segunda-feira, 17 de junho de 2013

CONTO DE FADAS...

 CONTO DE FADAS...

“Essas histórias incutem nas mentes das meninas um roteiro feminino no qual lhes ensinam a ver seus corpos como bens de comércio para conseguirem pegar não um sujeito comum, mas um príncipe, status e riqueza."

Ao invés de desenvolver suas próprias capacidades, meninas aprendem a esperar pelo “homem salvador”


Não tenho dúvidas de que os contos de fadas são prejudiciais às crianças. Mas será que pais e professores se dão conta disso? Será que percebem quais tipos de ideias estão passando para as crianças, subliminarmente, por meio desses contos? Cinderela, Branca de Neve, Bela Adormecida.Modelos de heroínas românticas, que, ao contrário do que se poderia imaginar, no que diz respeito ao amor, ainda são parecidas com muitas mulheres de hoje. Mas isso não é à toa.Pat, engenheira de 34 anos, separada, chegou ao meu consultório e foi logo dizendo: “Não aguento mais ter que arranjar dinheiro para pagar as contas e resolver tudo na minha vida. Estou buscando um marido que me proteja, cuide de mim e me sustente. Minha filha, no seu aniversário de seis anos, pediu uma festa com o tema de Cinderela. Ela até se vestiu dessa forma. Assim é bom, porque ela já vai se acostumando com a ideia de que é importante procurar um homem bem diferente do pai dela, que não tem dinheiro. Quando ficar maior, mesmo que tenha uma profissão, espero que se case com alguém que a proteja e garanta seu sustento.”

Desde a Antiguidade as mulheres detinham um saber próprio, transmitido de geração em geração: faziam partos, cultivavam ervas medicinais, curavam doentes. Na Idade Média seus conhecimentos se aprofundaram e elas se tornaram uma ameaça. Não só ao poder médico que surgia, como também do ponto de vista político, por participar das revoltas camponesas. Com a “caça às bruxas”, no século XVI, 85% dos acusados de feitiçaria eram mulheres. Milhares delas foram executadas, na maior parte das vezes queimadas vivas.

Segundo os manuais usados pelos inquisidores, é pela sexualidade que o demônio se apropria do corpo e da alma dos homens, dominando-os através do controle e da manipulação dos atos sexuais. 
Não foi assim que Adão pecou? Como as mulheres estão essencialmente ligadas à sexualidade, elas se tornam agentes do demônio (as feiticeiras). Rose Marie Muraro na introdução do livro "O martelo das feiticeiras", escrito por dois inquisidores em 1484, chama a atenção para um detalhe importante: “eram consideradas feiticeiras as mulheres orgásticas e ambiciosas, as que ainda não tinham a sexualidade normatizada e procuravam se impor no domínio público exclusivo aos homens.”

Foto: Reprodução
Final para Branca de Neve foi feliz, ao lado do príncipe em um castelo
A partir daí podemos entender melhor como as mulheres e as personagens femininas das histórias infantis foram se tornando passivas, submissas, dóceis e assexuadas. Em "Cinderela", "Branca de Neve" e "A Bela Adormecida" existem algumas mulheres que até fazem mágicas, mas a mensagem central não é a do poder feminino, e sim da impotência da mulher. O homem, ao contrário, é poderoso. Não só dirige todo o reino, como também tem o poder mágico de despertar a heroína do sono profundo com um simples beijo. Além da incompetência de lutar por si própria, comum às principais heroínas, Cinderela é enaltecida por ser explorada dia e noite, trabalhando sem reclamar e sem se rebelar contra as injustiças. Padece e chora em silêncio. Seu comportamento sofrido, parte do treinamento para se tornar a esposa submissa ideal, é recompensado: seu pé cabe direitinho no sapato e ela se casa com o príncipe.
No entanto, o mais grave nos contos de fadas é a ideia de que as mulheres só podem ser salvas da miséria ou melhorar de vida por meio da relação com um homem. As meninas vão aprendendo, então, a ter fantasias de salvamento, em vez de desenvolver suas próprias capacidades e talentos. As heroínas das histórias estão sempre ansiosas em fazer o máximo para agradar ao homem, ser como ele deseja, e acreditam que adequar seu corpo à expectativa dele é fundamental. Não se esqueça de que Cinderela e todas as moças do reino tentam se ajustar ao sapatinho encontrado pelo príncipe — a madrasta orienta as filhas a cortar um pedaço do pé para corresponder ao que o homem espera delas.

