segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Resenha: O Mal Estar na Cultura.


                                                       
Autor: Sigmund Freud
Editora: L&PM Pocket
Páginas: 192

Freud inicia sua narrativa (tão bem construída, diga-se de passagem) com o questionamento do porquê que os seres humanos veem tanta importância em ser ter uma religião e nas práticas religiosas. É preciso destacar aqui que o livro não é uma crítica ao Cristianismo ou a essa ou aquela religião (como é no caso de "O Anticristo" de Nietzsche), mas sim um ensaio sobre a psique humana e o que leva cada indivíduo a ter esses tipos de pensamentos religiosos.

O livro não gira em torno somente de questões religiosas, e sim é um estudo propriamente dito dos processos culturais que têm influência sobre os seres humanos e que nos moldam de acordo com a sociedade e o meio em que estamos inseridos. Freud argumenta que a cultura em si é prejudicial a nós, uma vez que os homens pré-históricos (por não possuírem uma cultura no sentido estrito da palavra), poderiam ser considerados mais felizes, pois não tinham de se preocupar em seguir o senso comum, imposto por processos culturais que culminam na construção de característica próprias dessa ou daquela cultura.

Quem não está acostumado a ler Freud ou nunca leu nenhum livro dele, sentirá alguma dificuldades quanto a expressões e termos psicanalíticos usados pelo autor ao decorrer do livro. Por isso, esse é um livro que necessita de um conhecimento prévio do leitor acerca dos termos básicos da psicanálise proposta por Freud. Não posso dizer que o livro é de fácil compreensão, porque não é. É aquele tipo de livro que mexe com seu âmago e te faz questionar, filosofar e pensar muito.

Entretanto, a narrativa de Freud, quando levada a sério e com concentração, flui facilmente de certa maneira. Em alguns trechos, podemos ter a impressão de que estamos lendo algum livro de literatura, tamanha a facilidade com que o autor consegue comunicar-se com o leitor. Porém, há partes que necessitam de várias releituras para serem de fato compreendidas. 

No final das contas, para Freud, a religião seria como se fosse um "mecanismo" para deturpar a realidade e que os seres humanos usam como algo que é capaz de esconder a sofrível realidade, meio que cegando-nos.

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