segunda-feira, 1 de outubro de 2012

É uma história que nos ensina a duvidar sempre.

               
“12 homens e uma sentença” nos ensina a duvidar
por Kyra Piscitelli

12homens2filme americano 12 Angry Men  (12 Homens Furiosos), de Sidney Lumet é um clássico, senão o clássico dos filmesde tribunal. Feito em 1957, depois de ser sucesso como um seriado TV, a história está, agora, em cartaz, no Centro Cultural Banco do Brasil.
Como toda boa história de tribunal “12 homens e uma sentença” também tem como chave a tensão: o dia é o mais quente de Nova Iorque e 12 homens diferentes têm que decidir se um menino é culpado ou não de matar o pai. O veredito dever ser unânime e a sentença de culpado leva à cadeira elétrica.
Mesmo com uma grande responsabilidade nas costas, a maioria dos jurados prefere dizer logo que o garoto é culpado para voltar para casa. Mas, o jurado número oito contraria todos e diz que tem dúvidas se ele é culpado.
A partir daí está colocada uma tensão em que qualquer barulho no teatro se torna insuportável – uma cadeira que mexe ou uma pessoa que tosse e até se ouve quem cochicha.  Uma tensão que dói e que envolve a plateia.
Você fica ali esperando o próximo acontecimento de forma tensa. Os personagens se revelam, se estressam, se acaloram um com o outro enquanto o jurado número oito dá um show de argumentação e nos faz refletir que nem tudo o que parece é, nem sempre o que é certo é tão certo e que devemos sempre nos dar o direito a uma dúvida razoável.
Em tempos como hoje isso é fundamental: julgamos Brunos e outros como se estivéssemos nos locais dos crimes, tomamos aquela dor como nossa e não refletimos. De fato, como diz o jurado número oito, ninguém disse que eles não podem ser culpados, mas e se não forem?
Quem assistir “12 homens e uma sentença” irá se impressionar com o que olhos atentos são capazes de ver. E na peça todos os elementos são montados de forma bem inteligente.
O cenário é uma mesa de jurados e isso é bastante desafiador para um teatro, que não tem os efeitos e câmeras que a televisão e o cinema permitem. Então, há horas que a opção foi espalhar o elenco e colocar o personagem que fala focado em um canto do teatro para que a plateia também se foque nele. O palco de fato é muito bem utilizado e dividido para contar a história de vida de 12 homens diferentes - que deixam transparecer seus medos, preconceitos e histórias de vida.
Os objetos usados como prova são sempre colocados em cima da mesa para que o público não perca os detalhes. Por exemplo, a suposta faca que matou o homem aparece em cima de uma tábua grossa. A planta do apartamento onde o homem morreu também é usada em uma prancheta que fica em cima da mesa.
É uma história que nos ensina a duvidar sempre. Essa não é uma peça só para advogados, é uma peça para todos que querem usar o maior dom do ser humano: pensar.