A historiadora americana Riane Eisler afirma que “essas histórias incutem nas mentes das meninas um roteiro feminino no qual lhes ensinam a ver seus corpos como bens de comércio para conseguirem pegar não um sujeito comum, mas um príncipe, status e riqueza.Em última análise a mensagem dos ‘inocentes’ contos de fadas, como Cinderela, é que não somente as prostitutas, mas todas as mulheres devem negociar seu corpo com homens de muitos recursos.”

Em vez de desenvolver suas próprias potencialidades e buscar relações onde haja uma troca afetiva e sexual, em nível de igualdade com o parceiro, muitas mulheres se limitam a continuar fazendo tudo para encontrar o príncipe encantado.
O que você pensa a respeito dos contos de fadas? Deixe seu comentário no campo abaixo!Há um tempo atrás perguntei a algumas pessoas o que eles pensam a respeito dos contos de fadas.
A grande felicidade não é encontrar um homem, é encontrar a si própria. Se a mulher encontrar um parceiro, tudo bem, mas se não encontrar, ela está ótima. O grande encontro do homem e da mulher é cada um consigo próprio. Cláudia Alencar (atriz)Estamos caminhando para a dissolução do molde romântico. É um processo muito lento, talvez demore 100 anos; o ser humano levou um tempão para construir esse projeto de infelicidade. Ele chegou ao apogeu no século XIX e só nos demos conta da falência disso na virada do século, quando o Dr. Freud preconizou que o ser humano só pensa em sacanagem. Coisa que a gente já sabia há muito tempo, mas só se tornou explicitada a partir da reflexão dele. A partir dessa incompatibilidade entre a superestrutura dos sonhos e a infra-estrutura dos instintos estamos vivendo um momento conflitivo em que as coisas estão se transformando para melhor, principalmente nessa área da sexualidade e dos afetos. Geraldo Carneiro (poeta e escritor)
Há toda uma estrutura vigente que desinforma e continua insistindo nessas mentiras. As próprias novelas criam um romantismo falso, bastante prejudicial e os danos são profundos. Mas as questões sobre amor e sexo são vitais por estarem estreitamente ligadas à nossa felicidade. Chico Azevedo (dramaturgo e escritor)

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Livros e Filmes

Livros e Filmes



Comportamento verbal, aprendizagem operante e isolamento social
Filme: Nell
Diretor: Michael Apted
Ano: 1994
Categoria:Psicologia
Criada pela mão paralítica, Nell vive, até os 30 anos, em total isolamento social. Após a morte da mãe, Nell desperta o interesse do Dr. Lovell e da doutora Paula, psicóloga que insiste em adequá-la à realidade. Mas será certo civilizar uma pessoa selvagem, sem que ela deseje realmente isso? Vivendo completamente isolada, Nell desenvolveu uma linguagem própria. Por isso, ela só consegue comunicar-se através da dança, da mímica e de um conjunto de expressões bem particulares. a trama permite a discussão de conceitos referentes ao comportamento verbal, possibilitando a compreensão de como o "falar" é aprendido por condicionamento operante e de como cada resposta adquire função no ambiente.
Onde encontrar? Clique aqui.



Treino parental, terapia infantil e familiar
Livro: Eduque com Carinho
Autora: Lídia Weber
Editora: Juruá
Categoria: Psicologia
A Analista do Comportamento, Lídia Weber, ensina a partir de dados científicos, princípios comportamentais que regem o comportamento das crianças e adolescentes e traduz de forma bem humorada termos técnicos da Psicologia, mostrando aos pais que há equilíbrio entre amor e limites. O livro Eduque com Carinho traz reflexões, histórias interessantes,  exercícios para treinamento de certos comportamentos e atitudes essenciais, humor e poesia, e os 12 princípios da educação positiva embasados em pesquisas científicas.
Onde encontrar? Clique aqui.



Cultura, reforço social e práticas culturais
Filme: O Senhor das Moscas
Diretor: Harry Hook
Ano: 1990

Perdido em uma ilha deserta, um grupo de meninos luta pela sobrevivência e ao interagirem entre si, sem normas sociais, os meninos começam a disputar por poder. Essa poderosa mudança de comportamentos transforma garotos normais em assassinos primitivos, iniciando uma batalha devastadora do bem contra o mal e trazendo à baila a perturbadora metáfora do selvagem que há dentro de todos nós. Fantástica história que permite ampla compreensão de comportamentos sociais e práticas culturais.
Onde encontrar? Clique aqui,


