Um grande dilema que certas mulheres vivem é a de perceber seus parceiros completamente encostados na vida e se sentirem culpadas por desejar o rompimento de uma história morna e sem energia.
Será que é?
Será que é?
Quando ela imagina o término consegue quase prever as vozes de parentes (dos dois lados) condenando a decisão por considerá-la precipitada.
“Ele é tão bom para você!”
“Não se encontra homens tranqüilos assim em qualquer lugar”
“Casamento é assim mesmo tem que agüentar”
“Você é que tem que ajudá-lo a se encaminhar”
Percebem a aura de vilão que se cria sobre a mulher que deseja se separar de um namorado/marido passivo?
Ele não é um cara sacana, não trai, não cria confusão, mas também não faz nada demais, não faz diferença no mundo, nem errar ele erra. Chega a ser um cara sem personalidade, que não dá opinião em nada e nunca se posiciona em questões relevantes. Sua cara é de desconsolo e a frase favorita é: “você que quem decide”.
Na condução da casa, na educação dos filhos, nos impasses do relacionamento ele é uma presença-ausente. Só faz número.
No quesito profissional só reclama, fala mal do chefe, se queixa do salário mas nunca se mexe para além do mundinho dele.
Só se coça sob ameaça ou constrangimento moral e falta de sexo. É cansativo para a mulher que quer um parceiro de vida e não um pagador de contas (se é que paga).
Parece sempre cansado, desestimulado e empacado na vida. Nenhum programa é interessante a não ser visitas familiares em horários previsíveis. Qualquer acontecimento inusitado recebe um olhar cansado de criança que não quer entrar na loja de roupa.
Ela não vê nada de admirável naquele cara que é a sombra de um homem e ainda tem que transar e fingir que gosta. Até o ponto que nem isso rola. Pior de tudo, ele nem percebe que o problema é esse.
O mais torturante é que ele é um cara conformado e nao questiona nada. No fundo acha que está tudo bem e se questionado vai alegar satisfação. Assim é fácil.
Na hora que ela resolve romper ele toma um susto e ainda ouve condenações dos defensores do “maridão”. As amigas tentam assustar dizendo que os homens no mercado são uns trastes e que ela deveria se conter e se agarrar nos filhos.
Ela se sente a pessoa sem coração que olhará um homem desconsolado com o divorcio como um filho abandonado pela mãe.
Nessa hora vai tentar ser o homem que nunca foi. Flores encantarão o jardim e serão acompanhadas de entrevistas de emprego e declarações românticas.
A mulher ainda olha para isso com uma esperança vazia acompanhada de dó por ver um homem se debatendo na própria falência pessoal.
Quando percebe o rompimento definitivo chora como criança e nem sabe como recomeçar.
Esse cara de bom coração na verdade se revela bom por covardia e não por escolha moral. Ele não faz mal porque não faz nada, é passivo.
Quem vê de fora vai apontar o dedo para essa mulher dizer que ela é uma ingrata e assanhada. No fundo ninguém notou que ela entrou numa barca furada desde o inicio alimentada pela visão romântica de que um dia ele ia melhorar. Não melhorou e nem piorou ficou igual.
Essa constância torturante é que mata e matou um relacionamento que poderia ter sido e não foi…
Adoramos encontrar vilões e mocinhos. Só a mulher de fibra vai encarar ser mal vista por essa platéia tão deprimente quanto o marido e buscar sua felicidade.
Se vai encontrar um cara melhor ou pior? Que importa, aquele peso morto no meio da sala definitivamente não é a companhia que quer ter ao seu lado por toda a vida.
Ps: esse texto poderia ser dito sobre os homens em relação as mulheres.
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