sexta-feira, 22 de março de 2013

Diferença entre Psicologia e Psicanálise


Diferença entre Psicologia e Psicanálise




Adriana Tanese Nogueira


Psicologia e psicanálise não são a mesma coisa. Há uma distinção essencial entre elas que afunda raízes em suas origens, e cuja diferença leva a distintas perspectivas e métodos de pesquisa, portanto diferentes diagnóstics e diferentes resultados.
          O discurso sobre a alma (em grego antigo psyche-logos do qual a palavra psicologia vem) é uma investigacão que nasceu nos tempos da Grécia antiga, entre outras relacionadas ao universo, à vida e à política. O primeiro psicólogo foi Aristóteles (384 BC - 322 AC) um dos fundadores do pensamento ocidental e nosso grande classificador. Em sua vida de pesquisas, Aristóteles categorizou o inteiro mundo conhecido na época, incluindo moral e comportamento humano.
          A psicologia adentrou a idade moderna pelo trabalho de Wilhelm Wundt. Em 1879, ele fundou, em Leipzig, o primeiro laboratório dedicado exclusivamente à pesquisa psicológica. Muitos outros estudiosos seguiram e diferentes ramos da psicologia nasceram: Comportamentismo, Existentialismo, Cognitivismo entre outros são todos campos da psicologia.
          Desenvolvendo-se como um dos campos dos estudos experimentais, a psicologia era uma ciência entre outras. Sua filosofia de base fundamenda-se no Positivismo, de modo que o ser humano é abordado usando a mesma metodologia utilizada para estudar uma molécula, uma planta ou um peixe. A ciência tradicional estuda a natureza (e os humanos são parte dela) tentanto identificar suas leis, que uma vez descobridas ajudam a prever e entender como o todo funciona e portanto quais são suas anormalidades. 