Cultura, práticas culturais e Antropologia
Livro: Vacas, Porcos, Guerras e Bruxas: os enigmas da cultura
Autor: Marvin Harris`
Editora: Civilização Brasileira
Categoria: Antropologia
Por que razão as mais diversas culturas humanas, através dos séculos, assumem tabus os mais estranhos e inexplicáveis, tais como horror às carnes de vaca ou de porco, crença em práticas demoníacas, de feitiçaria, magia negra, estranhas práticas sexuais, etc? Marvin Harris - professor catedrático de Antropologia na Universidade de Colúmbia, autor de seis livros de ciência antropológica - responde "Vacas, Porcos, Guerras e Bruxas" a todas essas perguntas, situando-as em seus devidos contextos ecológicos, econômicos e sociais, em posição decididamente contrária ao culto da irracionalidade da atual contracultura, num veemente apelo à consciência objetiva e a um engajamento político racional, demonstrando como são claros esses enigmas da cultura.
Onde encontrar? Clique aqui. 
Há também unidades semi-novas à venda em sebos, confira aqui.



Comportamentos inadequados socialmente
Livro: O Alienista
Autor: Machado de Assis
Editora:  L&PM Editores
Categoria:  Literatura Brasileira
No livro O Alienista, Machado de Assis conta de forma bem humorada a história de Simão Bacamarte, um psiquiatra que decide se aventurar na compreensão dos comportamentos ditos como loucura. O livro, escrito no século XIX, indica que a incompreensão das peculiaridades do comportamento humano não é característica da atualidade, e reflete um desejo generalizado pela busca desse tipo de conhecimento. Um romance curto, divertido e com toda a genialidade linguística do maior e mais consagrado autor da literatura brasileira.
Onde encontrar? Clique aqui. 
Existe também uma fantástica versão em quadrinhos, confira aqui!


Religião e Ciência

Livro: Conversa Sobre a Fé e a Ciência
Autores: Waldemar Falcão; Frei Betto e Marcelo Gleiser.
Editora: Nova Fronteira
Categoria: Ciências Humanas e Sociais / Filosofia
O livro “Conversa sobre a fé e a ciência” apresenta uma riquíssima discussão entre Frei Betto, um renomado e intelectual Frade dominicano, e Marcelo Gleiser, um dos mais influentes físicos brasileiros da atualidade. Ambos "conduzem um diálogo franco e transparente, permeado pela simplicidade e surpreendentemente harmônico sobre questões que muitas vezes nos parecem dissonantes”.
Onde encontrar? Clique aqui.

Filogenia e Seleção Natural
Livro: O Animal Moral
Autor: Robert Wright
Editora: Campus
Categoria: Psicologia
Conduzindo uma analogia entre a história de vida de Charles Darwin e a teoria da evolução, o livro “O Animal Moral” apresenta uma fascinante explicação do comportamento humano em nível filogenético, mostrando ao leitor o valor de sobrevivência de cada ação dos organismos na Terra. Além disso, mostra diversos estudos da Psicologia Evolucionista e como autores neo-darwinistas deram prosseguimento à teoria da evolução com recentes descobertas a respeito da seleção natural.
Onde encontrar? Clique aqui.
  

Terapia Familiar
Filme: Bem-vindo à Casa de Bonecas
Diretor: Todd Solondz
Ano: 1995
"Bem-vindo à Casa de Bonecas" é um retrato cáustico e cruel do isolamento social a que os indivíduos que não se encaixam nos padrões ditos "normais" são submetidos, além de ser uma demolidora visão da típica família norte-americana dos anos 80. Humor negro e drama em um dos filmes mais emblemáticos do novo cinema americano. 
A história apresenta o tratamento diferenciado da mãe com as irmãs, o que gera competição fraternal. Além disso, deixa claro o papel do reforço social e a importância que ele exerce da construção da auto-estima.
Onde encontrar? Clique aqui.

Motivação e Operação Estabelecedora
Filme: À procura da Felicidade
Diretora: Gabriele Muccino
Ano: 2006
Chris Garner, um vendedor que vive no limite da linha da pobreza e tem que criar sozinho o filho de 5 anos, arruma um estágio sem remuneração em um programa ultra-competitivo de analista financeiro e, enfrentando enormes dificuldades para sobreviver, dá a volta por cima para se tornar uma lenda em Wall Street.
Sob condições de privação e estimulação aversiva, o protagonista apresenta alta motivação para comportamentos que promovem a sobrevivência de sua família.
Onde encontrar? Clique aqui.
  

Behaviorismo e Condicionamento Respondente
Filme: Laranja Mecânica
Diretor: StanleyKubrick
Ano: 1971
Ambientado numa Inglaterra num futuro indeterminado, o filme mostra a vida de um jovem, chamado Alex, cujos gostos variam de música clássica (Beethoven), a estupro e ultraviolência. Ele é o líder de uma gangue de arruaceiros, aos quais se refere como "druguis". Ao ser preso, Alex passa por um tipo “novo” de tratamento, baseado em condicionamento respondente.
O filme apresenta uma crítica ao Behaviorismo Metodológico de Watson, versão anterior ao Behaviorismo Radical de Skinner.
Onde encontrar? Clique aqui.
Veja um interessante artigo, com uma análise comportamental do filme no livro “Skinner vai ao Cinema”, disponível aqui.

domingo, 16 de junho de 2013

Filme O Lado bom da Vida...


