas reações somáticas que originam as emoções; apenas os nomes dados pelos sujeitos que as vivenciavam eram diferentes, por conta de suas expectativas ou interpretações do contexto.

As emoções, na visão dos poetas, nos tornam humanos, mas a realidade é que elas podem interferir de modo negativo em nossas vidas



Psique

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