          Freud (1856-1939), o fundador da psicanálise, não era um psicólogo. Era um neurologista e o novo campo do conhecimento que ele descobriu supunha um elemento desconhecido à psicologia e a todas as outras ciências convencionais: o inconsciente. Ele chamou esse conhecimento de psicanálise porque está baseado na análise da psique. Esta abordagem mantém a tradicional distância entre o observador (o analista) e o objeto de seus estudos (o paciente), portanto o analista fala pouco, escreve muito, e analiza o paciente, como fossem os dois de espécie diferentes. Por outro lado, este método na verdade sacode as fundações do método científico convencional.
          A referência principal da psicanálise é o inconsciente, o qual, por definição, está presente em toda pessoa, analista e paciente incluso, e influencia as atividades concientes e as percepções da realidade, distorcendo a visão e manipulando a compreensão racional. Freud de fato estava caminhando sobre um terreno instável que iria necessariamente levar a uma mudança na epistemologia psicanalítica. Epistemologia é o ramo da filosofia preocupada com a natureza do conhecimento, cujas perguntas são: o que podemos conhecer? Quais são os limites do conhecimento humano? Assim, se a psicanálise supõe o inconsciente como seu objeto principal de estudos e o inconsciente é o desconhecido (tudo o que não é consciente) que interfere com a forma como conhecemos o mundo, chegamos num aparente círculo vicioso. Como, então, podemos afirmar qualquer coisa com objetividade?
          Freud contava com sua auto-análise para ajudá-lo a compreender seus pacientes. Isto o coloca numa posicão completamente diferente daquela de um psicólogo que vê a si mesmo como um pesquisador externo, para o qual o estudo de uma medusa ou de uma pessoa está idealmente baseado nas mesmas premissas. Ao invés disso, Freud seguiu por outro caminho: através de sua experiência interior e do conhecimento assim obtido desenvolveu os instrumentos para melhor ajudar seus pacientes. Apesar de Freud oficialmente permanencer nos limites da epistemologia positivista, sua prática trai o fato que ele está na verdade quebrando este paradigma, modificando o método científico.
          Quem se tornou consciente dessa revolução e de suas consequências foi Jung (1875-1961), o qual alcançou horizontes que Freud não poderia jamais imaginar. O histórico de Jung due-lhe a liberdade para investigar o campo desconhecido que a psicanálise freudiana havia aberto. O método científico positivista (oriundo das ciências biológicas) foi substituído por aquele dialético (oriundo da filosofia) que melhor combina com a psique. A metodologia de Jung aprofunda o dialogo que já Freud utilizava, usando-o mais intendamente, e investe na auto-consciência do analista e na relação mais do que na “analise” de for a para dentro do paciente.
          Para Jung, não somente os sonhos são, como disse Freud, o caminho principal para chegar ao misterioso elemento em nós, o inconsciente, como a inteira vida psíquica, uma vez que se tenha olhos para realmente enxergar, revela elementos e orientações, e o inconsciente é mais do que um perturbador das atividades conscientes. Analista e paciente estão ambos engajados numa jornada de descoberta e de  crescimento. Durante os muitos anos de experimentação e aprendizado a partir de sua vida interior Jung foi desenvolvendo sua psicologia analítica, que apesar de representar um passo a frente em relação à psicanálise freudiana, pertence ao mesmo campo que Freud primeiro traçou. Ambos não devem nada à corrente contemporânea de “psicologia científica”.
          Se a psicologia estuda um ser humano como poderia estar estudando qualquer outro mamífero e a psicanálise está baseada no dialogo entre duas pessoas, então o primeiro psicanalista na história ocidental foi Sócrates (469 BC-399 BC), pois seu método preanunciava a semente da qual a psicanálise iria nascer: o dialogo. Sócrates acreditava que todos possuiam mais conhecimento do que podiam imaginar. Através do dialogo, ele era capaz de fazer uma pessoa pensar e chegar à suas próprias conclusões, desenvolvemento uma surpreendente compreensão da vida e de si mesma.
          Resumindo, a psicanálise é precisamente o dialogo com o inconsciente. O psicanalista interage com seu inconsciente e o do paciente, ajudando este último a fazer o mesmo. Este é o objetivo da análise, enquanto a “terapia” tem o objetivo de “curar” como a palavra diz. Em Jung esta idéia é levada adiante e está visível na setting analítico que inclui graficamente duas cadeiras de frente uma para a outra. O divã freudiano implica que o analise investiga o inconsciente do paciente deixando o próprio de lado. No setting junguiano o dialogo acontece em, pelo menos, quatro níveis: duas pessoas conversam, dois inconscientes interagem (através de sentimentos, sonhos e linguagem não verbal), duas pessoas se tornam concientes da interação inconsciente e de seus significados; uma pessoa ajuda a outra a se familiarizar com isso e começar sua jornada desdobrando sua própria unicidade.
          É por isso que, em psicanálise normalidade é um conceito questionável, pois ele se refere ao mediano, à média estatística que ninguém gosta de ser. A normalidade que se busca em psicanálise é a incomparável singularidade da individualidade humana. Não só, a psicanálise, em sua versão junguiana e pós-junguiana, se parece com a Física Quântica e sua revolucionária abordagem à matéria. O observador e o observado interferem um com o outro sendo a objetividade no sentido tradicional impossível. Não é por acaso que a psicanálise nasceu na virada do século vinte junto à física moderna. Ambas pertencem ao novo paradigma epistemológico acerca da compreensão da vida e de seu significado.

Transferência e Contratransferência

Transferência e Contratransferência




transferência e a contratransferência são uma forma de projeção típica da relação terapêutica entre paciente e terapeuta e pode-se caracterizar de forma positiva, com sentimentos de afeto e admiração, ou negativa, com sentimentos de agressividade e resistência, dependendo dos laços inconscientes e emocionais que emergem nesta relação.
Denominamos “Transferência“, as projeções relacionadas a reações emocionais do paciente, dirigidas ao analista. A “contratransferência” envolve sensações, sentimentos e percepções que brotam no terapeuta, emergentes do relacionamento terapêutico com o paciente: como respostas às manifestações do paciente e o efeito que tem sobre o analista. É um sinal de grande significação e valor para orientar o terapeuta no trabalho analítico.

Cenário que exemplifica a “relação transferêncial”:

Cenário que exemplifica aspectos do
Neste cenário vemos o Obstetra com aparturiente e a sua volta acontece um amplo e abrangente ritual de cura: os instintos simbolizados pelo veterinário, as emoções simbolizadas no Cardiologista, a alma humana cuidada pelo Psicólogo, o corpo físico peloClínico Geral e o Oftalmologista que nos ajuda a “enxergar melhor”. Esses profissionais são observados pelo casal de macacos abraçados.
Este cenário reflete a busca do paciente por uma integração saudável e plena, revelando saúde de espírito e mente bem estruturada. O casal de macacos amorosamente abraçados simboliza a relação transferêncial positiva e o vínculo sólido. O obstetra personifica o terapeuta que por meio da continência segura e protegida, assiste o renascimento de seu paciente para uma nova fase de vida.