 O Lado bom da Vida...

Amores idealizados não tem defeitos, afinal não são humanos.
Amores possíveis são muitas vezes nossos espelhos, mostram quem somos.
Por isso muitas vezes preferimos viver de lembranças.Para que não haja o confronto de quem pensamos ser e o que somos de verdade.






“Como fica forte uma pessoa
quando está segura de ser amada”.

(Freud)
 

O comportamento humano é o produto da nossa atividade encefálica.
Nosso encéfalo encontra-se localizado no interior do crânio e é formado por estruturas que funcionam de maneira integrada, fazendo a ligação entre o sistema nervoso e o sistema endócrino, regulando nossas necessidades biológicas básicas (exs: fome, sede, sono, desejo sexual, circulação sanguínea, temperatura do corpo) e por esse motivo é considerado o orgão "guardião do corpo".

Cada um de nós tem a sua singularidade, a sua subjetividade, com comportamentos que podem ou não (dependendo da cultura) serem considerados bizarros ou esquisitos.

Atenção:
Todos nós temos as nossas *esquisitices*,nosso jeito de ser e é bom que seja assim. Não somos ser humanos fabricados por série, para sermos todos iguais.
Uma pessoa é considerada mentalmente alterada e precisando de cuidados médicos, quando seus comportamentos causam prejuízos funcionais e dificuldades de adaptação.
É a nosso funcionamento na vida que vai mostrar até que ponto nossas esquisitices estão dentro da normalidade.(ou não).

No filme O lado bom da vida, Pat Solitano Jr. (Bradley Cooper), foi diagnosticado como portador do distúrbio bipolar.
Pat exibia um comportamento agressivo, que culminou numa agressão violenta ao homem com o qual a sua mulher o traiu.

Freud no livro Mal-estar na Civilização reconhece na agressividade inata do homem a principal ameaça à vida em sociedade.
 

Para a psicanálise amor e ódio são os dois sentimentos base nos quais -e a partir deles - se constroem –ou se destroem-as relações humanas

Desde muito cedo na vida aprendemos a experiência de nos esforçarmos para não nos sentirmos excluídos (-“Vou ser bonzinho para minha mãe me amar”.).
Já nascemos enamorados e carentes de amor, e se não encontramos pela vida afora um abrigo que acolha e contenha nossas dores, adoecemos.

Como rejeições e disputas fazem parte da nossa existência, todos nós-dependendo do motivo ou em situações extremas, podemos libertar nossa fera; a nossa forma -não o certo ou errado- de enfrentar o ódio que trazemos dentro de nós, já que vivemos o abandono, o desamparo, e a insegurança, mesmo quando negamos e maquiamos, emprestando a realidade -magicamente- apenas o lado bom da vida.

Há um limite de angústia suportável-para cada um há uma medida-que ultrapassado, faz surgir o sintoma.

O filme o lado bom da vida fala dos encontros e desencontros, da normalidade, ou da desordem psíquica e das forças que nos habitam: Força da vida (Eros) e Força de morte. (Thânatos).

Tudo começa com nossas emoções.

Mas afinal o que é uma emoção?
Emoção é uma resposta do organismo a um evento externo ou interno que gera excitação fisiológica, expressões faciais, movimentos do corpo e sentimentos.

São as nossas emoções que dirigem os nossos comportamentos.
Já pensou o poder que as emoções têm na nossa vida?
 

E é aqui-nas emoções- que moram as dificuldades das pessoas que sofrem do transtorno bipolar, pois as emoções dão o tom das nossas experiências.
É a interpretação do estímulo que faz detonar a emoção, e que depende dos nossos conteúdos internos.
Nossa fisiologia é alterada- uma enxurrada de neurotransmissores provoca alterações nas sinapses provocando aumento ou diminuição de atividade em vários centros cerebrais.

Por isso a tomada de decisão depende de como percebemos o ambiente e os estímulos.
Lembra de Pat no consultório do analista?
Ele escutou uma música que o fez lembrar de Nikki (sua ex mulher) e por conta disto ficou alterado e quebrou a sala de espera.

Que mistério cada ser esconde dentro de si, não é mesmo?

