sábado, 2 de março de 2013

"Conhece-te a ti mesmo" O conhecimento de si

Livros
"Conhece-te a ti mesmo"
O conhecimento de si

Crítica de Gustavo Dainezi, consultor do Espaço Ética. www.espacoetica.com.br


O conhecimento de si
Por: Franklin Leopoldo e Silva
Editora: Casa da Palavra. 152 págs.

O livro recomendado nesta edição foi escrito por uma lenda viva da Filosofia brasileira. Isto bastaria para que a leitura fosse mais do que proveitosa. Mas para além da grande qualidade do seu escritor, a obra trata de um dos mais fascinantes temas da Filosofia.
Franklin Leopoldo e Silva, professor da USP, é uma biblioteca ambulante. Quem conversa com ele, ou assiste às suas aulas, é levado imediatamente à questão:”O que este senhor não conhece?”
Neste livro, o mestre expõe reflexões sobre o que, segundo a História da Filosofia, menos conhecemos: a nós mesmos. Somos objetos que parecem tão próximos, mas que estão paradoxalmente distantes de nossa apreensão, pois quando sujeito e objeto se confundem, confundem-se também o método e a observação. Como observar o observador? Será necessária uma cisão do ser em dois? Ou uma externalização da parte que observa?
Inquietações justificadas e complicadas. Mas que não deixam de ser abordadas na história desta reflexão. E explicadas neste livro em muitas de suas nuanças e transformações históricas.
A questão começa com Sócrates. Este homem que transportou para a Filosofia, diretamente do templo de Apolo, em Delphos, a máxima “conhece-te a ti mesmo”. E fazer que seus concidadãos agissem desta maneira tornou-se sua missão. Tratava da ignorância alheia, levando seus interlocutores a se voltarem a si mesmos. A sua filosofia foi, acima de tudo, um modo de vida – que o levou à morte, mas que não lhe causou nenhum arrependimento.
Seguindo Sócrates, Agostinho. Outro gigante da questão do conhecimento de si, que agora aparece sob uma óptica completamente diversa da socrática. Porque a filosofia agostiniana se refere a um novo modo de vida, muito distante daquele democrático do ateniense Sócrates. E é sob o ponto de vista da doutrina cristã que Agostinho desenvolve todo o seu modo de vida filosófico. O professor Franklin nota, aqui, o começo de uma virada na questão do olhar para si: de uma experiência refletida para uma reflexão sobre a própria experiência.
Descartes aparecerá, em seguida, como um marco nesta questão. Questão que, para ele mesmo, é difícil resolver. Depois de teorizar e justificar a radical separação entre corpo e alma, que não se comunicam, é forçado a reconhecer que a existência de um corpo que é também parte do nosso ser, que é também parte do sujeito, confunde e turva a clareza de uma alma pensante, livre das perturbações das paixões. Como diz o professor, no final deste capítulo, “Curiosamente, no filósofo da clareza e da distinção, o conhecimento de si comporta obscuridade”.
A filosofia kantiana dá ao conhecimento de si um olhar mais prático. Se o conhecimento objetivo de nós mesmos não está em nosso alcance, somos senhores de nossa prática. O que a obra propõe em seguida, com Sartre, é que justamente essas práticas serão nossas melhores pistas no sentido do conhecimento de nós mesmos.
Um livro fascinante, que merece uma leitura atenta, por ser uma fonte de sabedoria imensa, com valor prático enorme.



Odisseia revisitada
Odisseia – Por: Homero – Editora: 34. 813 págs.

Um verdadeiro clássico da Literatura, esta obra de Homero foi composta em meados do século VIII a.C. Trata-se de um livro que busca relatar o complexo e emocionante percurso de Odisseu ao tentar regressar a Ítaca e para Penélope, sua esposa, após o fim da guerra. Odisseu foi um dos principais heróis da história da Grécia antiga, que ficou genuinamente conhecido por este relato. Nesta tradução, a preservação dos elementos fiéis da obra é objetivo principal do tradutor, assim como a recriação poética dos ritmos e sonoridades do original.






Seguindo seus passos
44 cartas do mundo líquido moderno Por: Zygmunt Bauman – Editora: Zahar – 226 págs.

Temas ligados ao contrassenso da vida contemporânea compõem o conjunto de cartas publicadas na revista italiana La Repubblica delle Donne, entre 2008 e 2009, por Zygmunt Bauman. O constante movimento e dissolução que o mundo e a sociedade sofrem a cada dia que passa fazem parte dos flashes abordados pelo autor nesta obra. Como filtrar as notícias que realmente importam dentre todas estas conversas descartáveis? Como captar as mensagens significativas entre o alarido sem nexo? Nestas cartas, o sociólogo busca separar o relevante do sem conteúdo e mostra o caminho para aplicarmos suas ideias.



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