A mesma música que me faz ter lembranças de carinho e amor,  pode ser –para um outro - deflagradora de gestos agressivos e violentos.

Pat era completamente solto emocionalmente. Ele tinha dificuldades em assumir compromissos com o *Outro social*.
Lembra da cena quando Pat lia um livro e ele não gostou do final, correu ao quarto dos pais, - eram 4 horas da manhã-ele os acordou e falava sem parar, depois jogou o livro pela janela quebrando as vidraças.
Esse é um comportamento bem típico de pessoas com transtorno bipolar.
Eles regridem feito crianças que ainda não aprenderam a ter controle sobre seus impulsos.

É a capacidade de pensar que organiza o nosso caos interno. É no equilíbrio das emoções - na busca pelo menos - que encontramos alívio e suporte para nossas perdas.

Quando crianças começamos a experimentar as nossas primeiras perdas... no animal de estimação que morre... nos brinquedos perdidos...e no contato com as dores naturais da vida.
São essas experiências- e como as vivemos- que vão formatar a estrutura da nossa base emocional.

Tratamentos para o distúrbio bipolar:

Na clínica onde Pat estava internado, num recorte de uma cena ele joga no lixo o remédio que a enfermeira acabava de ministrar a ele. Essa é uma atitude muito comum aos portadores de transtornos mentais, já que são doenças que parecem ser invisíveis, diferente de quando temos alguma infecção ou alguma dor em algum membro.
A pessoa que possui o transtorno não tem consciência do seu estado e *imagina* que está bem.

Como há uma desregulação dos neurotransmissores o tratamento deve ser profilático, ou seja, num continuum, mesmo quando não estão em crises, a medicação deve ser usada.
Os estabilizadores de humor são os medicamentos mais utilizados, mas é o psiquiatra que vai receitar nas doses certas.

Concomitantemente a psicoterapia pode ajudar nas adaptações, na qualidade de vida, mas principalmente no autoconhecimento.

Freud dizia que a psicanálise é a cura pela palavra.
São as palavras que vão formando nossos pensamentos e ao verbalizá-las vamos organizando nossa vida psíquica.
Conhecer quando, e porque agimos de uma determinada maneira vai nos ajudar a enfrentar o inusitado da vida, os “nãos” que insistimos em não querer escutar.

Pat não queria se olhar “por dentro”, ele dizia que era seu pai que era “estourado”.
Aliás, ver nos outros o que somos é mais fácil e menos doído.

A conscientização do portador quanto ao seu transtorno é fundamental para o tratamento e só acontece-normalmente- quando há grandes perdas na sua vida.
Precisamos que nosso pensamento - nossa instância mediadora da realidade-seja capaz de julgar adequadamente as situações, permitindo resolver nossos problemas e tomar as nossas decisões.


Nas sessões de psicoterapia nossas experiências serão desenterradas, dissecadas, para que sejam reconhecidas e integralizadas na consciência não para autocobranças, mas para aprendizado.
Mas pode doer, porque viver dói muitas vezes e para todos nós.

No tratamento psicoterápico as feridas são re-abertas para sair o pus e o sangue, para só então poderem cicatrizar.
Na complacência do perdão e com a releitura dos acontecimentos e circunstâncias do passado, vamos ressignificando o presente com a ajuda do psicoterapeuta.


Tiffany (Jennifer Lawrence)



Com Tiffany- que também tinha problemas psíquicos, Pat
se recusava a viver uma relação de amor que havia renascido em seu coração.
Ele preferia se refugiar nas suas lembranças e num amor idealizado com Nikki, sua ex-esposa.
Pat se escandalizava com ela, desde que ela confessou que havia transado com todos os que trabalhavam com ela. (eram onze).
É um dos sintomas do distúrbio bipolar.
A promiscuidade sexual.
São as compulsões, que acontecem para tamponar a angústia interna.

Tiffany com seu amor,com seu cuidado e atenção conseguiu fazer com que Pat, dançando com ela - se reconectasse com a vida real, quando ele pode então viver –com ela-um amor possível.

Amores idealizados não tem defeitos, afinal não são humanos.
Amores possíveis são muitas vezes nossos espelhos, mostram quem somos.
Por isso muitas vezes preferimos viver de lembranças.Para que não haja o confronto de quem pensamos ser e o que somos de verdade.


Esse filme mostra de uma maneira simples e bem humorada o cotidiano dos portadores de bipolaridade e de quem convive com eles.

Quero terminar meu texto com uma pontuação importante:
Preste atenção, por favor:

Você é muito mais do que seu diagnóstico, seja ele qual for.
Saiba que dentro de nós moram forças poderosas que podem vencer as nossas contradições, e nossas dificuldades.
Não desista de ser quem você é, com seu lado capenga , mas principalmente com suas qualidades.
Não desista dos seus sonhos  e de ver o lado bom da vida apesar da brutalidade da existência.

Acredite: há em nós , bem lá no íntimo do nosso sera ternura capaz de neutralizar e fazer brilhar as nossas noites que são muitas vezes mais escuras do que toda a escuridão do mundo.


Paz para você, sempre!
Maria Poesia.

sábado, 15 de junho de 2013

SEXO SEM SEXO

SEXO SEM SEXO

Você já experimentou fazer sexo sem sexo?


Só presença

As pessoas sabem fazer movimentos, manobras, posições, mas sexo mesmo ninguém sabe, principalmente aquele que tem outra pessoa única num momento único que nunca vai poder se repetir.
O sexo normalmente distrai as pessoas, todo mundo acha que sabe fazer, mas ninguém tem real certeza de como é. O motivo é simples, cada relação sexual é única e um enigma.
Cada ato sexual só pode ser vivido uma vez na vida e jamais reproduzido como um laboratório.
Portanto, faça uma experiência, tente fazer sexo sem o sexo que você conhece.
Esteja plenamente presente com sua parceira(o) sem a obrigatoriedade de gemidos, gozos ou penetrações, se surgirem tudo bem.
Nessa experiência entenda que o sexo não é tudo, ele não substitui todos os prazeres que um casal pode desenvolver dentro e fora da cama. Descubra as infinitas formas de experimentar intimidade a dois sem que ninguém esteja gemendo.
A maioria desconhece aquela “tática” de olhar nos olhos por mais de 30 segundos sem se constranger em ver e ser visto em profundidade. Sexo é fácil em comparação a isso.
Olhe, apenas olhe, esteja presente, entre com força no olhar que ela(e) responde. Não se explique, relaxe, entregue seu coração a esse momento que não pode voltar. Respire, deixe suas fantasias de lado, a melhor imagem possível é aquela que brota na sua frente, aqui e agora. Perceba a entrega do outro, contemple essa beleza sem nome.
Ali não existe história, passado, repertório ou qualquer outro, só vocês dois. Emocionalmente desnudos, psicologicamente desarmados, só presença, sem medo, cobrança ou tesão.
É um tesão que não vem do genital, mas da presença e da conexão, uma vontade de respirar o outro sem precisar fazer nenhum movimento corporal. Esse tipo de conexão profunda deixa seus sentidos soltos e sua mente leve.
Se você conseguir deixar o sexo de lado esse pode ser o melhor sexo de sua vida.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Roubada da vez: “Ainda faço ele mudar”


Roubada da vez: “Ainda faço ele mudar”

Doce ilusão de quem é TRAÍDA.....


Um dia desses, me deparei com um caso que me causou um misto de comoção e cumplicidade, típico de quem assiste O Diário de Bridget Jones e tem vontade de devorar uma barra de chocolate ao som de Out Of Reach, quando a protagonista aparece curtindo uma dor de cotovelo por estar caidinha pelo chefe bonitão e nada monogâmico, vivido por Hugh Grant.
Na trama da vida real, Bridget não é jornalista. Tem cerca de vinte anos, é linda, inteligente, carinhosa e está há mais ou menos um ano enrolada com outro bonitão, que insiste em deixar claro que não pensa em relacionamento sério. Fica inclusive com outras garotas. Ela sabe e detesta esta condição, mas, resignada, se empenha ao máximo para agradá-lo. Faz tudo que ele gosta na cama, é companheira e chega a ser a queridinha da pseudosogra! Mesmo assim, Bridget não nota qualquer indício de que a friendzone colorida deve se transformar em algo mais sério. Afinal, onde foi que ela errou?
Como sigo a linha pé no chão em todas as questões relacionadas a vida a dois, considero indício de roubada a velha história de uma mulher transformar o cara descolado no típico namorado fiel. Acredito que o principal equívoco da nossa colega seja atribuir a ela uma mudança que só depende única e exclusivamente do cara de quem ela está a fim. É preciso que ele esteja realmente a fim de renunciar a certos hábitos. E, acreditem, quando os homens realmente estão interessados deixam isso bem claro até porque costumam ser muito mais simples, objetivos e avessos a mimimis do que nós.
E outra: qual a finalidade de começar um relacionamento com alguém que você só aceita se passar por uma mudança arbitrária? Não estou fazendo campanha a favor da síndrome de Gabriela. Detesto aquela desculpa cômoda de “eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim” até porque, na prática, as duas partes deverão negociar e ceder para que haja um equilíbrio. A diferença é que, em uma relação saudável, toda mudança é feita de forma consensual e está ligada à vontade de ver o outro um pouco mais feliz. Sinceramente, só vejo dois desfechos para qualquer transformação desencadeada exclusivamente pela nossa Bridget: ter uma relação na qual o bonitão finge ser alguém para agradá-la, mas pula a cerca direto, ou ainda o término do romance, com o cara dando preferência a outras meninas que estejam na mesma vibe de ficar e não se apegar.
O mais curioso é que não é só a Bridget da vida real que pensa sim. Volta e meia, me deparo com mulheres que, movidas por ciúmes e inseguranças bobas, fazem o mesmo com seus parceiros. Chope com os amigos? Não, só se eu estiver por perto. Jogo de futebol na TV? Não, tem que ver filme ao meu lado e fazendo cafuné. Amigas para conversar? Não, sua única e exclusiva sou eu. Todas as outras são vagabundas. Em longo prazo, toda esta pressão leva a um desgaste e uma frustração que prejudicam – e muito – o casal que vive fechado em si mesmo. Daí, a ideia equivocada de que relacionamento é uma prisão.
Nesta primeira coluna, o recado que deixo para a mulherada é respeitem vocês mesmas, se valorizem, e digam adeus às neuras diversas que volta e meia nos perseguem, especialmente a de que não somos suficientemente boas para estar com alguém. Esta atitude é o primeiro passo para ser uma mulherverdadeiramente sexy e bem acompanhada.
E, Bridgets do meu Brasil varonil: move on! Procurem homens que sejam coerentes com o estilo que vocês buscam. Tenham foco. Lembrem-se de que também existem caras fofos no estilo Mark Darcy espalhados por aí. É claro que uma pitadinha de cafajeste a la Daniel Cleaver também é bem-vinda para dar aquela apimentada na relação.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Intuição, dom ou função?


Intuição, dom ou função?



Intuição vem do latim, intueri, que significa olhar, ver. É o ato de ver, de perceber clara e imediatamente uma verdade sobre alguma coisa, sem interrupção do raciocínio. Uma percepção, uma sensação, um sentimento, um conhecimento, um anúncio etc.. .
Considerada o sexto sentido por muitos, é um atributo ou função inerente a todos os indivíduos. Embora se tenha a idéia de que ela é mais feminina do que masculina, ambos os sexos a tem igualmente.
Não é um dom místico, uma inspiração divina ligada a qualquer religião. Todos nós somos capazes de tê-la ou até desenvolvê-la.
A intuição pode ser definida como um conhecimento que surge sem o uso da lógica ou da razão, ou ainda, um conhecimento que queima etapas. Não é necessário se conhecer todas as premissas, para se chegar a uma conclusão. Aquilo brota na consciência, sem dúvidas ou subterfúgios.
Pode aparecer sob a forma de sonhos, sensações, conhecimento puro, insights ou explosões de criatividade etc… Como flashes que alertam sobre o perigo e indicam a saída mais propicia para algum impasse.
Os mais céticos acreditam que essas impressões momentâneas são apenas fruto da imaginação. Ou ainda, que somos incapazes de lembrar daquilo que intuímos errado. Guardamos somente o que deu certo e reportando aos outros, como uma forma de nos vangloriarmos de nossa qualidade superior as das demais pessoas.
É o método filosófico por excelência. Segundo a dialética platônica, primeiramente temos a intuição de uma idéia (intuição primária) e num segundo momento, fazemos um esforço crítico para esclarecê-la (intuição propriamente dita). Segundo Descartes, existiriam três métodos: o pré-intuitivo, que tem o objetivo de alavancar a intuição; o analítico que leva à intuição e o intuitivo propriamente dito, método primordial da filosofia.
Para filosofia podemos defini-la como um meio de se chegar ao conhecimento, que se contrapõe ao conhecimento discursivo. Consiste num ato do espírito, que prontamente, se lança sobre o objeto, o apreende, o fixa, o determina. Vale tanto quanto uma visão, uma contemplação.
Existem em várias formas: sensível, imediata ou direta; espiritual, visão do espírito; intelectual, uso das faculdades mentais; emotiva ou emocional e a volitiva ou da vontade.
Já para a psicologia, o conhecimento se dá através de três perspectivas: a intuitiva, que usa o senso comum e o pensamento intuitivo para chegar à resposta mais certa; a dedutiva, que usa a especulação lógica e filosófica para encontrar uma resposta mais razoável e a indutiva, que usa métodos científicos para reunir fatos novos para dar a resposta mais provável.
Duas questões acompanham as discussões sobre a intuição: 1. A necessidade de experiência ou conhecimento acumulado sobre determinado assunto ou objeto, que permitiria um melhor acesso à intuição; 2. Apenas um relaxamento, uma percepção apurada, uma manifestação espontânea daria acesso a conteúdos intuitivos.
Do ponto de vista fisiológico, ela ocorre no córtex pré-frontal, uma das estruturas cerebrais que demora mais a madurecer. Isto pode explicar porque os indivíduos mais jovens tomam decisões sem pensar, sem intuir.
Como nos sonhos, capta de forma simbólica, flashes ou fragmentos da realidade. Os seus símbolos devem ser interpretados e organizados numa forma ou visão coerente. A interpretação dos sonhos já foi apontada como uma das técnicas que propicia o desenvolvimento da intuição.
Atualmente, as empresas estão a valorizando como sumamente importante, para a tomada decisão, em todos os níveis, especialmente, no gerencial. Portanto, indivíduos considerados intuitivos, possuem alto valor no mercado empresarial.
Carl G. Jung, fundador da Psicologia Analítica, postulou que a intuição utiliza a psique para discernir sobre fatos e pessoas. Seria uma das quatro maneiras de se entender o mundo e a realidade ou uma das quatro funções psicológicas básicas. Junto com isso, essas funções seriam vividas de duas maneiras ou atitudes – extrovertida ou introvertida. Não existiria casos puros e essas atitudes se alternariam de modo excludente, as duas não ocorriam simultaneamente. A personalidade de cada um se manifestaria através da combinação de uma função dominante e outra auxiliar, com outras duas mais fracas e da predominância de uma dessas duas atitudes.
A intuição para Jung seria uma forma de processar as informações em termos de experiência passada, objetivos futuros e processos inconscientes. Pessoas intuitivas dariam significado às percepções com grande rapidez, sem separar suas interpretações dos dados sensoriais, relacionando automaticamente a experiência passada, a imediata e a futura.

domingo, 9 de junho de 2013

Porque a piriguete não mexe comigo


Adoro mulher linda e gostosa. Mesmo. Mas para esse texto se aplica aquele bordão: ‘uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.’

Uma coisa é a mulher bonita que sabe disso e sai de saia e bicicletinha porque ela quer assim e foda-se você. Outra coisa é a mulher que não sabe a beleza que tem e vai buscar aprovação alheia diminuindo o tamanho das roupas.
Sedução não é só cinco centímetros a menos no vestido. É voz. É boca. É o papo sobre aquela banda. É o beijo na bochecha e não a bochecha na bochecha. É o ‘não’ que significa ‘não’ simplesmente porque estou lidando com uma mulher de personalidade. Adoro mulher que rebate.
E não, não sou ciumento com roupas curtas e provocantes. Quem já namorou comigo, sabe.
A piriguete, pra mim, é como a criança que não sabe como conseguir o Danoninho e se joga – aos berros – no corredor do mercado. Há algo ali gritando ‘olha pra mim, olha pra mim’.
Ao longo da vida eu adquiri a tendência de preferir as mulheres mais bem-resolvidas. As que não precisam gritar; nem com a boca, nem com a roupa. Sempre desconfio daquela que não sabe brincar de ‘mostra-esconde’, ou seja: se mostra o peito, esconde a coxa, se mostra a coxa, esconde o peito. Não acho que ela seja vaca, puta, rodada ou qualquer nome que você queira dar (e mesmo que seja, isso é problema só dela). Apenas desconfio que ela tenha poucos argumentos em um jogo de sedução. Afinal, gastou a manilha logo na primeira rodada. A piriguete é um anti-jogo na sedução.
Não que as 267 fotos de biquíni ou micro vestido no álbum do Facebook não me chamem a atenção. Chamam sim. É que, conforme vivi, aprendi que aquilo dito no meu ouvido me transforma mais do que o dito aos meus olhos. Quase um tesão musical. Apenas fiz a minha opção.
Não que sexo na primeira noite transforme alguém em piriguete. Aliás, acho que é o contrário: me parece que a piriguete se contenta em gastar a sensualidade na telinha e seus likes ou na baladinha. Ela esquece da cama, se torna mulherzinha.
Ao contrário do que possa parecer, esse meu texto não vem de um subconsciente machista atuando em um discurso fantasiado. É apenas aquela sensação estranha de ‘cão que ladra, não morde’. E eu quero mordida. Muitas.


Sobre o autor Fábio Chap


Escrevi. Escrevo. Escreverei? Faz 10 anos que coloco as letras para fora. Sempre para me expressar. Conto história sobre tudo porque penso de tudo. Não sei se isso é uma vantagem. Enquanto não descubro, vou escrevendo no blog fabiochap.wordpress.com
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